Farsas: Deus,
Pátria, Família
Professor
Nazareno*
Estas três
palavras são quase mágicas na História da Humanidade. Desde tempos remotos até
os dias atuais, elas têm sido sempre usadas como a receita perfeita para se
construir impérios, conquistar povos, acumular riquezas, semear ódio, promover
matanças, oprimir cidadãos, perseguir pessoas e cometer toda a sorte de
barbáries e de perversidades. Porém, elas não existem como são apregoadas.
Podem não passar de ficção, tolices e invencionices do próprio homem para se
perpetuar no poder. Jair Bolsonaro, por exemplo, na última campanha eleitoral
que o levou à Presidência da República, foi exímio em usá-las em benefício
próprio para atingir seus objetivos. E, óbvio, era tudo mentira. Como pode um
ser humano acusado de tendências ditatoriais, machista, misógino, homofóbico,
genocida e infanticida ter Deus como maior fortaleza?
Às vezes me pergunto: que Deus é
esse da extrema-direita que compactua com todas essas barbaridades? O país todo
sabe que Bolsonaro não quis comprar vacinas a tempo para evitar mortes pela
Covid-19. Fala-se que o presidente do Brasil seria o maior responsável pela
morte de mais de 200 mil cidadãos brasileiros que não puderam ser vacinados a
tempo. O total de mortos pela pandemia até agora já ultrapassa a marca de 625 mil
mortes com mais de 25 milhões de infectados. Para vacinar as crianças entre
cinco e onze anos, Bolsonaro criou briga com meio mundo e disse publicamente
que sua filha não seria vacinada. Mas usar o nome de Deus para matar não é um
fato apenas de hoje. Durante as Cruzadas e as guerras de conquistas em séculos
passados, milhões de pessoas inocentes foram assassinadas em nome de algo que
talvez nunca tenha existido.
Outra lorota também muito
incentivada é o amor à pátria. Ora, se a pátria somos todos nós, como explicar
que em nossa nação, que é uma das maiores produtoras mundiais de alimentos,
existam pessoas catando o que comer nos carros de lixo? Como explicar a fome, a
injustiça, as perseguições, o desemprego, a falta de moradia e de dignidade
para a maioria dos nossos cidadãos? Em nome da pátria, nossas Forças Armadas,
em conluio com a direita e a extrema-direita, deram um golpe em 1964 para “nos livrar do Comunismo”, mas
mergulharam o país num dos piores momentos de sua recente História. Censura,
tortura a muitos opositores do sanguinário regime, injustiças, cassações,
exílio, perseguições e assassinatos foram o saldo cruel da última intervenção
militar que vivemos. A História não registra outra coisa da malfadada aventura
fardada.
Família é a última das tolices
inventadas pelos homens para exercer o domínio sobre os mais idiotas.
Bolsonaro, o Deus de muitos brasileiros, se disse defensor intransigente da
família brasileira. Só que não se sabe de qual família ele estava falando, já
que está no quarto ou quinto casamento. Mas muitos acreditaram na fanfarronice
do “Mito” e pelo menos 57 milhões
votaram nele nas últimas eleições. Um professor de História, amigo meu,
disse-me que ia votar nele por que o via como o maior defensor da família
brasileira. Família é aquele ambiente onde existe amor, união, afeto, respeito,
confiança e fraternidade. Não importa quem sejam seus componentes nem como
vivem. Bolsonaro e os bolsomínions de um modo geral enganaram grande parte do
Brasil por que as pessoas aqui infelizmente têm pouca ou nenhuma leitura de
mundo. E durante a próxima campanha eleitoral, as mentiras, os engodos e as
bravatas nos voltarão de novo.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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