Impeachment
anistiará corruptos
Professor
Nazareno*
O processo de
impeachment ou golpe parlamentar que o PT, Partido dos Trabalhadores, e a presidente
eleita do Brasil sofreram no dia 17 de abril último serviu, dentre outras
coisas, para que os brasileiros comuns passassem a se interessar mais pela
política, “a mais importante dentre todas as ciências” segundo o
filósofo Aristóteles. Mas só por enquanto, infelizmente. Se a comoção que
arrebatou milhões de cidadãos continuasse, certamente este não seria o último
encontro dos deputados federais, mas o primeiro de uma enorme série para limpar
o Brasil do mal da corrupção e da roubalheira que se entranhou em todos os
setores da vida nacional. Se assim não for e as coisas esfriarem, fica então
caracterizado que o objetivo das forças reacionárias era tão somente tirar a
Dilma e o PT do poder, assim se caracterizando como um golpe mesmo.
Difícil pensar diferente: a maioria
dos deputados que votou favoravelmente à saída da presidente está envolvida em corrupção
e toda sorte de delitos. O deputado Eduardo Cunha, que comandou todo o rito,
encabeça a lista de corruptos, já responde a vários processos no STF e pode até
não sair: já há deputados falando que “o excelente trabalho” capitaneado
por ele o credencia para ser anistiado naquela casa de leis. Sai Dilma e o PT,
entra Michel Temer, Cunha, o PMDB, o PSDB e mais uma infinidade de pequenos
partidos que deram apoio ao golpe. Segundo Ciro Gomes, ex-governador do Ceará,
“se o impeachment passasse, uma coalizão de bandidos assumiria o poder no
Brasil”. Dilma e a sua turma tinham mesmo que sair, não havia a menor
dúvida, mas o pior de toda essa bandalheira é “ter trocado seis por meia
dúzia” e voltarmos ao zero.
O desgoverno do PT arruinou o Brasil,
é verdade. Mas os novos mandatários do país não farão jorrar mel e leite das
ruas. O país agora na era Temer e Cunha não será certamente um paraíso com
coelhinhos saltitantes e borboletas azuis nem terá a panaceia milagreira que
resolverá todos os nossos problemas. E quem se vestiu com as cores da seleção
nacional de futebol e foi às ruas apoiar a derrubada da presidente eleita pode
ter que ficar com o MICO: participou e deu apoio, junto com muitos
políticos ladrões e desonestos, a um golpe arquitetado só para anistiar
corruptos, canalhas e bandidos. O nível vergonhoso e deprimente dos debates
entre os “representantes do povo brasileiro” indica claramente que a
farra com o dinheiro público vai continuar. E agora com menos punição ainda.
Mas “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, tudo é valido.
O dia 17 de abril de 2016 pode
entrar para a nossa História como o 31 de março de 1964 só que agora com o
apoio e a aceitação de risonhos jovens vestidos de verde e amarelo. Aliás,
adoradores da ditadura militar e de notórios torturadores não faltaram ao triste
espetáculo. Jair Bolsonaro, deputado ultradireitista e um dos apoiadores
daquela indecência golpista, dobrou suas intenções de votos para as próximas
eleições presidenciais. A bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) angariou mais simpatizantes
pelo país. Durante o espetáculo da direita, não faltaram loas e elogios a
militares torturadores como o coronel Brilhante Ustra. Passada a festa
conservadora, resta saber se a Operação Lava Jato continuará com a mesma
disposição de antes para colocar ladrões do dinheiro público atrás das grades.
Quando “Deus, torturadores e parentes de deputados” derrubam uma
presidente é sinal de que muita coisa ainda tem que mudar na política.
*É Professor em
Porto Velho.
Um comentário:
Eu não ligo muitos aos conceitos 'Direita' e 'Esquerda'.
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Se defender mais poder negocial para o contribuinte/consumidor é ser de 'Esquerda', então eu sou de 'Esquerda'.
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Mais:
A DEMOCRACIA É UMA FORMA de dotar o contribuinte/consumidor de algum poder negocial...mas, todavia, no entanto... esse poder negocial deverá ser aprofundado (ver Exemplo 1, e Exemplo 2).
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EXEMPLO 1:
O CONTRIBUINTE TEM QUE SE DAR AO TRABALHO!!!
-» Leia-se: o contribuinte tem de ajudar no combate aos lobbys que se consideram os donos da democracia!
---»»» Democracia Semi-Directa «««---
-» Isto é, votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco... isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a ‘coisa’ terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
-» Explicando melhor, em vez de ficar à espera que apareça um político/governo 'resolve tudo e mais alguma coisa'... o contribuinte deve, isso sim, é reivindicar que os políticos apresentem as suas mais variadas ideias de governação caso a caso, situação a situação, (e respectivas consequências)... de forma a que... possa existir o DIREITO AO VETO de quem paga!
[ver blog « http://fimcidadaniainfantil.blogspot.pt/ »]
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EXEMPLO 2:
CONCORRÊNCIA A SÉRIO!!!
Não há necessidade do Estado possuir negócios do tipo cafés (etc), porque é fácil a um privado quebrar uma cartelização... agora, em produtos de primeira necessidade (sectores estratégicos) - que implicam um investimento inicial de muitos milhões - só a concorrência de empresas públicas é que permitirá COMBATER EFICAZMENTE A CARTELIZAÇÃO privada.
[ver blog « http://concorrenciaaserio.blogspot.pt/ »]
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P.S.
-» A ocasião faz o ladrão!
-» O contribuinte PAROLO_ista faz o golpista!
-» Ao passar um cheque em branco aos políticos... o contribuinte PAROLO_ista está a incentivar o golpista... a aplicar um 'chega-para-lá' no adversário político... porque o golpista sabe que ao fazê-lo fica com a faca e queijo na mão!
-» O contribuinte não pode passar um cheque em branco a nenhum político!!!
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