O “Mito” e o novo léxico
Professor
Nazareno*
O governo de
Jair Messias Bolsonaro pode estar já se encaminhado para o seu melancólico
final em outubro deste ano com as eleições, mas não há como negar que, por pior
que tenha sido, deixará para os brasileiros uma infinidade de palavras novas
que podem ser incorporadas ao vocabulário nacional. Com a sua bisonha e equivocada
eleição em fins de 2018, que novas palavras e expressões passaram a fazer parte
das conversas do dia-a-dia de muitos brasileiros seguidores ou não das ideias
desta figura mais do que folclórica. Desde a “vassourinha mágica” de Jânio Quadros, que varria a corrupção, até o
“Caçador de Marajás” incorporado por
Fernando Collor, que não nos divertíamos tanto com as leseiras e as bizarrices de
um presidente da República. O apelido do cidadão já dá pistas para esta
verdadeira excrescência gramatical: o “Mito”.
Ele mesmo chegou
a insinuar, em meio às gargalhadas, que colocaram este nome nele talvez por que
ele gosta muito de palmito. Já Bozo, um antológico palhaço da televisão,
foi outro nome que também serviu para apelidá-lo. Porém, a palavra gado
foi amplamente usada para designar todo aquele cidadão seguidor do político. Gado
seria então o indivíduo que segue a manada sem pensar, sem questionar. Apenas
obedecendo a ordens superiores vindas não se sabe de quem. Enfim, gado
são todos os sujeitos, alienados ou não, que seguem alegres e felizes para o abate
no matadouro. Mas a denominação “Rachadinha”
se popularizou no país inteiro como sendo algo muito inerente ao presidente
Bolsonaro e a toda a sua família, principalmente seus filhos. Rachadinha
é contratar funcionários para “trabalhar”
nos gabinetes e dividir o salário.
Negacionistas
é outro termo muito usando para designar Bolsonaro e seus seguidores. Negam a
ciência, as pesquisas, as vacinas, o conhecimento, a História e tudo o que se
baseia em evidência científica. O que vale para um negacionista são suas
opiniões velhas e ultrapassadas. E gripezinha entrou para os anais da
língua como sendo toda e qualquer doença que é assintomática ou apresenta
sintomas fracos. Para muitos dos seguidores de Jair Bolsonaro, os bolsomínions,
a Terra ainda é plana. Por isso, “terraplanistas”
lhes caiu como uma luva. E durante a pandemia do Coronavírus, remédios sem
nenhuma eficácia científica como Cloroquina e Ivermectina, foram
prescritos para combater o vírus. Muitas mortes por isso. Assim, Genocida
foi muito usado. E diante dos obstáculos criados para vacinar as crianças,
apareceu o infanticida.
Muitos outros nomes e expressões
surgiram e ainda surgem para delírio dos aficionados nas letras: mamadeira
de piroca, Jesus da goiabeira, Globolixo (a Rede Globo de
Televisão), antivacinas, Centrão (antes execrado e hoje
endeusado), Xandão (o desafeto ministro Alexandre de Moraes do STF), excludente
de ilicitude, Marxismo cultural, vitimismo, Escola sem
partido, extrema-direita, ideologia de gênero, “passar a boiada” (expressão do
ex-ministro do Meio Ambiente para devastar e incendiar a Amazônia e outros
biomas nacionais), despetização, extrema imprensa (para designar
e atacar a mídia contrária à ideologia do governo). Tratamento precoce
para combater um vírus. Fascista, Golden Shower, Kit Gay (dito
falsamente que era usado em escolas primárias), Posto Ipiranga, o
ministro Paulo Guedes da Economia. Fakeada (a falsa facada). Assim, engana-se
quem diz que Bozo em nada contribuiu para o Brasil, talkey?
*Foi
Professor em Porto Velho.
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