Brasil:
“direita, volver!”
Professor Nazareno*
O Brasil tem exatos 516 anos de
História. Neste período, foi governado pela direita reacionária e pelos
conservadores durante 502 anos. Levando-se em conta o longo período colonial, o
Brasil Império, passando pela República Velha, a Era Vargas, a redemocratização
do pós-guerra, a Ditadura Militar e a Nova República, sempre quem ditou as
regras do jogo foram os ricos e poderosos. Somente a partir de 2003, os setores
mais progressistas, com a permissão dos “eternos donos do poder”
conseguiram chegar ao Planalto. Entre a primeira eleição de um ex-metalúrgico e
a destituição de Dilma Rousseff pelo atual “golpe parlamentar” urdido
nas entranhas do Congresso Nacional foram ironicamente apenas 13 anos que a
esquerda flertou com o poder, ainda assim de maneira compartilhada. Juntou-se
aos reacionários para governar só com coligações.
A primeira presidente do país, reeleita
com mais de 54 milhões de votos em 2014, sai definitivamente de cena junto com
o seu corrupto partido. Foram quatro derrotas consecutivas dos direitistas e
talvez o prenúncio de que, nas urnas e no voto, tão cedo os “coxinhas”
chegariam ao poder absoluto no país. Com o sinal de alerta ligado, a elite
nacional percebeu que a única maneira de derrotar o pensamento mais liberal que
dominava o país seria, como em 1964, através da tomada pura e simples do trono.
Como não havia clima para se colocar tanques e tropas nas ruas e levando-se em conta
a conjuntura política internacional, que jamais permitiria uma virada de mesa
radical, o “jeitinho” veio da forma
mais natural possível: usando-se parlamentares, canetas, acordos, oportunismos,
conchavos e traições. E a ideia foi de tudo dentro da lei.
Mas não se pode tapar o
sol com a peneira: os petistas e seus asseclas roubaram como ninguém. Do
Mensalão ao Petrolão, passando pelos viadutos de Porto Velho, “nunca na
História deste país” se roubou tanto e com tanta tecnologia para dilapidar
os cofres públicos como nos governos petistas. Qualquer cidadão brasileiro
honesto e de bom senso, não teria apostado um único vintém furado no governo
que saiu. Muito menos teria coragem de defender o PT ou qualquer um de seus
integrantes. Porém, o novo governo, a famosa “ponte para o futuro” pode
ser mais um engodo, uma farsa, outra lenga-lenga se levarmos em conta a lisura,
a competência, a fidelidade e a honestidade de muitos de seus futuros
integrantes. Com políticos como os do Brasil, governo nenhum será a “panaceia
milagreira que fará jorrar mel e leite das ruas”.
Com uma mídia abjeta, nojenta,
asquerosa, direitista, reacionária, interesseira e “lambe botas” como a
brasileira, com uma elite escroque, com cidadãos despolitizados e gananciosos, com
eleitores apáticos e estúpidos em sua maioria, não há muita coisa a se esperar
desses futuros governantes. Se o interesse de todos eles fosse mesmo o Brasil e
os brasileiros, teria havido reuniões exaustivas e acordos históricos para
tentar resolver os nossos problemas, independente de cores partidárias e
ideológicas. Novas eleições não adiantariam quase nada, pois elegeríamos os
mesmos que aí estão nos representando e voltaríamos todos à estaca zero. A
saída para o Brasil não é a direita, a esquerda ou o meio. É passar pela
educação de qualidade, que nunca tivemos, pelo fim das injustiças sociais, pela
distribuição de renda mais equânime, pelo trabalho para todos e pelo fim dos privilégios
de uma minoria. Sem isso, só nos resta ter dó deste país.
*É Professor em
Porto Velho.
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