E agora, senhor
prefeito?
Professor
Nazareno*
Há um ditado
popular muito conhecido que diz: “quando
a esmola é grande, o santo desconfia”. Porto Velho, a desconhecida e
distante capital do também longe e sem nenhuma importância Estado de Rondônia, comprar
e receber 400 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca para imunizar quase metade
de seus habitantes só podia ser mesmo “conversa
para boi dormir”, ou seja, uma das maiores mentiras do século. Num momento
em que as principais farmacêuticas do mundo não estão dando conta de suas
encomendas para deter a ameaça cada vez mais feroz da Covid-19 soou até como
piada para muita gente um político desconhecido como o Dr. Hildon Chaves nos
trazer esse número de imunizantes. Mas foi isso mesmo que ele, eufórico, prometeu
aos tolos porto-velhenses numa solenidade em que afirmou que vacinaria todos
acima de 30 anos.
As lorotas do reeleito prefeito de
Porto Velho já são corriqueiras e não enganam mais muita gente. Em 2016,
durante a primeira campanha para ser prefeito da capital, ele disse que
reconhecia um bandido em apenas dois minutos de conversa. Não só não reconhece
como também pode confiar em muitos deles. Ele disse naquela ocasião outras
tolices que o fizeram ser eleito prefeito. Confesso que dessa vez eu não estava
acreditando nele, mas até que torcia para que esse terrível engodo fosse
verdade e desse certo para que todos nós fôssemos imunizados. Achei que ele
tinha se superado quando falou publicamente que iria amar, beijar e acariciar a
podre e imunda cidade de Porto Velho. Mas duvidei: como uma pessoa vai poder
fazer isso num lugar sujo, fedorento, sem esgotos, sem saneamento e que espera
a todo instante cair uma chuva de merda?
Porém, muitos rondonienses não
desconfiaram da “jogada” por que já
estão acostumados a serem enganados por políticos forâneos. Quando
transformaram, por exemplo, o território em Estado “para dar mais importância às sentinelas avançadas”, não disseram a
ninguém daqui que “a mais nova estrela no
azul da União” era só para ajudar a Arena, o partido dos militares, a
aumentar o número de senadores e de deputados federais que votavam a favor do
governo. Na construção das hidrelétricas no rio Madeira, a ladainha mentirosa
dizia para os tolos habitantes que a energia para os rondonienses ficaria mais
barata. Mantra esse que continuou quando “doaram”
a Ceron e que a Energisa chegaria para libertar “os destemidos pioneiros” dos péssimos serviços da antiga estatal. Além
do mais, “esse negócio de meio ambiente é
coisa da esquerda”.
O Dr. Hildon Chaves até que teve
boas intenções com esta sua atitude. Mas pode pagar um preço muito alto pela decisão.
Não perceber as delicadas circunstâncias de se conseguir imunizantes neste
momento tão difícil, pode fazer com que muitos eleitores porto-velhenses não
acreditem mais nele. Como eleger para governar o Estado alguém que não pesquisa
a fundo suas escolhas? “Muito mal na fita”
e se essa infeliz ideia partiu dele, o prefeito agora precisa pedir desculpas
públicas a todo o povo desta cidade que nele acreditou ou então demitir
sumariamente as pessoas que o fizeram cair em mais esta mentira. Sem saída e
vendo seus concidadãos morrerem todo dia feito formiga pela Covid-19, os
simplórios rondonienses agora depositam suas vãs esperanças no governador
bolsonarista do Estado. Marcos Rocha foi mais ousado e prometeu um milhão de
doses da vacina russa Sputnik V. Mas se também for mentira, elegem os dois.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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