Quem matou os
400 mil?
Professor
Nazareno*
A pandemia da Covid-19
tem pouco mais de um ano e neste curto período mais de 400 mil cidadãos
brasileiros já foram a óbito pela doença. Depois dos Estados Unidos, o Brasil é
o país que até agora tem a maior quantidade de mortos. Em número de pessoas
infectadas está em terceiro lugar. As estatísticas da catástrofe em nosso país
só aumentam e podem, em curto prazo, quebrar barreiras inimagináveis de mortos
e infectados, pois estamos ainda no pico da segunda onda de infecções e já se
preparando lamentavelmente para enfrentar em pouco tempo uma terceira onda mais
perigosa e mais devastadora. Especialistas acreditam que essa próxima fase de
mortes chegará ao seu apogeu entre maio e julho de 2021 com médias diárias de
cinco ou seis mil óbitos. O número de mortos ultrapassará facilmente 600 mil
cidadãos e rumará para um milhão.
Diante do caos, as perguntas que se
fazem naturalmente são: De quem é a culpa
maior por estes números dantescos? Esta carnificina poderia ter sido
evitada? Estados e municípios têm culpa? Há muitos culpados, claro, por este
estado de coisas ter chegado a este ponto. Vacinação em massa da população teria
sido a única maneira conhecida para se estancar esta sangria e acabar com esta
terrível mortandade de cidadãos brasileiros. Mas o governo negacionista de Jair
Bolsonaro não agiu a tempo para a aquisição de imunizantes. Por isso, uma CPI
foi aberta para apurar as responsabilidades. Além de não usar máscaras e
incentivar aglomerações, o presidente desqualificou as vacinas, única arma de
que dispomos no momento para enfrentar o vírus assassino. Pior: a prescrição de
remédios sem eficácia para a Covid-19 pode ter aumentado os mortos.
Em tese, o governo Bolsonaro tem
culpa por todas estas mortes. A necropolítica
adotada por quase todos os integrantes desse governo mostra isso muito
bem. O chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, por exemplo, disse que
tomou “escondido” a vacina contra ao
Coronavírus, pois “queria viver mais”.
E por que não se adota essa mesma política de “viver mais” para toda a população que eles governam? Talvez seja
porque o ministro Paulo Guedes, que estava ao seu lado, tenha dito na mesma
conversa que “muitos brasileiros querem
viver noventa ou cem anos e isto inviabiliza qualquer orçamento”. Some-se a
esse desgoverno, a teimosia de muitos brasileiros que também fizeram escárnio
do vírus e debocharam das medidas sanitárias adotadas. Alguns por ignorância e
desconhecimento dos fatos. Outros, por necessidade de buscar o sustento.
O presidente Bolsonaro é sim o maior
responsável por toda esta mortandade de brasileiros durante a pandemia. O
governo federal não criou uma coordenação nacional e as vacinas, só agora com
quase um ano de atraso, chegam a conta-gotas ao país. A China, nossa principal
fornecedora de insumos e imunizantes, tem sido atacada quase que diariamente
por autoridades do governo brasileiro e também pelos filhos do desastrado
presidente. Todos sabem que Bolsonaro deixou de comprar da Pfizer pelo menos 70
milhões de doses que deviam ter sido entregues a partir de dezembro do ano
passado. Também desautorizou seu ministro da Saúde na compra de 45 milhões de doses
da Coronavac. “Um manda e o outro obedece”
disse pateticamente o general Pazuello na época. Quantas mortes eles deixaram
de evitar? Bolsonaro já disse que se deveriam matar uns 30 mil brasileiros. Já
matou mais de 400 mil. E não é um genocida.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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