domingo, 21 de abril de 2019

Cinco séculos na merda


Cinco séculos na merda

Professor Nazareno*

O Brasil, como Rondônia, é o suprassumo da bosta. Está fazendo 519 anos. Por incrível que pareça esse país figura desde o final do século passado como uma das maiores potências econômicas do mundo e é atualmente o segundo maior produtor de alimentos de planeta.  Porém, tem uma qualidade de vida sofrível e uma população de quase 215 milhões de pessoas, dos quais mais de oitenta por cento sobrevivem aos trancos e barrancos. São ignorantes, pobres, semianalfabetos, violentos, injustos, sem leitura de mundo e sem conhecimentos. Temos a oitava pior desigualdade social e os nossos miseráveis são “meio que invisíveis” e muito piores do que os da África subsaariana, pois não servem sequer para um espetáculo televisivo. Fomos o último país do Ocidente a libertar seus escravos sem, no entanto, tê-los indenizados corretamente.
Se Pedro Álvares Cabral e a Coroa portuguesa tivessem pensado direito na merda que estavam fazendo lá no longínquo ano de 1500, teriam desviado suas caravelas para descobrir outros mundos melhores. Teriam deixado isso aqui nas mãos dos silvícolas. Talvez hoje estivéssemos vivendo outra realidade bem melhor. O Brasil é uma nação, por incrível que pareça. Só que sempre foi uma chacota nos meios internacionais. Nenhum outro país civilizado do mundo jamais levou isto aqui a sério. Fala-se até que o ex-presidente francês Charles de Gaulle teria dito que “o Brasil não é um país sério”. E não é mesmo. Nunca foi. Para o brasileiro comum o pior inimigo é o próprio brasileiro mesmo. O Brasil é um dos líderes mundiais em violência. São quase 60 mil assassinatos todos os anos. Nas estradas e no trânsito a violência não fica atrás.
Adoramos puxar o saco de outros povos e países como o fez recentemente o nosso presidente lá nos Estados Unidos. Uma vassalagem de envergonhar qualquer um. Parte de nossa soberania foi entregue “de mão beijada” aos norte-americanos sem nenhuma contrapartida dos ianques. Somos campeões em reconhecer nos outros povos uma superioridade que não temos e nem acreditamos que tenhamos um dia. Só produzimos commodities e quando o assunto é educação, por exemplo, somos uma vergonha mundial, um fracasso. Temos um dos piores sistemas de educação do mundo e nunca ganhamos um único Prêmio Nobel. Em nada nos destacamos. Até no futebol, esporte que dominávamos como ninguém, somos agora um humilhante fracasso. E esse retrocesso já acontecia bem antes dos 7 X 1 de 2014. Até a Bélgica nos ensina futebol.
Com um PIB entre os dez maiores do mundo, conseguimos ter mais de 20 milhões de pobres e miseráveis. Nossos desempregados beiram hoje a estratosférica marca de 14 milhões de trabalhadores. Se o mundo fosse o corpo humano já se sabe qual parte seríamos. Não temos infraestrutura, nossos portos, estradas e aeroportos estão destruídos e sem nenhuma competitividade. Somos desorganizados e quando sediamos eventos internacionais como Olimpíadas e Copa do Mundo, roubaram tanta verba que nem a fraca Justiça que temos conseguiu punir todos os ladrões. O Brasil infelizmente é uma piada internacional já pronta. Cabral e seus descendentes deveriam ser processados nas cortes internacionais. Descobrir uma desgraça dessas deveria ter sido um crime imperdoável. Já pensou se fôssemos administrados pela Alemanha, Japão ou França? Acho que nosso país deve ser como a lombriga: “se sair da merda, morreremos todos”.




*É Professor em Porto Velho.

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