Brasil: potência
de merda
Professor
Nazareno*
Por incrível que pareça, o Brasil já
foi a sexta maior economia do mundo. E não faz tanto tempo assim. Um dos
maiores produtores de commodities da atualidade, o país já se inseriu no seleto
grupo de potências econômicas com um dos maiores PIB’s do planeta. Hoje,
lamentavelmente, ocupa a 12ª posição e sem nenhum prestígio internacional. A
pandemia do Coronavírus e os seguidos equívocos de sua política externa aliados
à devastação do seu meio ambiente tornaram o nosso país um pária internacional.
O Brasil hoje não é nem sombra do que fora em tempos recentes. O negacionismo
da ciência, a explosão absurda de casos de Covid-19 e o desastre na aquisição
de insumos e vacinas para deter a doença jogaram o nosso país num abismo
difícil de ser vencido. Hoje, há menos de meio por cento de nossa população
vacinada.
Países como Israel, EUA e toda
a União Europeia já vacinaram grandes contingentes de sua população. O Brasil,
antes um dos maiores produtores de vacinas do mundo, depende hoje dos insumos
da Índia e da China. Países atacados ferozmente pela nossa atual política
externa. Um tiro no pé em um país que conta já com a expressiva soma de mais de
215 mil mortes e quase nove milhões de doentes. Enquanto o mundo corria atrás
de vacinas e outros imunizantes, no Brasil as autoridades prescreviam
Cloroquina e outros remédios sem eficácia científica comprovada para deter o
avanço da Covid-19. Até a vizinha Argentina tem acordo com a AstraZeneca para
produzir insumos para mais de 200 milhões de vacinas em pouco tempo. E nenhuma
será exportada para o Brasil. México e outros países latino-americanos serão
contemplados.
Negar a ciência tem o seu preço. E
já estamos pagando muito caro por ele. Não vamos vacinar nem metade de nossa
população e a pandemia dificilmente será vencida por aqui. Os mortos pela doença
podem até triplicar entre nós. Porém, enquanto colocam bobagens na cabeça dos
pobres, muitos dos ricos furam a fila da vacina. Em pelo menos 12 Estados houve
casos de pessoas que se vacinaram sem ter chegada a sua vez. Não sabemos se
somos desgraçados, amaldiçoados ou só brasileiros mesmo. Na Espanha, por
exemplo, o chefe maior das Forças Armadas furou a fila da vacina, mas teve que
pedir demissão do cargo. É primeiro mundo. E já se pensa em impeachment. Vão
tirar um ruim para colocar um menos ruim e tudo continuar como era antes. De
aspirante à potência de verdade, viramos uma potência de merda, sem nenhum
futuro.
Mas houve um tempo em que não
havia desentendimentos. Todos roubavam juntos e o silêncio da mídia era bem
pago. A corrupção e a roubalheira eram de fato quem mandavam. Era uma lástima. Porém,
nestes tempos não havia tanto deboche, achincalhe, pouco caso com a vida alheia,
desprezo e negacionismo como hoje. A terra era redonda, não havia tantas “rachadinhas” nem ameaças constantes de
golpe. Havia muito respeito internacional, respeito às instituições, respeito à
democracia. Não se via tanta homofobia, racismo, misoginia. Houve um tempo que
o Brasil foi a 6ª maior economia do mundo. No tempo em que éramos roubados, o
ódio dormia sossegado. As vacinas eram confiáveis e todos eram vacinados. O
fato é que os dois tempos são ruins para os brasileiros. O ideal seria que
juntássemos somente as partes boas de cada tempo. É como acontece nos países civilizados
do mundo. Senão é trocar seis por meia dúzia.
*Foi Professor em Porto Velho.
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