domingo, 24 de janeiro de 2021

Brasil: potência de merda

Brasil: potência de merda

 

Professor Nazareno*

 

            Por incrível que pareça, o Brasil já foi a sexta maior economia do mundo. E não faz tanto tempo assim. Um dos maiores produtores de commodities da atualidade, o país já se inseriu no seleto grupo de potências econômicas com um dos maiores PIB’s do planeta. Hoje, lamentavelmente, ocupa a 12ª posição e sem nenhum prestígio internacional. A pandemia do Coronavírus e os seguidos equívocos de sua política externa aliados à devastação do seu meio ambiente tornaram o nosso país um pária internacional. O Brasil hoje não é nem sombra do que fora em tempos recentes. O negacionismo da ciência, a explosão absurda de casos de Covid-19 e o desastre na aquisição de insumos e vacinas para deter a doença jogaram o nosso país num abismo difícil de ser vencido. Hoje, há menos de meio por cento de nossa população vacinada.

            Países como Israel, EUA e toda a União Europeia já vacinaram grandes contingentes de sua população. O Brasil, antes um dos maiores produtores de vacinas do mundo, depende hoje dos insumos da Índia e da China. Países atacados ferozmente pela nossa atual política externa. Um tiro no pé em um país que conta já com a expressiva soma de mais de 215 mil mortes e quase nove milhões de doentes. Enquanto o mundo corria atrás de vacinas e outros imunizantes, no Brasil as autoridades prescreviam Cloroquina e outros remédios sem eficácia científica comprovada para deter o avanço da Covid-19. Até a vizinha Argentina tem acordo com a AstraZeneca para produzir insumos para mais de 200 milhões de vacinas em pouco tempo. E nenhuma será exportada para o Brasil. México e outros países latino-americanos serão contemplados.

            Negar a ciência tem o seu preço. E já estamos pagando muito caro por ele. Não vamos vacinar nem metade de nossa população e a pandemia dificilmente será vencida por aqui. Os mortos pela doença podem até triplicar entre nós. Porém, enquanto colocam bobagens na cabeça dos pobres, muitos dos ricos furam a fila da vacina. Em pelo menos 12 Estados houve casos de pessoas que se vacinaram sem ter chegada a sua vez. Não sabemos se somos desgraçados, amaldiçoados ou só brasileiros mesmo. Na Espanha, por exemplo, o chefe maior das Forças Armadas furou a fila da vacina, mas teve que pedir demissão do cargo. É primeiro mundo. E já se pensa em impeachment. Vão tirar um ruim para colocar um menos ruim e tudo continuar como era antes. De aspirante à potência de verdade, viramos uma potência de merda, sem nenhum futuro.

Mas houve um tempo em que não havia desentendimentos. Todos roubavam juntos e o silêncio da mídia era bem pago. A corrupção e a roubalheira eram de fato quem mandavam. Era uma lástima. Porém, nestes tempos não havia tanto deboche, achincalhe, pouco caso com a vida alheia, desprezo e negacionismo como hoje. A terra era redonda, não havia tantas “rachadinhas” nem ameaças constantes de golpe. Havia muito respeito internacional, respeito às instituições, respeito à democracia. Não se via tanta homofobia, racismo, misoginia. Houve um tempo que o Brasil foi a 6ª maior economia do mundo. No tempo em que éramos roubados, o ódio dormia sossegado. As vacinas eram confiáveis e todos eram vacinados. O fato é que os dois tempos são ruins para os brasileiros. O ideal seria que juntássemos somente as partes boas de cada tempo. É como acontece nos países civilizados do mundo. Senão é trocar seis por meia dúzia.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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