Brasil
514 anos, do caos ao caos
Professor
Nazareno*
Há exatos 514
anos, com o advento das grandes navegações, acontecia uma das piores desgraças
da história da Humanidade: a descoberta do Brasil por navegadores portugueses.
Até hoje, mais de meio milênio depois, ainda não se sabe se foi de forma
intencional ou uma simples obra do acaso. O fato é que os descobridores
portugueses imediatamente se encarregaram de dar à colônia o seu destino cruel:
serviria como terra de exploração e também como lugar acolhedor da escória
portuguesa: para cá foram enviados ladrões, arruaceiros, prostitutas,
malandros, assassinos, estupradores e toda a espécie de delinquentes que
habitavam as terras lusitanas. Estava assim projetada a espinha dorsal da
futura gente que ao lado de escravos africanos e dos silvícolas nativos
formaria a população de um dos países mais problemáticos da atualidade.
E a nova terra assim continuou, “sem
eira e nem beira”, durante mais de três séculos servindo como colônia de um
dos países mais fracassados da Europa. Embora toda espécie de colonização seja
uma desgraça, principalmente para o colonizado, bem que podíamos ter sido
descobertos e colonizados por ingleses, franceses, holandeses ou mesmo
japoneses. Teríamos até nos livrado desta língua chinfrim e sem nenhuma
importância no mundo moderno: o Português. A partir da Independência em 1822
por um príncipe regente de Portugal, até os dias de hoje, nada se viu de futuro
no país. A própria libertação do julgo português se deu muito mais pela vinda
da Família Real para cá, fugindo covardemente de Napoleão, do que por bravura
de alguém aqui nascido.
Hoje, com mais de 200 milhões de
pessoas à espera de um herói salvador, a rotina do Brasil é a mesma de cinco
séculos atrás: o país do futuro. Passamos pela abolição dos escravos, fomos
vergonhosamente o último país das Américas a fazer isto, pela Proclamação da
República e vimos a implantação do Comunismo, do Nazismo, as duas Guerras
Mundiais, a Guerra Fria, a Guerra ao Terror, o neoliberalismo e nada mudou por
aqui: temos uma das piores desigualdades sociais do planeta embora sejamos um
dos maiores produtores de alimentos, commodities e riquezas do mundo. Mesmo já
tendo sido governado por ditadores, coronéis, fazendeiros, trabalhadores,
neoliberais e analfabetos, a miséria e a desigualdade social sempre deram o tom
à nação.
O Brasil de hoje é a síntese do
atraso e do subdesenvolvimento. Pátria apenas do futebol e do carnaval, seus
mais reconhecidos produtos de exportação são “perna de jogador e bumbum de
mulheres vadias”. Nunca ganhamos um prêmio Nobel, um Oscar ou qualquer outra
comenda internacional de grande relevância. Não temos a bomba atômica, nossas
autoridades são pífias e quase também não temos Forças Armadas. Nossa educação,
de apenas um único turno para os alunos, é uma das piores que há e praticamente
só forma analfabetos funcionais sem nenhuma visão de mundo. Nossa violência não
tem parelha, nem em países em guerra. Nosso trânsito é caótico, nossos
políticos são os mais ladrões e desonestos que se conhecem. Aqui só se pensa de
forma individual. Nossa corrupção é endêmica: quase toda a produção do país é
desviada por políticos canalhas que são amados pelo povão analfabeto. O lixo campeia
em nossas violentas ruas e avenidas. Pensando bem: os portugueses deviam
ter-nos deixado com os índios. Hoje, estaríamos numa situação bem melhor. E falando Tupi, ou outra língua.
*É Professor em
Porto Velho.
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