quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Rondônia é da extrema-direita

Rondônia é da extrema-direita

 

Professor Nazareno*

 

            Eu não cheguei a Rondônia. Eu passava por esta curva de rio e fiquei. Tentava, no final da Ditadura Militar, sair do país para buscar novos ares em outros países menos injustos. O ano foi o longínquo 1980, quando a convite do professor Mário Nishimura fui a Calama e por lá passei cinco anos de minha vida. E bons tempos aqueles! Casei na simpática vilazinha, construí família e ainda hoje por aqui estou. Tenho notado, no entanto, que “a nova estrela no azul da União” é um lugar de ideologia totalmente identificada com a extrema-direita, que tanto mal já fez ao país nas últimas décadas. Pobre, Rondônia odeia a esquerda e sempre esteve alinhada ao ideal mais conservador e reacionário. A prova disso? Basta perguntar a qualquer de seus habitantes sobre qual o “rondoniense” mais famoso e todos vão logo afirmando: “foi o coronel Jorge Teixeira”.

            Com nome de estádio, o Teixeirão foi apenas um preposto da Ditadura Militar em terras Karipunas e jamais teve um só voto dos rondonienses. O fracassado coronel, que saiu daqui sob as vaias do MDB de Jerônimo Santana, deve mesmo ter sido um bom governador porque aqui os “milicos golpistas” despejaram toneladas de dinheiro público para conseguir os votos de parlamentares no Congresso Nacional. Nada mais do que isso! Tudo aqui cheira à direita e à extrema-direita. Rondônia, apesar de já ter tido a sua capital governada pelo PT de Roberto Sobrinho, sempre foi um reduto conservador, coxinha e reacionário. Muitos dos comunistas daqui são evangélicos e alguns políticos da oposição, até de certa aceitação, são pastores. Não é à toa que Jair Bolsonaro, o outro “preposto da moralidade e defensor da família” é bem popular no Estado. É um herói.

            Muita gente tola daqui sabe, mas nega enfaticamente, que este Estado foi apenas uma criação da vil, cruel, violenta e assassina Ditadura Militar do Brasil, que já estava em final de carreira, mas para conseguir aumentar no então Congresso Nacional o número de parlamentares governistas, a fim de aprovar as pautas em favor do governo ditatorial “pariu assim do nada” esta Rondônia sem futuro e sem nenhuma perspectiva. Desde o início, este insólito lugar foi usado “pelo resto” do Brasil para somente suprir seus interesses, muitas vezes alheios ao próprio povo local, mas favoráveis ao restante do país. Tanto é que Rondônia continua sendo usada até hoje como uma espécie de “prostituta” do Brasil. Foi assim com a exploração do agronegócio, com as hidrelétricas e agora com a energia elétrica, via Energisa. Destruíram um bioma e pariram Rondonha.

Hoje, parte do que restou da horrorosa e tosca política local até que se diz anti-bolsonarista ou de esquerda, mas sem nenhuma ideologia, envolve-se em escândalos políticos e incendeiam todo ano a floresta. Por isso, poucos e raros eleitores lhes dão credibilidade. Porém, nas redes sociais muitos se dizem defensores “da igualdade e da Justiça social”. Só enganação! Muitos deles são bem piores do que o celerado capitão arruaceiro. Se ele der um golpe, os “lambe-botas” daqui vão imediatamente lhe adular em busca de míseras moedas. É só o que sabem fazer. Rondônia é uma espécie de “Cu do Mundo” sem eira nem beira que nem merece ser citada em textos políticos. Vejam o exemplo do atual vice-governador do Estado. Embora eleito de forma democrática e pelo voto soberano da maioria, ataca o STF e tenta criminalizar quem pensa diferente dele. Se o “Bozo” der um golpe, corra de Rondônia: aqui muita gente pode lhe dedurar!

 

 

 

*Foi Professor em Rondônia.

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