E
agora, Brasil?
Professor
Nazareno*
Não vou negar: entre um gole de cerveja
e outro, vibrei intensamente com a queda da presidente Dilma Rousseff. Da mesma
maneira como fiz quando o Fernando Collor foi escorraçado de Brasília há quase
25 anos. A saída da primeira mulher eleita presidente do nosso país, assim como
a do PT, o agora corrupto e ineficiente Partido dos Trabalhadores, trouxe certo
alívio e muitas esperanças para quem está na sofrência com tanta crise,
inflação, incompetência, desmandos, falta de governabilidade e corrupção. Mas
ao mesmo tempo um frio esquisito e perturbador me corre o corpo quando vejo que
os seus sucessores, Michel Temer e Eduardo Cunha, não reúnem as mínimas
condições morais e éticas para tirar o Brasil do enorme buraco de lama que os
políticos, e todos nós eleitores, o colocamos repetidamente nas últimas quatro
eleições presidenciais.
A alegria daquele minuto decisivo foi
interrompida pela volta à dura realidade. O processo de impeachment, ou mesmo
golpe, contra um governo democraticamente eleito com a bagatela de mais de 54
milhões de votos ensejará certamente reações desagradáveis. Além do mais, os
milhões de brasileiros favoráveis à queda da presidente podem ter sido
enganados mais uma vez segundo o Deputado Federal Alessandro Molon (Rede/RJ),
“se esse processo tivesse algo a ver com combater a corrupção, não seria
comandado por Eduardo Cunha. Ele é réu no STF em vários processos por lavagem
de dinheiro”. Resumindo: disseram aos tolos brasileiros que a saída da
Dilma e do corrupto PT do poder era o primeiro passo para colocar o país no
rumo certo e saindo toda a “quadrilha” do Planalto, os novos mandatários
fariam jorrar mel e leite das ruas.
O novo governo não será a panaceia
milagreira que resolverá os problemas do Brasil. O processo de afastamento da
presidente Dilma tem que ser só o começo de uma árdua e constante luta que pode
levar anos. Impeachment ou golpe não interessa, o PT mereceu sair do governo.
Roubou, mentiu e prevaricou como ninguém. Fez tudo o que dizia que ia combater.
Enganou os milhões de eleitores e fez como os conservadores da Direita. Por
isso, não tinha a menor condição, ética nem moral, para continuar nos
governando. Mas a chapa golpista Temer e Eduardo Cunha tem algum resquício de
moralidade e honestidade? A maioria dos políticos brasileiros infelizmente é
composta por ladrões, canalhas, escroques, corruptos, achacadores e toda a
sorte de banditismo que há. Só que todos eles são colocados lá por nós
eleitores a cada eleição que acontece.
A batalha não pode se encerrar com este
processo de impeachment. Ela é só o início de uma longa jornada que vai limpar
o Brasil destes maus políticos. Se Michel Temer, que assume o poder, não for
investigado também pelas suas pedaladas fiscais e erros, assim como nada acontecer
a Eduardo Cunha e ao PMDB, fica configurado o golpe e não processo legal de
impeachment. A Operação Lava Jato, por exemplo, não pode acabar de uma hora
para outra. Tem que ir até o fim “doa a quem doer”. Dura Lex, sede Lex! Porém,
toda essa “barafunda” pode ter sido uma jogada da Direita, envolvida até
o pescoço em roubo e maracutaias, para se safar de possíveis futuras punições. O
ex-presidente Lula, se for comprovada a sua culpa, deve responder por todos os
seus erros. Assim como todo e qualquer político. Toda e qualquer autoridade.
Todo e qualquer cidadão. Se for para mudar, que se mude a política e o Brasil.
E não só a Dilma e o PT.
*É Professor em
Porto Velho.
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