domingo, 23 de janeiro de 2022

O “Mito” e o novo léxico

O “Mito” e o novo léxico

 

Professor Nazareno*

 

O governo de Jair Messias Bolsonaro pode estar já se encaminhado para o seu melancólico final em outubro deste ano com as eleições, mas não há como negar que, por pior que tenha sido, deixará para os brasileiros uma infinidade de palavras novas que podem ser incorporadas ao vocabulário nacional. Com a sua bisonha e equivocada eleição em fins de 2018, que novas palavras e expressões passaram a fazer parte das conversas do dia-a-dia de muitos brasileiros seguidores ou não das ideias desta figura mais do que folclórica. Desde a “vassourinha mágica” de Jânio Quadros, que varria a corrupção, até o “Caçador de Marajás” incorporado por Fernando Collor, que não nos divertíamos tanto com as leseiras e as bizarrices de um presidente da República. O apelido do cidadão já dá pistas para esta verdadeira excrescência gramatical: o “Mito”.

Ele mesmo chegou a insinuar, em meio às gargalhadas, que colocaram este nome nele talvez por que ele gosta muito de palmito. Já Bozo, um antológico palhaço da televisão, foi outro nome que também serviu para apelidá-lo. Porém, a palavra gado foi amplamente usada para designar todo aquele cidadão seguidor do político. Gado seria então o indivíduo que segue a manada sem pensar, sem questionar. Apenas obedecendo a ordens superiores vindas não se sabe de quem. Enfim, gado são todos os sujeitos, alienados ou não, que seguem alegres e felizes para o abate no matadouro. Mas a denominação “Rachadinha” se popularizou no país inteiro como sendo algo muito inerente ao presidente Bolsonaro e a toda a sua família, principalmente seus filhos. Rachadinha é contratar funcionários para “trabalhar” nos gabinetes e dividir o salário.

Negacionistas é outro termo muito usando para designar Bolsonaro e seus seguidores. Negam a ciência, as pesquisas, as vacinas, o conhecimento, a História e tudo o que se baseia em evidência científica. O que vale para um negacionista são suas opiniões velhas e ultrapassadas. E gripezinha entrou para os anais da língua como sendo toda e qualquer doença que é assintomática ou apresenta sintomas fracos. Para muitos dos seguidores de Jair Bolsonaro, os bolsomínions, a Terra ainda é plana. Por isso, “terraplanistas” lhes caiu como uma luva. E durante a pandemia do Coronavírus, remédios sem nenhuma eficácia científica como Cloroquina e Ivermectina, foram prescritos para combater o vírus. Muitas mortes por isso. Assim, Genocida foi muito usado. E diante dos obstáculos criados para vacinar as crianças, apareceu o infanticida.

Muitos outros nomes e expressões surgiram e ainda surgem para delírio dos aficionados nas letras: mamadeira de piroca, Jesus da goiabeira, Globolixo (a Rede Globo de Televisão), antivacinas, Centrão (antes execrado e hoje endeusado), Xandão (o desafeto ministro Alexandre de Moraes do STF), excludente de ilicitude, Marxismo cultural, vitimismo, Escola sem partido, extrema-direita, ideologia de gênero, “passar a boiada” (expressão do ex-ministro do Meio Ambiente para devastar e incendiar a Amazônia e outros biomas nacionais), despetização, extrema imprensa (para designar e atacar a mídia contrária à ideologia do governo). Tratamento precoce para combater um vírus. Fascista, Golden Shower, Kit Gay (dito falsamente que era usado em escolas primárias), Posto Ipiranga, o ministro Paulo Guedes da Economia. Fakeada (a falsa facada). Assim, engana-se quem diz que Bozo em nada contribuiu para o Brasil, talkey?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

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