Somos,
ainda, uma democracia!
Professor Nazareno*
O ex-presidente Jair
Bolsonaro está na iminência de ser preso. O STF começará em breve a julgá-lo
por tentativa de golpe de Estado, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático
de Direito, por tentativa de assassinato de várias autoridades do atual governo
e por inúmeros outros crimes. A PGR, Procuradoria Geral da República, já
o tornou réu assim como vários outros dos asseclas dele. O “gado”
bolsonarista está desesperado. Seu ídolo, assim como muitos de seus cúmplices,
se condenados forem, vão tirar alguns meses ou mesmo até alguns anos de prisão.
Até aí nada de anormal. A lei foi cumprida, todo o ritual da Justiça foi
seguido e os réus estão tendo a defesa do contraditório e todos eles têm bons
advogados para lhes defender. Desesperada, a “gadaiada”
diz que o Brasil de hoje não está vivendo em uma democracia.
Claro que somos uma
democracia. Porém entre 1964 e 1985 estávamos em uma ditadura feroz comandada
pelos militares golpistas. Hoje, a situação é bem diferente. Para começar a
conversa, há pouco mais de dois anos votei em Lula para presidente da República.
Para governador do Estado de Rondônia na última eleição, por exemplo, anulei o
meu voto. Mas se quisesse poderia ter escolhido entre Marcos Rocha ou Marcos
Rogério. Para prefeito da capital votei no Léo Moraes sem nenhum problema. E
para o próximo ano vou votar de novo e escolher governador e presidente, além
de várias outras autoridades. A cada dois anos temos eleições livres e
democráticas. Não temos hoje um só preso político sendo torturado ou enclausurado
nas masmorras ilegais do regime como eram os temíveis DOI-CODI da época em que tortura
era normal e uma política de Estado.
Aquilo sim, é que era de
fato uma ditadura sanguinária. Já ouvi dizer que se o Bolsonaro for preso
haverá reação dos “patriotários” e as coisas podem fugir
do controle do Estado. Tolice! Bobagem! Balela! Lula foi preso e tirou quase
dois anos de cana. E não houve reação nenhuma. O mesmo pode acontecer como o “Bozo”.
Ele é julgado, preso e depois que sair do xilindró pode até ser eleito, de
novo, presidente da República. Só que como está inelegível, isso só acontecerá
depois de 2030. Muita gente acusa o STF, sempre sem provas, de ser uma ditadura
feroz e que os arruaceiros e baderneiros do 8 de janeiro são presos políticos.
Para ser presos políticos eles precisam “comer muito mais feijão”.
Precisam ler mais obras políticas, sociais e filosóficas. Além do mais, todos
tiveram advogados e nenhum deles foi torturado, desaparecido ou morto.
Essa gente realmente não
sabe o que é uma ditadura! Claro que a nossa democracia ainda não é perfeita.
Tem muitas contradições, mas com 40 anos está se aperfeiçoando a cada dia.
Bolsonaro será julgado e preso e os desordeiros do 8 de janeiro podem até ser
anistiados, mas tudo só dependerá do Congresso Nacional. Houve baderna,
quebra-quebra e invasão dos prédios dos três poderes em Brasília. Alexandre de
Moraes e os outros ministros do STF fizeram o que tinha que ser feito: colocaram na cadeia todos os que conseguiram pegar. E todos eles foram julgados e condenados.
E tiveram direito a advogados. E os direitos humanos de cada um foram
respeitados. Ou alguém dali foi submetido a um pau-de-arara ou teve ratos colocados
em suas partes íntimas? Mesmo sendo favorável à tortura, Bolsonaro e seus
cúmplices não serão jamais submetidos a um tratamento desumano. Como gostaria
que ditadura fosse como essa em que vivemos hoje!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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