Por
que não se gosta do Brasil?
Professor
Nazareno*
O Nacionalismo é um sentimento
absurdo, tosco e que muitas vezes leva à guerra e à destruição. É o pior dos
sentimentos coletivos como provaram o Nazismo e o Fascismo. Mas, políticas à
parte, gostar pelo menos do lugar onde se nasceu seria algo tolerável e aceito.
Muitos brasileiros, por incrível que pareça, dizem que gostam do lugar onde
nasceram e viveram parte de suas vidas. Observa-se que muitos defendem
aguerridamente o torrão natal, mesmo que seja um “Coité do Noca” ou uma
“casa da mãe Joana” sem nenhuma expressão. Ouço incrivelmente pessoas e
eleitores daqui dizerem que amam Porto Velho apesar da péssima qualidade de
vida que a cidade apresenta. Como dizem amar a cidade e numa eleição
praticamente se repete a mesma composição da criticada, corrupta, mal vista e
pouco atuante Câmara de Vereadores?
Ama-se Porto Velho, ama-se João Pessoa,
ama-se Curitiba ou Porto Alegre, ama-se apenas a cidade, mas não se ama a
Pátria. Parece que quase todos os brasileiros, embora amem o seu torrão, não
gostam do Brasil enquanto nação, enquanto país reconhecido internacionalmente.
Nestas eleições, assim como em todas as outras, praticamente se vota pensando
no individual e quase nunca no coletivo. Basta ver a absurda composição da
Câmara de Vereadores que foi eleita aqui. Muitos fichas sujas vão continuar. Todos
os candidatos afirmam que se eleitos vão trabalhar em benefício daqueles que os
elegeram. Dizem que transformarão suas cidades em paraísos com coelhinhos
saltitantes e borboletas azuis. Esse mantra é uma mentira deslavada e todos os
eleitores sabem disto. Mas por que em todas as eleições ele se repete absurdamente?
No entanto, o resultado das eleições para
prefeito em Porto Velho, a humilhada, suja, fedorenta, espezinhada,
achincalhada, apedrejada e abandonada capital de Rondônia, indicou o contrário.
O eleitor local se mostrou cansado com tanta ineficiência na administração
pública. O atual prefeito Mauro Nazif, apesar de estar com máquina na mão, não
conseguiu sequer ir para o segundo turno. Perdeu para ele mesmo. Político sério
e honesto, Nazif não trabalhou absolutamente nada durante os três primeiros
anos do seu pífio mandato. E as “decorações” de Natal? Com tanta
incompetência, esgotou a paciência de todos. E o recado para os dois postulantes
ao cargo foi claro: ou trabalha ou cai fora. Além disso, tem que ser honesto e
não roubar. Incrível, mas este resultado nos deu alguma tranquilidade, apesar
da qualidade discutível dos vereadores eleitos.
O eleitor portovelhense, mais coerente
desta vez, mandou também o PT e o seu cacique-mor Roberto Sobrinho para a lata
do lixo. Mesmo sem amar o Brasil, os eleitores locais mostraram que amam Porto
Velho, sim. Hildon Chaves e Léo Moraes, respectivamente um pernambucano e um paranaense
têm que mostrar serviço. O que for eleito tem que ser honesto além de trabalhar
muito em benefício de uma cidade há tempos esquecida pelo poder público. Chega
de morar na pior cidade do Brasil em IDH. Chega de morar numa cidade
desorganizada, sem mobilidade urbana, violenta, suja e repleta de obras
inacabadas. Não votei em nenhum dos dois no primeiro turno e admito que terei
dificuldades para escolher agora. Mas tenho o otimismo de dias melhores para
este lugar. Podemos nem gostar mesmo do Brasil, mas não havia melhor presente de
aniversário para quem comemorava seus 102 anos: a esperança de mudar para
melhor.
*É Professor em
Porto Velho.
Um comentário:
Fessor, bênça! Infelizmente , ´nossos ídolos ainda são os mesmos ´: o político que se diz o salvador , como um certo barbudo nos disse num passado não tão distante. E acreditamos . E depois? " Depois dores, sem remédio,
depois pranto, depois tédio,
depois... nada!" Inté!
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