Quem é esse
Paulo Freire?
Professor
Nazareno*
Este mês de
setembro, o educador brasileiro Paulo Freire completaria 100 anos se estivesse
vivo. Conhecido no mundo inteiro pelo seu trabalho de alfabetizador e citado
como referência nas principais universidades do mundo, no entanto, o educador
pernambucano não é e nunca foi reconhecido dentro do seu próprio país. Freire
recebeu homenagens de Kosovo ao Chile. Da Guiné Bissau na África à Universidade
de Harvard nos Estados Unidos. Nos principais países da Europa e nos mais
reconhecidos centros de estudos do mundo, ele é citado como uma das maiores
autoridades na área da Educação. Paulo Freire não estudou em Oxford, Coimbra, MIT,
Harvard ou outra universidade de renome. São estas universidades que estudam
Paulo Freire. Perseguido e banido durante a Ditadura Militar no Brasil, ele também
é odiado pelo atual governo.
Exilado do Brasil em 1964, ele
ganhou o mundo com suas ideias. Há vários centros de estudos espalhados pelo
planeta inteiro que levam o nome do educador brasileiro: na África do Sul, na
Áustria, na Alemanha, na Holanda, em Portugal, na Inglaterra, nos Estados
Unidos e no Canadá. Na Suécia, Paulo Freire é lembrando em um monumento
público. Mas a elite do Brasil não gosta dele. Os ricos brasileiros odeiam a
sua metodologia, que é fartamente premiada fora daqui. O governo de Jair
Bolsonaro, assim como a assassina Ditadura Militar que o prendeu, consideram-no
um comunista e por isso atualmente o MEC o demoniza. Um “bolsomínion raiz” não pronuncia jamais o nome do eminente e
premiadíssimo educador. Mesmo que seus livros já tenham sido traduzidos para
centenas de idiomas e sua pedagogia seja ímpar.
Mas por que todo esse ódio da elite
brasileira contra Paulo Freire? É por que sua pedagogia de alfabetização de
adultos não ensina o cidadão apenas a ler e a escrever. Os pressupostos do
professor Freire ensinam também a pensar, a ser crítico e a entender a
realidade que nos cerca. “Toda prática
pedagógica é um ato político”, dizia o mestre. E prosseguia: “À medida que se ensina, também se aprende.
Todo mundo tem um conhecimento que deve ser valorizado. Ensinar não é transmitir
conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção”. Paulo Freire não poderia mesmo ter prosperado no Brasil, um
país que jamais valorizou a Educação e o saber. Temos hoje um dos piores
sistemas de ensino do mundo e tudo isso de caso pensado. A nossa elite tem medo
do conhecimento, pois ele liberta e abre novos rumos.
Manter o nosso povo na eterna
ignorância sempre foi um projeto de todos os governos que já passaram pelo
país. Tanto os de direita, de extrema-direita quanto os de esquerda. Em pleno
século XXI, não temos ainda escolas de tempo integral. Nossas escolas não
ensinam nada a ninguém, mas os privilegiados filhos da elite estudam geralmente
em boas escolas particulares, escolas bilíngues ou mesmo em escolas no
exterior. O acesso universal ao bom conhecimento amenizaria a nossa
desigualdade social e resolveria os graves problemas sociais que temos. O
brasileiro praticamente não lê se
comparado a outros povos. Nossas universidades estão entre as piores do mundo.
Aqui, nossos jovens não falam outras línguas e mal se expressam em Português.
Paulo Freire não é reconhecido por quase ninguém no Brasil, salvo algumas
poucas faculdades de Educação. Desprezamos o que é nosso enquanto o mundo
inteiro valoriza.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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