A temível volta
das férias
Professor
Nazareno*
Estamos em pleno mês de janeiro. E
boa parte dos rondonienses natos ou mesmo aqueles que se consideram “rondonienses de coração” e que
geralmente têm dinheiro e condições “montam
no porco” e vão passar as férias nos lugares mais paradisíacos do país. Da
Serra Gaúcha às praias do Nordeste, o que se observam são pessoas postando
fotos nas redes sociais. Em Rondônia, definitivamente não há o que fazer num
período de férias. Em Porto Velho é pior ainda. Só um louco das ideias ou um
liso, como é o meu caso, é que tem coragem suficiente para ficar neste lugar
infernal para gozar o seu merecido
descanso. Porém, é preciso ter muito cuidado em tempos de pandemia. A variante Ômicron
do Coronavírus está infectando a todos e os casos aqui, que já estavam
aumentando devido às festas de fim de ano, podem ter um avanço exponencial.
Durante o verão amazônico em meados
do ano, é Rondônia que sacaneia com o sul e o sudeste do país mandando para lá a
fumaça tóxica e a conhecida chuva ácida oriundas das muitas queimadas da
região. Mas o Brasil dá o troco no final do ano quando recebe multidões de
matutos rondonienses buscando os encantos de Curitiba, da Serra Gaúcha, das
chapadas do centro-oeste e das encantadoras praias nordestinas. Fazer fotos
comendo camarão, lagosta ou outras iguarias é um hábito quase certo dessa gente
deslumbrada. O fato é que todos estão certos. Ficar na chuvosa e enlameada
Porto Velho neste período para ver o quê? Aqui não tem turismo e nem atrações importantes
que se possam visitar. Um sujeito de juízo não vai à Praça da Estrada de Ferro
Madeira Mamoré. Ali é onde se tem a maior concentração de fezes humanas por
metro quadrado.
Para muitos é melhor correr o risco
de se infectar pelo Coronavírus do que ficar na imunda capital de Roraima sem
ter o que fazer. Nesta época pré-eleitoral, a cidade vira um verdadeiro
canteiro de obras. A atual administração municipal teve a “brilhante” ideia de colocar asfalto sobre asfalto para que todos
vejam o quanto se trabalha aqui. Mas nada se fala sobre a falta de esgotos, de
água tratada e de saneamento básico da cidade porca onde vivemos. Nada se diz
também sobre a falta de áreas de lazer, de praças floridas ou parques cheios de
árvores. As poucas que ainda existiam em Porto Velho foram arrancadas pela raiz
e nada colocaram no lugar. O exemplo maior foi aquele arcabouço vegetal que
havia na Avenida Tiradentes. Árvores frondosas com sombra abundante. Ali está
hoje o maior deserto. A feiura de lá espanta até morcegos.
Por isso, senhores “turistas” rondonienses: tenham muito
cuidado ao voltar das suas férias. Façam uma quarentena de pelo menos cinco
dias antes de ter contato com qualquer pessoa que teve a infelicidade suprema de
ficar por aqui. A pandemia da Covid-19 ainda não acabou e a terceira onda que
se anuncia pode ainda ser mortal. Além do mais, não agindo assim seria castigar
duas vezes as pessoas que não viajaram. Isso sem falar na gripe influenza que
está a todo vapor nestas terras karipunas. Em Porto Velho e Rondônia, mesmo
antes da pandemia, nunca houve dias bons e os que se anunciam parecem ser mais
tenebrosos ainda com recordes de infecções para continuar castigando a
ineficiente e quase inexistente estrutura de saúde pública. Tenham coragem
suficiente para encarar também a dengue, malária, chikungunya e zica que nunca
diminuíram por aqui. E ganhem muita grana para gastar tudo de novo lá fora em
2023.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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