Rondônia é da
extrema-direita
Professor
Nazareno*
Eu não cheguei a
Rondônia. Eu passava por esta curva de rio e fiquei. Tentava, no final da
Ditadura Militar, sair do país para buscar novos ares em outros países menos
injustos. O ano foi o longínquo 1980, quando a convite do professor Mário
Nishimura fui a Calama e por lá passei cinco anos de minha vida. E bons tempos
aqueles! Casei na simpática vilazinha, construí família e ainda hoje por aqui
estou. Tenho notado, no entanto, que “a
nova estrela no azul da União” é um lugar de ideologia totalmente
identificada com a extrema-direita, que tanto mal já fez ao país nas últimas
décadas. Pobre, Rondônia odeia a esquerda e sempre esteve alinhada ao ideal
mais conservador e reacionário. A prova disso? Basta perguntar a qualquer de
seus habitantes sobre qual o “rondoniense”
mais famoso e todos vão logo afirmando: “foi
o coronel Jorge Teixeira”.
Com nome de estádio, o Teixeirão foi
apenas um preposto da Ditadura Militar em terras Karipunas e jamais teve um só voto
dos rondonienses. O fracassado coronel, que saiu daqui sob as vaias do MDB de
Jerônimo Santana, deve mesmo ter sido um bom governador porque aqui os “milicos golpistas” despejaram toneladas
de dinheiro público para conseguir os votos de parlamentares no Congresso Nacional.
Nada mais do que isso! Tudo aqui cheira à direita e à extrema-direita.
Rondônia, apesar de já ter tido a sua capital governada pelo PT de Roberto
Sobrinho, sempre foi um reduto conservador, coxinha e reacionário. Muitos dos
comunistas daqui são evangélicos e alguns políticos da oposição, até de certa
aceitação, são pastores. Não é à toa que Jair Bolsonaro, o outro “preposto da moralidade e defensor da família”
é bem popular no Estado. É um herói.
Muita gente tola daqui sabe, mas
nega enfaticamente, que este Estado foi apenas uma criação da vil, cruel,
violenta e assassina Ditadura Militar do Brasil, que já estava em final de
carreira, mas para conseguir aumentar no então Congresso Nacional o número de
parlamentares governistas, a fim de aprovar as pautas em favor do governo
ditatorial “pariu assim do nada” esta
Rondônia sem futuro e sem nenhuma perspectiva. Desde o início, este insólito
lugar foi usado “pelo resto” do
Brasil para somente suprir seus interesses, muitas vezes alheios ao próprio
povo local, mas favoráveis ao restante do país. Tanto é que Rondônia continua
sendo usada até hoje como uma espécie de “prostituta”
do Brasil. Foi assim com a exploração do agronegócio, com as hidrelétricas e agora
com a energia elétrica, via Energisa. Destruíram um bioma e pariram Rondonha.
Hoje, parte do
que restou da horrorosa e tosca política local até que se diz anti-bolsonarista
ou de esquerda, mas sem nenhuma ideologia, envolve-se em escândalos políticos e
incendeiam todo ano a floresta. Por isso, poucos e raros eleitores lhes dão
credibilidade. Porém, nas redes sociais muitos se dizem defensores “da igualdade e da Justiça social”. Só
enganação! Muitos deles são bem piores do que o celerado capitão arruaceiro. Se
ele der um golpe, os “lambe-botas” daqui
vão imediatamente lhe adular em busca de míseras moedas. É só o que sabem
fazer. Rondônia é uma espécie de “Cu do
Mundo” sem eira nem beira que nem merece ser citada em textos políticos.
Vejam o exemplo do atual vice-governador do Estado. Embora eleito de forma democrática
e pelo voto soberano da maioria, ataca o STF e tenta criminalizar quem pensa
diferente dele. Se o “Bozo” der um
golpe, corra de Rondônia: aqui muita gente pode lhe dedurar!
*Foi
Professor em Rondônia.
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