A nação do patriotismo pré-datado
Professor
Nazareno*
Sete de setembro. Os brasileiros
alegres e eufóricos não escondem o largo sorriso estampado no rosto. Ninguém
consegue se desvencilhar da alegria, do otimismo e do entusiasmo latente neste
momento. Próximo aos postes de energia, as ruas são enfeitadas com bandeirolas
verde-amarelas. Asfaltos, calçadas e meios fios são todos pintados em tons
nacionais. A bandeira do país está garbosamente hasteada por toda parte. Os carros
estão quase todos decorados com o Pavilhão Nacional. Algumas casas também seguem
o ritmo frenético do patriotismo explícito e por meio de seus nacionalistas
proprietários esnobam o seu incondicional amor ao país. No comércio não se vê
outra coisa senão os funcionários vestidos orgulhosamente com roupas ostentando
as cores nacionais. Escolas fazem suas atividades de forma que só lembram a
nação.
Igrejas, hospitais, cadeias, repartições
públicas, empresas privadas. Todos, nesta nobre ocasião estão irmanados em
demonstrar o quanto amam e veneram a Pátria. O desfile é o ponto alto deste
momento único. A multidão aplaude interminavelmente as suas autoridades
constituídas. O risonho e aclamado Prefeito da cidade, acompanhado do seu vice,
não esconde a sua alegria e quando pede para falar é várias vezes calado e interrompido
pelos aplausos ensurdecedores e pelos gritos de euforia dos espectadores. O
Governador do Estado, junto ao seu secretariado, também é ovacionado de forma
calorosa e estridente pela plateia delirante. Várias autoridades da cidade e do
Estado como Vereadores e Deputados Estaduais se revezam na preferência do
povão. Todos querem ouvir as sábias palavras de seus amados, probos e gloriosos
representantes.
No Brasil, o dia da Independência, data
maior da pátria, é assim: uma festa só. As ruas, decoradas para esta ocasião
ímpar, estão sempre limpas e asseadas. Após os desfiles, continuam mais limpas
do que antes de começar a festa e por isso não se encontra um único vestígio de
lixo ou imundície. Cantam-se hinos “a capela” a todo instante. O hino
nacional e também “Céus de Rondônia”, por exemplo, são entoados
espontaneamente pelos transeuntes. Nesta data não se ouvem outras músicas.
Crianças vestidas a caráter desfilam para a alegria de seus pais, que fazem
coraçõezinhos com as mãos. Emocionados, alguns choram de alegria. Os garotos
pisam tão forte no compasso do bumbo que só faltam afundar o solo. Para delírio
geral, as Forças Armadas mostram suas vestes impecavelmente passadas e suas
armas letais. Brasil, uma potência de nação.
É visível numa hora destas, o
orgulho de ser brasileiro estampado no rosto de cada uma das pessoas que vão
aos desfiles cívicos. Nosso arraigado e belo patriotismo não é, como muitos
críticos equivocadamente afirmam, apenas com a seleção de futebol na Copa do
Mundo. É profundo demais e dura quase um mês ou até mais. Nossas honras e
glórias, tão condizentes com a nossa História, estão respaldadas e estampadas
em nossa linda bandeira, já que o ouro, o céu e as matas são frutos apenas do
nosso trabalho e da nossa força enquanto povo batalhador que sempre fomos. E o
nosso Brasil, nossa pátria amada, ergue-se heroicamente nesta data cívica, dos
mentirosos e inexistentes estados de miséria, de fome, de prostituição, de
abandono, de corrupção, de roubo, de discriminação, de desemprego, de alienação
e de tantas outras coisas mais. Por tudo isso, ainda arrepiado e quase chorando
de fortes emoções, viva o “brasil”!
*É Professor em
Porto Velho.
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