Destino:
Curitiba das flores
Professor
Nazareno
Ultimamente tenho adoecido muito. Toda
vez que a pressão arterial aumenta me bate uma diarreia sem fim. Além disso,
suores frios, taquicardia e visão embaçada têm me incomodado bastante. Procurei
vários médicos em Rondônia, mas eles nunca me atendem. Estão muito ocupados em
suas fazendas cuidando dos seus cavalos e bois. Um único médico, formado por
aqui mesmo, credenciado pelo meu plano de saúde, sem fazenda por enquanto, resolveu
me atender e disse que o meu problema é uma virose que está apresentando
complicações. Impaciente e com medo de que o pior acontecesse, viajei a
Curitiba no Paraná, onde tenho alguns parentes, com o objetivo de buscar
socorro médico. “Aqui faz muito frio, por isso traga roupas pesadas”,
foi logo avisando uma prima distante, em cuja casa fiquei hospedado durante
minha temporada por lá.
Fui consultado por dois médicos em uma
UPA na periferia da cidade e o diagnóstico foi preciso: lombriga mesmo.
Medicado, fiquei bom em poucos dias. Tomei muito mastruz com óleo de rícino
para expulsar os vermes que me corroíam por dentro. Fora isso, não gostei muito
da capital dos paranaenses, não. Lá quase não se encontra farinha de mandioca.
Uma cidade que não tem fartura dessa preciosidade não pode ser um bom lugar
mesmo. Além do mais, nem se pode comparar Curitiba com Porto Velho. Ganhamos de
goleada dos metidos paranaenses. Eles não têm uma ponte como nós. Nem rio de
verdade eles têm. Acho que é por isso que muitos curitibanos sofrem de
depressão. O pôr do sol no rio Madeira será eternizado como o mais bonito do
Brasil e isso ninguém tem lá pelas bandas do sul do país. A natureza deu foi
muito frio para eles.
Lá, existe uma
praça enorme de nome Jardim Botânico que por sinal é um lugar muito feio. Não
vi uma única ruma de merda naquele logradouro cheio de flores. Compará-lo com a
nossa linda Praça Madeira Mamoré é um acinte. Existe no mundo praça mais bela e
limpa do que a EFMM? As locomotivas de Curitiba fazem turismo num caminho
perigosíssimo em cima da Serra do Mar. Já as velhas Maria Fumaça daqui estão
tranquilas descansando num monturo cheio de ferrugens e abandono no meio do
mato. O transporte público naquela cidade é um horror. Nunca entendi por que
eles não convidam Mauro Nazif ou outras autoridades de Porto Velho para dar
palestras por lá nessa área. Curitiba se parece um cemitério com tantas flores
nas praças e avenidas. E pior, não é como a nossa Porto Velho, que tem muitas
atrações turísticas para se ver.
Além de ter
recebido de presente de minha prima algumas roupas de inverno que eles não usam
mais, descobri que longe de Porto Velho eu não resisto por muito tempo. Acho
até que as minhas inseparáveis lombrigas morreram de tanto frio. E como viver
sem elas num lugar tão paradisíaco como a capital das “sentinelas avançadas”?
Curitiba é muito brega mesmo. Lá eles terminam quase todas as obras que começam
e a proporção de água encanada e esgoto por habitante é alta. Quanto atraso! Eles
se acham europeus. Ali é um lugar sem civilidade: o governador do Estado, por
exemplo, espanca professores em greve enquanto aqui docentes e Governo são
todos aliados. Fiquei espantado: quase todas as mulheres curitibanas são
lindas, simpáticas, falantes, sotaque europeu, arrumadas, bem vestidas e
supereducadas. Será que elas amariam homens com lombrigas? “Lá nessa tal de Roraima
o povo sabe o que é internet e Facebook, primo”?
*É Professor em Porto Velho.
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