Maldade
com muita convicção
Professor
Nazareno*
Depois
dos quatro anos do desgoverno Jair Bolsonaro no Brasil, entre 2019 e 2022, cujo
legado maior foi a ruindade, a morte de indígenas, o preconceito contra as
minorias, os ataques à democracia, a misoginia, o roubo de joias, o
negacionismo à ciência, o incentivo à destruição ambiental, a corrupção às
escondidas, a homofobia e muitos outros tipos de maldades e anacronismos, eis
que surgem perguntas bastante incômodas: por que em pleno século XXI, tanta
gente ainda se identifica com estas pautas totalmente repudiadas no mundo mais
civilizado? Por que o bolsonarismo tem hoje, segundo pesquisas, mais de 22
milhões de seguidores só no Brasil? Por que Jair Bolsonaro teve nas últimas
eleições quase 60 milhões de votos apenas no segundo turno? Por que no primeiro
turno, direita e extrema-direita elegeram a grande maioria de seus candidatos?
Muitos
dizem que se o “genocida” ex-presidente tivesse trazido a vacina contra
a Covid-19 ainda em novembro de 2020 e não tivesse debochado tanto dos mortos e
dos infectados pelo vírus, ele não encontraria adversários à altura e teria
ganhado as eleições com mais de 75 por cento dos votos válidos. A maldade,
portanto, não está somente no “Mito”, mas em todos aqueles que lhe deram
apoio político, nele votaram e ainda hoje o defendem com unhas e dentes. Óbvio
que a própria opinião política conservadora não quer mais se desgastar com as
barbaridades ditas pelo ex-chefe da nação. Bolsonaro já é “carta fora do
baralho” e assim muita gente hoje já quer se livrar dele. Por isso, muitos
comentaristas políticos apostam que ele não será preso agora pelos crimes que
cometeu, mas perderá seus direitos políticos e certamente ficará no ostracismo
por um bom tempo.
Winston
Churchill teria dito que a democracia é a pior forma de governo, à exceção de
todas as outras demais formas. Ou seja, hoje em dia baseando-se nesta
afirmação, o mundo dito civilizado condena ferozmente as ditaduras, o fascismo,
a censura, as perseguições políticas, o desrespeito aos direitos humanos, os
golpes de Estado, os massacres, os genocídios e também todas as outras
monstruosidades que se perpetrem contra os povos. Mas a pergunta insiste: por
que no Brasil, Jair Bolsonaro e seus asseclas são ainda tão endeusados por seus
seguidores e puxa-sacos? Talvez a resposta seja: por causa do dinheiro e do
poder. O sujeito pode até ser contra toda esta relação de maldades, de
preconceitos e de arbitrariedades, mas se ganhar bem para segui-la que mal há
nisso? Pensa-se: “às favas com a democracia. Primeiro eu, depois Mateus”.
“Sou contra
toda e qualquer censura usada pelos meios de comunicação, mas se eu recebo muito
dinheiro do prefeito, da Assembleia Legislativa ou do governador em exercício
para não falar mal de nenhum deles, não vejo problema algum”, devem pensar,
por exemplo, muitos dos donos desses mesmos meios. Numa hora dessas, os
picaretas proprietários dessa abjeta imprensa escroque sequer se lembram do
grande Joseph Pulitzer. “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária,
demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”, disse o
jornalista e pensador. O dinheiro sempre corrompeu e ainda corrompe a quase
todos. Assim, as muitas maldades de Jair Bolsonaro e do chamado Bolsonarismo
encontraram eco no meio de grande parte da nossa ambiciosa sociedade. Por isso,
para muitos não interessa se temos capitalismo, comunismo, socialismo, ditadura
ou a democracia. “Sou do mal, mas ganho bem”. E daí?
*Foi Professor em Porto
Velho.
Um comentário:
Verdade! Pelo poder o homem rasga seu projeto de valores e ética se vendendo por míseros favores.
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