Cinco séculos na
merda
Professor
Nazareno*
O Brasil, como
Rondônia, é o suprassumo da bosta. Está fazendo 519 anos. Por incrível que
pareça esse país figura desde o final do século passado como uma das maiores
potências econômicas do mundo e é atualmente o segundo maior produtor de
alimentos de planeta. Porém, tem uma
qualidade de vida sofrível e uma população de quase 215 milhões de pessoas, dos
quais mais de oitenta por cento sobrevivem aos trancos e barrancos. São ignorantes,
pobres, semianalfabetos, violentos, injustos, sem leitura de mundo e sem
conhecimentos. Temos a oitava pior desigualdade social e os nossos miseráveis
são “meio que invisíveis” e muito
piores do que os da África subsaariana, pois não servem sequer para um
espetáculo televisivo. Fomos o último país do Ocidente a libertar seus escravos
sem, no entanto, tê-los indenizados corretamente.
Se Pedro Álvares
Cabral e a Coroa portuguesa tivessem pensado direito na merda que estavam
fazendo lá no longínquo ano de 1500, teriam desviado suas caravelas para
descobrir outros mundos melhores. Teriam deixado isso aqui nas mãos dos
silvícolas. Talvez hoje estivéssemos vivendo outra realidade bem melhor. O
Brasil é uma nação, por incrível que pareça. Só que sempre foi uma chacota nos
meios internacionais. Nenhum outro país civilizado do mundo jamais levou isto
aqui a sério. Fala-se até que o ex-presidente francês Charles de Gaulle teria
dito que “o Brasil não é um país sério”.
E não é mesmo. Nunca foi. Para o brasileiro comum o pior inimigo é o próprio
brasileiro mesmo. O Brasil é um dos líderes mundiais em violência. São quase 60
mil assassinatos todos os anos. Nas estradas e no trânsito a violência não fica
atrás.
Adoramos puxar o
saco de outros povos e países como o fez recentemente o nosso presidente lá nos
Estados Unidos. Uma vassalagem de envergonhar qualquer um. Parte de nossa
soberania foi entregue “de mão beijada”
aos norte-americanos sem nenhuma contrapartida dos ianques. Somos campeões em
reconhecer nos outros povos uma superioridade que não temos e nem acreditamos
que tenhamos um dia. Só produzimos commodities e quando o assunto é educação,
por exemplo, somos uma vergonha mundial, um fracasso. Temos um dos piores
sistemas de educação do mundo e nunca ganhamos um único Prêmio Nobel. Em nada
nos destacamos. Até no futebol, esporte que dominávamos como ninguém, somos
agora um humilhante fracasso. E esse retrocesso já acontecia bem antes dos 7 X 1
de 2014. Até a Bélgica nos ensina futebol.
Com um PIB entre
os dez maiores do mundo, conseguimos ter mais de 20 milhões de pobres e
miseráveis. Nossos desempregados beiram hoje a estratosférica marca de 14
milhões de trabalhadores. Se o mundo fosse o corpo humano já se sabe qual parte
seríamos. Não temos infraestrutura, nossos portos, estradas e aeroportos estão
destruídos e sem nenhuma competitividade. Somos desorganizados e quando
sediamos eventos internacionais como Olimpíadas e Copa do Mundo, roubaram tanta
verba que nem a fraca Justiça que temos conseguiu punir todos os ladrões. O
Brasil infelizmente é uma piada internacional já pronta. Cabral e seus
descendentes deveriam ser processados nas cortes internacionais. Descobrir uma
desgraça dessas deveria ter sido um crime imperdoável. Já pensou se fôssemos
administrados pela Alemanha, Japão ou França? Acho que nosso país deve ser como
a lombriga: “se sair da merda, morreremos
todos”.
*É
Professor em Porto Velho.
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