terça-feira, 13 de abril de 2021

Cadê as nossas vacinas?

Cadê as nossas vacinas?

 

Professor Nazareno*

           

            Por causa da Covid-19, fico a maior parte do meu tempo útil em um retiro (jamais espiritual) numa chácara bem próxima à cidade. Devido às precariedades tecnológicas do lugar, quase não recebo notícias da minha “amada” Porto Velho, capital de Roraima. Outro dia, um amigo meu me falou que em breve eu estaria saindo desse bom autoexílio, pois receberíamos doses cavalares de vacinas contra o Coronavírus. Exatamente no dia 12 de março, há um mês, portanto, Dr. Hildon Chaves, o prefeito da capital, prometeu solenemente pelo menos 400 mil doses de vacinas da Universidade de Oxford/AstraZeneca para segundo ele “imunizar todos os porto-velhenses acima de 30 anos”. Feliz: como eu tenho mais de sessenta, claro que serei vacinado logo, logo. Mas não é só isso, não! O governador do Estado, o coronel Marcos Rocha, triplicou a oferta.

            O militar bolsonarista prometeu um milhão de doses da vacina russa Sputnik V, que sequer foi aprovada pela ANVISA, para imunizar muitos rondonienses ainda neste mês de abril. Entre euforia e pessimismo ponderei que bastou eu sair de Porto Velho para as coisas começarem a funcionar. Nenhuma capital do Brasil e nenhum Estado do país conseguiu ainda a proeza de imunizar quase todos os seus habitantes. O que temos até o presente momento em Rondônia é uma vacinação quase parando, pífia e a conta-gotas que se continuar neste ritmo lento e imoral só nos imunizará daqui a uns quatro ou cinco anos. Aí já será tarde demais, pois o vírus infame se modificará tanto que imunizante nenhum lhe fará mais efeito. Hildon Chaves prometeu dez dias para imunizar todos. E Marcos Rocha disse que em pouco tempo resolveria todo esse caos.

            Rondônia tem hoje 1,7 milhão de habitantes segundo o IBGE. Logo, para imunizar todos daqui seria preciso ter pelo menos 3,4 milhões de doses. Mas as vacinas prometidas pelos dois “otimistas” políticos já dariam para imunizar quase a metade da nossa população. Somando-se com as pessoas já imunizadas pelo governo federal, estaríamos muito próximos da imunidade de rebanho e talvez assim conseguíssemos neutralizar o vírus maldito. Marcos Rocha e Hildon Chaves jamais receberam um voto meu. As suas ideologias e posições políticas me dão “nojo e asco” e dificilmente eu escolheria um dos dois para qualquer cargo público. Mas torço aqui para que dê certo esse propósito e essa resolução que eles tomaram para o bem de todos os rondonienses e porto-velhenses. E tomara que não seja apenas uma “esperta” decisão à cata de votos.

            Se essas vacinas chegarem mesmo a Rondônia, será muito difícil escolher quem será o nosso próximo governador. Dr. Hildon já prometeu amar, beijar e acariciar Porto Velho, coisa que nunca fez. Mas trazendo quase meio milhão de vacinas entrará numa eterna lua-de-mel com a população local. Já Marcos Rocha se redimirá de uma vez por todas com os rondonienses. Deixa para trás o negacionismo anacrônico e estéril, o ridículo “tratamento precoce” contra a Covid-19 e principalmente a adoração que tem pelo desumano e insensível presidente Bolsonaro para, enfim, fazer algo útil durante esta pandemia. Tomara que estes dois cidadãos não estejam mentindo nem embromando o acomodado povo deste lugar. O rondoniense não pode mais ser enganado por políticos forâneos como fizeram com as hidrelétricas e tantas outras coisas. Eu quero me vacinar! Pode ser a vacina do Dr. Hildon ou a do Marcos Rocha. Mas cadê essas vacinas, gente?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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