O
Satanás é brasileiro
Professor Nazareno*
Muitas pessoas já ouviram falar de
que Deus é brasileiro. E marotamente ficam entusiasmadas com esta tolice
tipicamente nacional. Quando esteve no nosso país pela última vez, no Rio de
Janeiro, o Papa João Paulo Segundo disse que “se Deus é brasileiro, o papa é
carioca”. Errou feio o pontífice. Deus jamais poderia ter nascido numa
desgraça de país como este. Com mais de 200 milhões de habitantes e uma extensão
territorial invejável, a nossa pífia nação já foi a sexta potência econômica do
mundo tão somente por causa das commodities e jamais por causa de sua
capacidade de empreendedorismo ou produção de conhecimentos. O Brasil tem um
dos piores sistemas de educação do mundo e sem um Oscar ou um Prêmio Nobel entra
para o rol das nações inúteis sob o ponto de vista da importância geopolítica
internacional.
Se o Diabo não nasceu aqui,
certamente ele é o padroeiro-mor desta terra de ninguém. Hoje, a nossa rica
safra de problemas parece não ter mais fim. Praticamente fora da próxima Copa
do Mundo de futebol, já que é quase certo que não vamos ao torneio na Rússia
tendo em vista os terríveis resultados nas eliminatórias, a nação agoniza sob
os infindáveis problemas políticos, sociais e econômicos. Nem no futebol temos
a esperança de ser alguma coisa. Neste insólito país, a população saqueia carga
de qualquer caminhão que tombe na estrada. Só pode ser o “padroeiro” que
manda fazer um absurdo deste. Se ladrões, que são muitos, explodem um caixa
forte ou uma agência bancária, a população corre desesperada para catar as
notas espalhadas pelo vento como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
Será o cão ordenando que eles façam isso?
Nesta terra dominada pelos desejos
do Satanás, praticamente nada dá certo. Na política, por exemplo, vive-se um
verdadeiro “cu de mãe Joana”. Num arremedo de democracia, a presidente
Dilma Rousseff mentiu descaradamente para eleger a sua chapa nas últimas
eleições presidenciais. Eleita aos trancos e barrancos, agora pode ser
escorraçada do poder por opositores muito mais sujos do que ela e o PT, o seu
fracassado e corrupto partido. O Poder Judiciário, que numa crise institucional
como esta poderia ser o fiel da balança, comporta-se às vezes de maneira festiva
e pouco convencional. Juízes e Ministros do STF, picados pela “Mosca Azul”,
transformam-se em megasstar e não param de dar entrevistas e de participar de
programas televisivos. A crise política já virou uma ridícula e ultrapassada
disputa entre a Direita e a Esquerda.
Na nação onde o Capiroto manda, todo mundo quer levar vantagem em tudo.
Quase ninguém pensa no coletivo, somente no individual. E por isso toda a
sociedade perde. Se Dilma sair do poder, assume o vice-presidente Michel Temer,
que tem mais de 84% de rejeição popular e durante mais de duas décadas foi
companheiro inseparável dos petistas. Assim como a presidente, ele também é
alvo de um processo de impeachment e corre o risco de não assumir nada. No país adepto das trevas quentes, o terceiro na linha de sucessão é o peemedebista Eduardo
Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, que está enrolado até o pescoço em
falcatruas e desmandos e dispensa quaisquer comentários. Depois de Cunha, o
próximo é Renan Calheiros, presidente do Senado e que também responde a
inúmeros processos. O Cramunhão, saído das profundezas e melhor do que qualquer
um deles, devia assumir o poder maior no Brasil.
*É Professor em Porto Velho.
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