E
se o mundo fosse Rondônia?
Professor
Nazareno*
Certamente seria uma desgraça só. Tudo o
que conhecemos estaria virado de ponta-cabeça e se precisaria reinventar ou
adaptar muitas coisas. A torre Eiffel de Paris, por exemplo, ainda hoje estaria
inacabada aguardando verbas para ser concluída. O Ministério Público francês e
as autoridades locais já tinham, há muito tempo, desistido de vê-la de pé
encantando turistas. A famosa ponte Golden Gate da Califórnia nos Estados
Unidos seria escura como breu e em vez de se situar na baía de São Francisco
estaria fincada no meio de algum deserto ou lugar ermo ligando literalmente o
nada a coisa alguma. As principais cidades do mundo seriam sujas e imundas, sem
água tratada ou saneamento básico. No verão quente, a poeira sufocante era a
paisagem normal. No inverno, também quente, lama e sujeira seriam companheiras
inseparáveis das pessoas.
A EFMM e a sua praça serviriam como os
Jardins de Versalhes (ou Versalle?). Em vez de flores e paisagismo de encantar,
haveria só merda, garrafa pet, vendedores de picolé, banana frita e muita sujeira.
Grandes universidades como Stanford, Harvard, Cambridge, Oxford ou Yale
simplesmente nem existiriam. Em vez disso teríamos Unir, Faro, Uninorte, Uniron,
FIMCA e São Lucas. Nos esportes não teríamos o futebol-arte e encantador de
grandes seleções como Alemanha, Holanda e Argentina. Teríamos o Genus, o VEC e
o Ariquemes. A maior arena de futebol não seriam os grandes e aconchegantes
estádios como o Alianz Arena de Munique, o Estádio Azteca do México, o Camp Nou
de Barcelona ou o lendário Wembley de Londres, seria o Estádio Aluízio Ferreira
com o muro caindo, sem iluminação e capacidade para só duas mil pessoas.
Políticos de renome mundial como Harry
Kissinger, Helmut Kohl, Eisenhower, Franklin Roosevelt, Margareth Thatcher e
Charles de Gaulle sequer teriam existido. Em vez disso teríamos Mauro Nazif, Padre
Ton, Lindomar Garçon, Hermínio Coelho, Dalton di Franco e Confúcio Moura. Já
pensou a terra, com toda a sua complexidade e jogos de interesse, sendo
administrada por um blog? A Assembleia Legislativa do Estado seria uma espécie
de Conselho de Segurança da ONU e controlaria todas as decisões internacionais.
E como Rondônia seria o mundo, a Câmara de Vereadores de Porto Velho auxiliaria
a ALE na condução dos destinos da humanidade. Corrupção não existiria neste
mundo mais do que fictício. Justiça com as próprias mãos seria lei e a Bíblia,
uma espécie de Declaração dos Direitos Humanos. A OTAN seria a 17ª Brigada.
Na cultura não teríamos grandes poetas
ou jornalistas. Os melhores seriam o Carlos Moreira e o Professor Nazareno, os
dois vindos, claro, de outro mundo. A música ainda estava indefinida entre o
Rock e o Boi-bumbá. Grandes teatros como o La Scala de Milão, Palais Garnier de
Paris, Metropolitan de Nova Iorque ou o Royal Opera House de Londres até que
existiriam, mas ainda estavam esperando o alvará para funcionar. A mídia
mundial, pasmem, seria representada pelo rondoniaovivo, tudorondonia, rondoniagora,
rondoniadinamica, rádio Parecis e a TV Rondônia, com sua programação insossa e atrasada.
Nada de BBC, Washington Post, CNN ou Deutsche Welle. Ainda bem que o mundo não
é Rondônia nem vice-versa. Assim, grande parte da população estaria pesquisando
a existência de outro planeta habitável para fazer as malas e se mudar sem a
possibilidade de fazer o caminho de volta. Saudade não haveria.
*É Professor em
Porto Velho.
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