Porto
Velho para forâneos
Professor Nazareno*
Porto Velho, a inóspita capital explorada, é uma das piores cidades do Brasil. Dizer que é o fiofó do mundo é um
desrespeito, uma injustiça a esta parte do corpo humano. Dentre as 27 capitais
do país, fica no 26º lugar em IDH. Tem, segundo o Instituto Trata Brasil,
apenas dois por cento de saneamento básico e menos de 30 por cento de água
encanada. É uma cidade suja e imunda, todos que moramos aqui sabemos disto.
Parece até que existe nesta capital uma cultura pela podridão já impregnada há
tempos nas pessoas e autoridades. Aqui há uma verdadeira adoração pela sujeira,
pelo lixo e pela carniça. Nas campanhas eleitorais, como agora, o problema vem
à tona e depois passa, todo mundo esquece e volta a sua vida feliz no monturo.
Mário Português “levantou a lebre” em 2012. Agora, foi a vez de Hildon
Chaves alertar os nativos.
O pernambucano natural do Recife e
atual candidato do PSDB à prefeitura de Porto Velho, ao constatar o óbvio,
teria dito que “ninguém vem para Porto Velho nem com passagem barata”.
Ele só errou ao dizer que a passagem seria barata. Hoje para sair daqui as
empresas aéreas cobram menos da metade do preço para quem quer vir. E como
ninguém em sã consciência sairia de seus aprazíveis lugares para ir ao inferno,
a demanda caiu e como consequência os preços das passagens aéreas, que já eram
caros, aumentaram consideravelmente. Vir para Porto Velho só mesmo a negócio ou
para retirar um parente doente. A chiadeira foi geral, como se isso aqui fosse
uma espécie de éden, um paraíso escondido entre a mata e os rios amazônicos. Os
eleitores do outro candidato, o paranaense Léo Moraes, aproveitaram para
explorar o fato pouco inusitado.
Mário Português disse com todas as letras
que Porto Velho se parecia com uma favela num total desrespeito às favelas,
claro. Mauro Nazif, natural do interior do Rio de Janeiro ficou irado com essa
declaração, mas nada fez nos quatro anos de administração para provar o
contrário. O caos reinante nesta cidade é culpa de cada um de nós, seus
moradores. Óbvio que o Poder Público colabora e muito com a desgraça. As
promessas corriqueiras das campanhas eleitorais anestesiam os esperançosos e
ingênuos eleitores. Visitar a capital das “sentinelas avançadas” é uma
operação de risco e os dois candidatos sabem disso. Não entendo a declaração de
amor que eles, com a maior cara de pau, fazem a Porto Velho. Um abraça, o outro
cheira só para ganhar nosso voto. Filantropos eles não são, mas todos os
nativos creem na conversa fiada desses forâneos.
Porto Velho nunca teve um só
prefeito nascido na terra. Mas não é por isso que é essa pocilga fedorenta. O
perfil do eleitorado local é estranho: “dar tudo aos forasteiros e nada para
os nativos”, parece ser a filosofia karipuna. Se os de fora não amarem isto
aqui, nenhum nativo o fará. O sujeito, já falido e sem perspectivas, geralmente
vem para cá, trabalha, ganha rios de dinheiro, manda tudo para a família lá no
Estado de origem, onde investe parte do que ganhou, e quando se aposenta volta
para a sua terra natal. Por que Léo Moraes e Dr. Hildon Chaves não se juntam
para o bem da cidade que um deles vai administrar? Dividem os eleitores,
inventam mentiras e lorotas e no fim das contas quem perde somos todos nós, moradores
de uma cidade sem a menor estrutura para se viver de forma decente. Não
acredito em promessas eleitoreiras, claro. Mas torço para que o vencedor do
próximo domingo faça uma excelente administração. Precisamos!
*É Professor em
Porto Velho.
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