Educação:
mudança viciada
Professor Nazareno*
Segundo especialistas, o Brasil possui
um dos piores sistemas de educação do mundo. A OCDE, Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, afirma que este país fica nos últimos
lugares quando o assunto é a sala de aula. Há mais de três décadas figurando
entre as dez maiores potências econômicas do planeta, nosso país nunca investiu
o necessário e nem valorizou este estratégico setor da vida nacional. Nunca
ganhamos um Oscar, nunca ganhamos um Prêmio Nobel, nunca tivemos boas
universidades nem escolas, nunca nos destacamos em absolutamente nada a nível
internacional. Por isso, há muito tempo existe a necessidade de se fazer uma
reforma completa na nossa educação. A última mudança, que foi mais um grande
fracasso e não levou a lugar algum, ocorreu em 1971 ainda na Ditadura Militar
com a lei 5.692.
As escolas brasileiras são péssimas,
vê-se isso sem precisar fazer muito esforço. Ao término do Ensino Médio, muitos
dos nossos alunos ainda são semianalfabetos, ou seja, analfabetos funcionais
mesmo, apesar de mais de doze anos de estudos. A maioria deles não consegue,
por exemplo, escrever em Língua Portuguesa um pequeno texto por mais simples
que seja, não têm leitura de mundo e tropeçam em operações matemáticas básicas.
Reforma na educação brasileira é algo mais do que urgente. Reforma.
E não uma gambiarra feita às pressas por meio de uma Medida Provisória e sem o
debate entre os envolvidos no processo como alunos, professores, pais, técnicos
e afins. Coisa absurda e típica de um governo golpista, que não tem o menor respaldo
popular para implantar quaisquer mudanças nestes dois anos que
infelizmente ainda lhe restam.
Há, no entanto, nessa pretensa reforma educacional
propalada, alguns pontos que merecem uma discussão mais ampla como o anunciado aumento
da carga horária no Ensino Médio para 1.400 horas/ano em vez das ridículas 800
horas que temos hoje. O problema é a falta de espaço físico para isso. E os “intelectuais
golpistas” já deviam saber desta defasagem na estrutura das escolas,
principalmente as públicas, que estão há tempos caindo aos pedaços. Outro
problema: qualquer reforma deveria começar pelas séries iniciais do Ensino
Fundamental e não quando o aluno já está “com a cabeça feita” numa faixa
etária acima dos 15 anos. Além do mais, não se mudará absolutamente nada em
termos de educação se alunos, professores, pais, técnicos, políticos e
sociedade são os mesmos já bitolados. “Papagaio velho não aprende a falar”,
ensina o ditado popular.
Dessa forma, deve-se acabar e não só remendar
essa velha estrutura já viciada, defasada e que quase nada produz em termos de
saber, informação e cultura. Os Estados Unidos implantaram a escola de tempo
integral para as séries iniciais ainda no século dezenove e depois ampliaram
para as séries seguintes. Os países da União Europeia, Japão e Coreia do Sul o
fizeram pouco tempo depois e já estão todos, por isso, colhendo os frutos. E
que frutos. A sociedade brasileira precisa incentivar a educação e valorizar o
professor e a escola se quiser ter esperanças mínimas de sucesso no futuro.
Todo e qualquer governo, golpista ou legítimo, precisa levar a educação a sério
e entender que é o futuro da nação que está em jogo. Os “sábios” desse
governo acham que uma simples canetada mudará o que foi feito para o fracasso.
Por isso, “querem mudar tudo para tudo continuar do mesmo jeito”. Só
falta agora nos empurrar a “Escola sem Partido”.
*É Professor em Porto Velho.
Um comentário:
Fessor, bênça!! Em Minas nóis fala que ´burro véio num péga marcha´, que diz o mesmo seu papagaio velho. E o senhor, claro, pode falar de carteirinha, pois vive in loco o drama - mas, infelizmente para nossas crianças ( e, consequentemente, nosso futuro ) quem dá as cartas são os engravatados . Inté!
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