Outro
dia de estupidez coletiva
Professor
Nazareno*
Ontem, segundo domingo de agosto, foi o
dia dedicado aos pais. E não é grande coisa: a estupidez humana parece não ter
fim. Cria-se ao bel prazer e para alegria apenas do comércio e dos comerciantes
outro dia sem nenhum sentido. Indiferentes à crise econômica que se abate sobre
todos os brasileiros, os criadores de mais esta tolice insinuam que os pais são
importantes na vida de qualquer pessoa e por isso merecem um dia todo especial
dedicado a eles. Hipocritamente enchem-lhe de presentes como se o orgasmo que
ele sentiu para nos gerar não tivesse já sido suficiente para o seu
contentamento e satisfação. Mas o ser humano comum não deixará jamais de buscar
a estupidez para se sentir bem consigo mesmo. Se fosse só mais um dia sem necessidade
no ano, a cota seria compreendida. Dia das mães, dos professores, dia disso,
dia daquilo.
Além do mais, não se deve homenagear e
nem puxar o saco de um ser humano que está em franca decadência. O bicho-homem
está aos poucos perdendo a admiração e os privilégios, pelo menos na nossa
decadente sociedade ocidental. Descobriu-se recentemente que Deus, por exemplo,
é uma mulher. O Todo Poderoso, de quem se tinha a certeza absoluta de ser do
sexo masculino, é na verdade uma linda, provocante e esbelta mulher de corpo
arredondado com sua divina e insubstituível caixa de pandora que encanta a
todos. No campo da política, é cada vez maior a participação da mulher. De
Dilma Rousseff passando por Cristina Kirchner, Hillary Clinton, Michele Bachellet
e Angela Merkel o que se observa é cada vez mais “as saias” dominando um
mundo antes restrito ao público masculino. “O homem é uma mulher que não deu
certo”.
Até a legislação conspira contra os
homens e por consequência insulta os pais, esposos e namorados. A Lei Maria da
Penha privilegia sempre e somente a mulher, mesmo que seja ela a culpada pelo
fracasso do relacionamento. Nas escolas, na mídia, nas grandes lojas de
departamentos e até nas redes sociais não se vê outra coisa nesse dia insosso e
anormal: é tanta homenagem, babaquices, tolices, salamaleques e flores que dá
até náuseas. Pagar muitas vezes para ganhar uma ultrapassada cueca
samba-canção, uma caneta, uma chinela de dedos ou outro presente mais ridículo
ainda é uma forma de demonstrar o repúdio da sociedade e também das mulheres e
filhos por este ser patético e desprezível. Esse dia horroroso nem devia
existir, pois é um acinte à lógica e ao bom senso. Mas sem ele como a sociedade
demonstraria toda sua hipocrisia?
“Pai, eu te amo de coração”, ou
então a açucarada e ultrapassada “sem você, como eu teria vindo ao mundo”?
São frases absurdas e sem sentido que contrariam qualquer situação de
normalidade e o pior, quase nunca são verdadeiras. Dá até nojo ouvir estas
bobagens hipócritas e muitas vezes mentirosas. Pai de verdade tem que ensinar
valores aos seus filhos acompanhando-os nos estudos e na formação acadêmica,
além de incentivá-los à boa leitura e também indo à sua escola, não para
receber presentes cretinos e homenagens falsas, mas principalmente para saber
como seu herdeiro está sendo formado para encarar o mundo futuro. Dia dos pais
não existe. É tudo mentira. Meu pai, velho teimoso: está vivo, tem 93 anos e é
analfabeto. Não segui seu exemplo. E muitos filhos não seguem o exemplo de seus
pais. Mas não assumem a verdade. Preferem a mentira e a hipocrisia. E os presenteiam
com cuecas ultrapassadas.
*É Professor em
Porto Velho.
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