Unanimidade em Cu
do Mundo
Professor
Nazareno*
Cu do Mundo é uma província
atrasada e subdesenvolvida de certo país também atrasado, inculto e
subdesenvolvido. O fato é que para os padrões provincianos, o sinal de
progresso e prosperidade é defendido por grande parte de sua classe política.
Só que tudo é mentira e embromação, como acontece com os políticos de grande
parte do país. Se toda a unanimidade é burra como disse o poeta, em Cu do
Mundo essa máxima tem a sua validade. O lugar é composto por pessoas também
burras que geralmente elegem candidatos igualmente desprovidos de massa
cinzenta. Para se ter uma ideia, todos os candidatos do lugar, nesta
legislatura e em outras, foram eleitos com o voto eletrônico, mas só por medo,
defenderam o voto impresso quando tiveram a chance de provar que são políticos
inteligentes, modernos, capazes e compromissados com os avanços sociais.
Fala-se que alguns deputados, que
dizem ser representantes de Cu do Mundo, antes da votação na capital do
país, foram interpelados e pressionados por uma tal “boiada reacionária” para que votassem pelo atraso e também pela
volta à Idade Média e ao obscurantismo. Acredita-se também que neste lugar
amaldiçoado quase todos os políticos são da direita e da extrema-direita.
Porém, muitos deles se dizem progressistas e fingem pertencer a partidos
reconhecidamente de esquerda somente para angariar votos, principalmente de
universitários tolos e com pouco ou nenhum conhecimento da política e por isso,
são enganados em todas as eleições. Durante as campanhas políticas, os
discursos desses políticos “esquerdistas”
são inflamados e enganam muitas pessoas. Cu do Mundo realmente parece
ser um caso único na tosca e dantesca política do país.
Dizem as más
línguas, e as boas também, que os tanques da última ópera-bufa na capital federal
podem ter influenciado bastante os frágeis, pouco inteligentes, fisiologistas,
interesseiros, coxinhas e reacionários deputados de Cu do Mundo a votarem
na extrema-direita e no atraso. Os tanques e todo o aparato militar, apesar de
já sucateados e obsoletos podem ter intimidado os políticos “cu-de-mundenses” a mostrar serviço,
mesmo que seja um serviço porco. “Nosso
lugar é um rincão simples, distante e atrasado e votar com o governo sempre
garante mais verbas”, devem pensar alguns desses políticos já sabendo que “mais verbas é algo bom para todos”. Em Cu
do Mundo nunca houve oposição nem esquerda. Nesse fim de mundo, comunistas acreditam
em Deus e têm religião assim como pastores evangélicos militam em partidos de
esquerda.
Perigo: fazer
terrorismo psicológico contra os deputados e outros políticos que estão
exercendo mandato pode ser daqui para frente uma prática política a ser adotada
pelos eleitores “mais bovinos e idiotas”
da localidade. Por isso, um importante analista político afirmou taxativamente:
“os políticos não votam por convicção, é medo mesmo. Quem vota amedrontado
não merecia representar o cidadão que desbravou estas terras inicialmente
inóspitas. Parlamentar tem que ser corajoso para expressar as convicções e não
as conveniências”. Reflexão não fora de contexto: será que esses deputados de
Cu do Mundo têm também a mentalidade golpista? Será que por dinheiro e
poder mudam de ideologia assim como quem muda de roupa? Mas em Cu do Mundo
as coisas só funcionam dessa maneira mesmo. Nada acontece com político filmado
contando propina em saco de lixo nem com político que “toma” terras dos indígenas. Um paraíso!
*Foi Professor em Porto Velho.
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