Um milhão e 400
mil mentiras?
Professor
Nazareno*
Com todo o
respeito ao esfíncter anal, mas Buraco Quente é uma espécie de “cu do mundo” sem eira nem beira. Sem
nenhuma importância na já carcomida e podre realidade nacional, o lugar tem na
sua desprezível e mentirosa classe política uma de suas piores mazelas. Durante
a pandemia do Coronavírus, o vírus faz a festa nos pobres e desassistidos
habitantes dessa terra de sofridos habitantes. A mortandade pela Covid-19 é tanta
que até o maior cemitério do lugar lotou muito antes do tempo. Cruel e tosca
realidade: em Buraco Quente é proibido morrer, pois não há mais vagas nos
cemitérios locais. E como “desgraça pouca
é meio de vida”, Zé das Beiradas, um famoso político, disse ter comprado várias
doses de vacinas da Injeção-de-vento. Só que o laboratório desmentiu que
tenha feito qualquer venda para estados e municípios. Era tudo mentira?
Quando anunciou a lorota e conversa fiada, Zé das Beiradas estava eufórico. Pretenso candidato a cargos políticos
mais altos no lugar, o “esperto”
político prometeu solenemente trazer essas doses de vacina da Injeção-de-vento
para, segundo ele, “vacinar todos os
cidadãos buraco-quentenses a partir dos 30 anos”. Com toda a rompança que
lhe é peculiar, disse que muitas pessoas de Buraco Quente seriam imunizadas.
Mas será tudo fraude? Será apenas “aluguel”
de político interesseiro que visa voos mais altos na política? Só que,
desesperados, os pobres coitados e tolos eleitores acreditaram nele. Passados quase
40 dias, nada dessas vacinas, que já foram para as calendas gregas. Diante da
agonia geral, muitos ali acham que estes imunizantes ainda vêm. “É tudo só uma questão de tempo, logo seremos
todos imunizados”, fala-se.
Porém, agora menos
cidadãos creem na vacina do político. E para não ficar para trás, o chefe maior
de Buraco Quente, um apagado e decadente militar negacionista, também resolveu
fazer promessas. E foi mais além: prometeu 2,5 vezes mais doses. Agora, do
laboratório Vacina-de-água, a H2O I, que ainda não tem sequer a
autorização para uso no país. Mas isso não é problema, já que a vacina não virá
mesmo para o longe rincão. O militar decadente gosta de distribuir Cloroquina e
Ivermectina para as pessoas leigas e burras na vã esperança de se deter um
vírus usando o inútil e não recomendado “tratamento
precoce”. “Fiquei emocionado de
poder ajudar a vencer esta terrível doença. Vamos obedecer o (sic) tempo
necessário para ficarmos imunizados e não tenho dúvidas que, se Deus quiser, teremos
um Buraco Quente pujante de novo”, disse.
A expectativa maior desse político
sonhador é de que sejam vacinados todos os maiores de 18 anos ainda no primeiro
semestre de 2021. Na proposta à farmacêutica, o prazo de chegada das vacinas foi
na segunda metade de abril. Ou seja, até agora nem as doses de vacinas de um e
talvez nem as doses do outro. Engraçado é que eles não sabiam das muitas dificuldades
de se importar essas vacinas nas atuais circunstâncias? E mesmo assim preferiram
correr o risco de mentir para o povo? Por isso, qualquer
pessoa agora pode prometer trazer “de
qualquer laboratório do Acre ou da Bolívia” quantos imunizantes quiser para
salvar os buraco-quentenses. Mas se não vierem, não tem problema nenhum: o
desesperado e acomodado povo eleitor de Buraco Quente, incentivado pela mídia
venal, aceita tudo calado sem dar um pio: já está acostumado a ser enganado
pelos forâneos. Será que já existe uma vacina de capim para a Covid-19?
*Foi
Professor em Porto Velho.
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