Como
não houve um golpe?
Professor
Nazareno*
A
direita, a extrema-direita e todos os reacionários de um modo geral “acertaram”
em cheio: no dia 8 de janeiro de 2023 não houve tentativa de golpe de Estado no
Brasil. O que houve ali foi apenas uma manifestaçãozinha singela, pacífica e
bem organizada por velhinhas e por coroinhas de igreja que portavam suas
bíblias. Os manifestantes estavam só um pouco inconformados com o resultado das
eleições presidenciais, que colocaram Luiz Inácio Lula da Silva no poder. Só
que no primeiro turno dessas mesmas eleições os bolsonaristas e radicais da
direita elegeram a maioria dentro das assembleias legislativas estaduais, a
maioria na Câmara dos Deputados e também a maioria no Senado Federal. Isso sem
falar que essas mesmas urnas eletrônicas, que derrotaram Bolsonaro, elegeram a
maioria dos 27 governadores da direita nos Estados. Então, quais urnas eles
criticavam?
Os
reacionários estão clamando hoje por anistia para todos os participantes
daquela “festinha” do 8 de janeiro em Brasília. Ora, anistia por quê, se
eles não fizeram nada de errado? Disseram até que naquele dia a Esplanada dos
Ministérios estava tomada por petistas infiltrados só para provocar a baderna
que se viu. Estranho, a esquerda, que já estava no poder, se organizar para dar
um golpe nela própria. E ainda por cima usando os militantes da direita e da
extrema-direita radicais, ou seja, o gado bolsonarista. Jair Messias Bolsonaro,
o radical, negacionista e inelegível ex-presidente, não devia ser preso: já
era para ele estar enjaulado há muito tempo! Preso pela negligência das
mais de 700 mil mortes na pandemia. Preso por enaltecer um torturador como
Brilhante Ustra. Preso por atentar contra a nossa democracia. Preso também por
tentar um golpe de Estado.
Um
amigo meu, que era da esquerda radical e hoje milita na extrema-direita,
insiste em me dizer que não houve uma ditadura militar no Brasil entre 1964 e
1985. Está igual ao cantor Zezé de Camargo, que nega de forma veemente que
tivemos uma ditadura militar por aqui. “Se era uma ditadura, qual era o nome
do ditador, Nazareno?”, pergunta cinicamente esse meu amigo. Ora, a ditadura
militar teve pelo menos cinco gorilas como presidentes do Brasil.
Nenhum deles foi eleito pelo povo e jamais tiveram um só voto sequer dos
brasileiros. Além do mais, se não era uma ditadura, como explicar que numa
democracia plena o Congresso Nacional tenha sido fechado, a imprensa fora
censurada e houve também a criação de órgãos de repressão e de torturas a
oposicionistas como os famigerados DOI-CODI? E isso sem falar nas 493 mortes e nos
desaparecidos políticos.
O
STF tem que julgar, condenar e prender imediatamente Jair Bolsonaro e todos os
seus asseclas que participaram da última tentativa de golpe, assim como deixar
os participantes do 8 de janeiro no cárcere por pelo menos dez anos. Agindo
assim dentro da lei e do direito ao contraditório, o ministro Alexandre de
Moraes, que fora colocado no STF pelo ex-presidente golpista Michel Temer e não
por Lula ou Dilma, apenas fará justiça e não permitirá que aventuras golpistas
se repitam tão cedo. Na democracia é assim: não governou bem, o povo sempre
através do voto soberano substitui o mau governante. Lula, por exemplo, está
fazendo agora um péssimo governo. Tem que ser trocado nas próximas eleições se
não melhorar. O petista não mudou a cor da nossa bandeira, não deu picanha ao
povo, não resolveu a questão do fogo na Amazônia e em outros biomas e não deu
dignidade aos yanomamis. Tem que ser trocado, mas sem golpe!
*Foi Professor em Porto
Velho.
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