quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

O Cazaquistão não é aqui

O Cazaquistão não é aqui

 

Professor Nazareno*

 

            O Cazaquistão é um grande país da Ásia Central. Integrante da ex-União Soviética, o lugar tem uma população de aproximadamente 19 milhões de habitantes e a nona maior área em quilômetros quadrados do mundo. Os cidadãos cazaques estão revoltados com a política de aumento de preços do governo local e por isso, indignados, ocupam as ruas das principais cidades da nação. O banho de sangue foi inevitável e já há muitos mortos e feridos. Almaty, ex-capital e maior cidade, está em estado de sítio e o presidente, Kassym-Jomart Tokayev, acuado e com muito medo, prometeu abaixar o preço dos combustíveis pelos próximos seis meses para “garantir a estabilidade do país”. Mas manifestantes não param e já responderam com a invasão do gabinete do prefeito de Almaty, incendiando o local. Tropas da Rússia podem intervir no caos local.

            O atual presidente do Cazaquistão é uma espécie de “Salvador da Pátria” e foi eleito há três anos prometendo acabar com a velha política do país. Durante a campanha mentiu descaradamente para os seus tolos eleitores e usou em demasia as fakenews para conseguir se eleger. Além do mais, conseguiu que um dos líderes da oposição fosse preso e não concorresse com ele ao cargo de presidente. Durante seu governo à frente do país, criou brigas institucionais com os outros poderes e quase todo dia ameaçava romper com a frágil democracia. Com medo de ser afastado pelo Congresso Nacional, aliou-se a um grupo de deputados notadamente corruptos para se garantir no poder. Na pandemia do Coronavírus, por exemplo, negou o tempo todo o visível perigo do vírus e insuflou uma parte da população a se contaminar para atingir a imunidade de rebanho.

            Kassym-Jomart também prescreveu por conta própria remédios sem nenhuma eficácia para combater o temível vírus. Não comprou vacinas a tempo de imunizar sua população e cria barreiras o tempo todo para iniciar a vacinação de crianças entre cinco e onze anos. Segundo alguns parlamentares do país, ele é o responsável direito pela morte de muitas pessoas. Numa das maiores cidades deixou de forma irresponsável que muitas pessoas contaminadas morressem por falta de oxigênio. Os técnicos do Ministério da Saúde enviados para esta cidade, só prescreviam Cloroquina e Ivermectina para combater a Covid-19. Muitos secretários de Saúde e governadores das províncias também seguiram o roteiro do líder da nação, que também incentiva a aglomeração das pessoas dizendo que essa doença não passava de “uma gripezinha”. Muitos acreditaram.

            A atual política econômica do Cazaquistão é uma desgraça. Só os ricos é que têm vez. A inflação voltou com força total e a fome passou a ser rotina no país. A “Fila do Osso” com pessoas pobres disputando comida nos caminhões de lixo é a marca maior de um governo desorganizado, despreparado e incompetente. Pessoas morrem à míngua nas portas dos hospitais sem nenhuma assistência oficial. Porém alguns jornalistas da extrema-direita e muitos cidadãos alienados e puxa-sacos ainda continuam defendendo as ações governamentais. Nas províncias do interior o caos já tomou conta de tudo. Numa das mais atrasadas e incivilizadas, existe um hospital de pronto socorro que mais se parece com um “açougue”, embora haja na cidade prédios de luxo para abrigar setores da Justiça e do governo. O Cazaquistão está uma desgraça e esse seu presidente é uma espécie de castigo para todos. Mas o povo nas ruas pode mudar tudo.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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