O Cazaquistão
não é aqui
Professor
Nazareno*
O Cazaquistão é
um grande país da Ásia Central. Integrante da ex-União Soviética, o lugar tem
uma população de aproximadamente 19 milhões de habitantes e a nona maior área
em quilômetros quadrados do mundo. Os cidadãos cazaques estão revoltados com a
política de aumento de preços do governo local e por isso, indignados, ocupam
as ruas das principais cidades da nação. O banho de sangue foi inevitável e já
há muitos mortos e feridos. Almaty, ex-capital e maior cidade, está em estado
de sítio e o presidente, Kassym-Jomart Tokayev, acuado e com muito medo, prometeu
abaixar o preço dos combustíveis pelos próximos seis meses para “garantir a estabilidade do país”. Mas
manifestantes não param e já responderam com a invasão do gabinete do prefeito
de Almaty, incendiando o local. Tropas da Rússia podem intervir no caos local.
O atual presidente do Cazaquistão é
uma espécie de “Salvador da Pátria” e
foi eleito há três anos prometendo acabar com a velha política do país. Durante
a campanha mentiu descaradamente para os seus tolos eleitores e usou em demasia
as fakenews para conseguir se eleger. Além do mais, conseguiu que um dos
líderes da oposição fosse preso e não concorresse com ele ao cargo de
presidente. Durante seu governo à frente do país, criou brigas institucionais
com os outros poderes e quase todo dia ameaçava romper com a frágil democracia.
Com medo de ser afastado pelo Congresso Nacional, aliou-se a um grupo de
deputados notadamente corruptos para se garantir no poder. Na pandemia do
Coronavírus, por exemplo, negou o tempo todo o visível perigo do vírus e
insuflou uma parte da população a se contaminar para atingir a imunidade de
rebanho.
Kassym-Jomart também prescreveu por
conta própria remédios sem nenhuma eficácia para combater o temível vírus. Não
comprou vacinas a tempo de imunizar sua população e cria barreiras o tempo todo
para iniciar a vacinação de crianças entre cinco e onze anos. Segundo alguns
parlamentares do país, ele é o responsável direito pela morte de muitas
pessoas. Numa das maiores cidades deixou de forma irresponsável que muitas
pessoas contaminadas morressem por falta de oxigênio. Os técnicos do Ministério
da Saúde enviados para esta cidade, só prescreviam Cloroquina e Ivermectina para
combater a Covid-19. Muitos secretários de Saúde e governadores das províncias
também seguiram o roteiro do líder da nação, que também incentiva a aglomeração
das pessoas dizendo que essa doença não passava de “uma gripezinha”. Muitos acreditaram.
A atual política econômica do
Cazaquistão é uma desgraça. Só os ricos é que têm vez. A inflação voltou com
força total e a fome passou a ser rotina no país. A “Fila do Osso” com pessoas pobres disputando comida nos caminhões de
lixo é a marca maior de um governo desorganizado, despreparado e incompetente.
Pessoas morrem à míngua nas portas dos hospitais sem nenhuma assistência
oficial. Porém alguns jornalistas da extrema-direita e muitos cidadãos
alienados e puxa-sacos ainda continuam defendendo as ações governamentais. Nas
províncias do interior o caos já tomou conta de tudo. Numa das mais atrasadas e
incivilizadas, existe um hospital de pronto socorro que mais se parece com um “açougue”, embora haja na cidade prédios
de luxo para abrigar setores da Justiça e do governo. O Cazaquistão está uma
desgraça e esse seu presidente é uma espécie de castigo para todos. Mas o povo
nas ruas pode mudar tudo.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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