Festas
juninas, circo patético
Professor
Nazareno*
A política do
pão e circo do Brasil sempre funcionou muitíssimo bem para a alegria dos
governantes. Quando o ex-presidente Lula e o PT inventaram de trazer as
Olimpíadas para o Rio de Janeiro sabiam que uma multidão de otários e incautos espalhada
pelo país ficaria extasiada com as tolices inventadas sob medida para
entorpecer os mais idiotas e portadores do senso comum. A adoração quase divina
que fizeram da tocha, por exemplo, foi algo inimaginável. Muitos trouxas
chegaram a falar que aquilo era um patrimônio cultural do povo brasileiro. Terminada
a euforia inicial da passagem do “monstrengo amaldiçoado”, eis que os
cidadãos são agraciados em várias partes do país com as festas juninas e as suas
manifestações estúpidas. Campina Grande e Caruaru no seco, atrasado e pobre
Nordeste são o carro-chefe para a feliz matutada.
Para não ficar de fora do absurdo
circo alienante, Rondônia também tem as suas festas juninas. Aqui, por não ter
cultura própria e nem um único resquício de criatividade, tudo é copiado (e
mal) de outras regiões do país. Mesmo com uma crise econômica terrível que
insiste em não terminar, a brincadeira de imitar capiaus leva muitos ao delírio
e a exploração corre solta. O horror em Porto Velho começa em junho mesmo com
um tal “Flor do Cacto” na zona sul da cidade. Sem uma única árvore de
cacto nas redondezas, o exótico arraial deslumbra a todos. O outro espetáculo
de estupidez é o conhecido “Flor do Maracujá”, que nunca teve data nem
local definido para acontecer. Este ano de 2016 será no final de julho e começo
de agosto. Na “capital das sentinelas avançadas” os roceiros se divertem
em festas “julinas” e “agostinas”.
Em qualquer data ou local, ir a um
destes espetáculos de Porto Velho é uma das coisas mais sinistras e bizarras
que podem acontecer a um cidadão civilizado. A falta de higiene e os preços
altíssimos desencorajam qualquer um. Isso sem falar na violência característica
destas aglomerações humanas do Brasil. A variedade de gororoba servida a preços
europeus é um acinte para um país que parece viver eternamente em crise. Fosse
uma Oktoberfest, ainda dava para se aceitar alguns desmandos... Que lembranças boas
se leva de um arraial realizado geralmente no meio da poeira asfixiante onde
quase sempre se fica exposto a todo tipo de violência e as comidas ruins e “crocantes”
são vendidas a peso de ouro? Pior: Porto Velho não é Parintins e muito menos
Campina Grande, logo não oferece um bom espetáculo para quem se aventura a este
“turismo”.
Outra incoerência destes “ajuntamentos
de gente” são os trajes. Todos dizem estar se vestindo de matutos e
caipiras quando na verdade estão apenas copiando a realidade de uma cidade sem
moda onde ninguém se veste bem. Somos todos matutos no dia-a-dia e fingimos não
perceber a nossa breguice explícita. Brinca-se também de bois-bumbás e
quadrilhas nas quentes e empoeiradas noites. Tem a quadrilha da Câmara de
Vereadores, a quadrilha da Assembleia Legislativa e várias outras quadrilhas.
Muitas repartições públicas também têm a sua quadrilha. Engraçado é que todas elas
dizem só imitar a ficção. Até nas escolas existem os famosos arraiais. A
desgraça é tão importante por aqui que é ensinada desde cedo aos futuros
cidadãos. Cada escola, claro, chega a ter orgulhosamente várias quadrilhas
também. Asma, rinite alérgica e dor de estômago são as consequências de um “folclore”
que sequer devia existir. Mas o povo vive sem circo?
*É Professor em
Porto Velho.
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