Enganei-me:
não foi golpe
Professor
Nazareno*
Não, nunca, jamais,
em momento algum da minha vida acreditei que o processo de afastamento da
presidente Dilma Rousseff e do PT foi um golpe. Tratou-se aquilo, claro, de um
impeachment. Tudo dentro da lei, tudo seguindo os trâmites legais, tudo dentro
dos conformes, tudo prezando pela legalidade e pela legitimidade. Tudo dentro
da Constituição e dos mais modernos códigos de ética e de moral. O povo, sempre
o povo, na sua incontida alegria aplaudindo euforicamente cada fase. Primeiro
foi aquela “festa cívica e patriótica” de 17 de abril na Câmara dos
Deputados quando se deu início ao rito de afastamento de uma governante eleita nas
urnas com mais de 54 milhões de votos. Ali os 347 sábios, politizados e amados Deputados
Federais determinaram com uma votação livre, espontânea e consciente o fim do
governo Dilma. A lei triunfou.
Como alguém de bom senso ousa
afirmar que foi golpe? Alguém, por acaso, viu tanques nas ruas? Alguém viu
quaisquer declarações vindas de dentro dos quartéis? Houve mobilização de
tropas? A Rede Globo cansou de anunciar em seus jornais que tudo transcorreu
dentro da lei e da ordem. A Folha de São Paulo e a revista Veja também disseram
fartamente aos seus leitores que não foi golpe. Aqui em Porto Velho, por exemplo,
não houve um só site de notícias ou emissora de rádio e TV que não tenha dito o
mesmo. Então não foi golpe, ora. Até o articulista Valdemir Caldas e o jornalista
Sérgio Pires também afirmaram convictamente em seus muitos e inteligentes
textos que não foi uma tomada de poder. “Foi tudo dentro dos trâmites legais
e constitucionais”. Como não acreditar cegamente em suas opiniões coerentes,
imparciais e consistentes?
Uma prova mais do que cabal de que a
retirada da presidente Dilma do cargo foi um processo lícito e normal de
impeachment é que a direita brasileira, os conservadores e reacionários jamais
fariam algo “por debaixo dos panos”. A elite do Brasil, mesmo um pouco inconformada
com as políticas sociais e econômicas do governo petista, jamais faria algo
para “virar a mesa” como foi injustamente acusada nas redes sociais. Os
risonhos jovens e até marmanjos, que se vestiram com as cores da seleção
nacional de futebol e foram às ruas apoiar a derrubada da presidente eleita,
não vão ficar com o mico de ter participado e dado apoio, junto com muitos
políticos ladrões e desonestos, a um golpe arquitetado só para anistiar
corruptos, canalhas e bandidos. Fiquem tranquilos e continuem postando nas
redes sociais. Romero Jucá é uma pessoa de bom coração.
O senador de Roraima é do bem.
Michel Temer é do bem. Renan Calheiros é do bem. Aécio Neves também está do
lado certo. Eduardo Cunha, outro abençoado. Os deputados da bancada BBB (Boi,
Bala e Bíblia) também são pessoas idôneas. Os parlamentares que derrubaram “constitucionalmente”
a presidente Dilma só queriam colocar o nosso país nos trilhos do progresso e
do desenvolvimento. Só um cego que não percebe isso. Esse negócio de que eles
queriam dar um golpe para encerrar a Operação Lava Jato com o objetivo escuso
de livrar suas próprias cabeças é “conversa para boi dormir”. Claro que
ninguém acreditaria nesta lorota infame. O governo democrático e legítimo de
Michel Temer está de “vento em popa” e brevemente retomará a ordem, o otimismo
e a bonança para todos os brasileiros, principalmente os mais pobres e
humildes. Como golpe se até o representante dos EUA na OEA já negou?
*É Professor em
Porto Velho.
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