quinta-feira, 15 de abril de 2021

Um milhão e 400 mil mentiras?

Um milhão e 400 mil mentiras?

 

Professor Nazareno*

 

            Com todo o respeito ao esfíncter anal, mas Buraco Quente é uma espécie de “cu do mundo” sem eira nem beira. Sem nenhuma importância na já carcomida e podre realidade nacional, o lugar tem na sua desprezível e mentirosa classe política uma de suas piores mazelas. Durante a pandemia do Coronavírus, o vírus faz a festa nos pobres e desassistidos habitantes dessa terra de sofridos habitantes. A mortandade pela Covid-19 é tanta que até o maior cemitério do lugar lotou muito antes do tempo. Cruel e tosca realidade: em Buraco Quente é proibido morrer, pois não há mais vagas nos cemitérios locais. E como “desgraça pouca é meio de vida”, Zé das Beiradas, um famoso político, disse ter comprado várias doses de vacinas da Injeção-de-vento. Só que o laboratório desmentiu que tenha feito qualquer venda para estados e municípios. Era tudo mentira?

            Quando anunciou a lorota e conversa fiada, Zé das Beiradas estava eufórico. Pretenso candidato a cargos políticos mais altos no lugar, o “esperto” político prometeu solenemente trazer essas doses de vacina da Injeção-de-vento para, segundo ele, “vacinar todos os cidadãos buraco-quentenses a partir dos 30 anos”. Com toda a rompança que lhe é peculiar, disse que muitas pessoas de Buraco Quente seriam imunizadas. Mas será tudo fraude? Será apenas “aluguel” de político interesseiro que visa voos mais altos na política? Só que, desesperados, os pobres coitados e tolos eleitores acreditaram nele. Passados quase 40 dias, nada dessas vacinas, que já foram para as calendas gregas. Diante da agonia geral, muitos ali acham que estes imunizantes ainda vêm. “É tudo só uma questão de tempo, logo seremos todos imunizados”, fala-se.

Porém, agora menos cidadãos creem na vacina do político. E para não ficar para trás, o chefe maior de Buraco Quente, um apagado e decadente militar negacionista, também resolveu fazer promessas. E foi mais além: prometeu 2,5 vezes mais doses. Agora, do laboratório Vacina-de-água, a H2O I, que ainda não tem sequer a autorização para uso no país. Mas isso não é problema, já que a vacina não virá mesmo para o longe rincão. O militar decadente gosta de distribuir Cloroquina e Ivermectina para as pessoas leigas e burras na vã esperança de se deter um vírus usando o inútil e não recomendado “tratamento precoce”. Fiquei emocionado de poder ajudar a vencer esta terrível doença. Vamos obedecer o (sic) tempo necessário para ficarmos imunizados e não tenho dúvidas que, se Deus quiser, teremos um Buraco Quente pujante de novo”, disse.

A expectativa maior desse político sonhador é de que sejam vacinados todos os maiores de 18 anos ainda no primeiro semestre de 2021. Na proposta à farmacêutica, o prazo de chegada das vacinas foi na segunda metade de abril. Ou seja, até agora nem as doses de vacinas de um e talvez nem as doses do outro. Engraçado é que eles não sabiam das muitas dificuldades de se importar essas vacinas nas atuais circunstâncias? E mesmo assim preferiram correr o risco de mentir para o povo? Por isso, qualquer pessoa agora pode prometer trazer “de qualquer laboratório do Acre ou da Bolívia” quantos imunizantes quiser para salvar os buraco-quentenses. Mas se não vierem, não tem problema nenhum: o desesperado e acomodado povo eleitor de Buraco Quente, incentivado pela mídia venal, aceita tudo calado sem dar um pio: já está acostumado a ser enganado pelos forâneos. Será que já existe uma vacina de capim para a Covid-19?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


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