O país de um só
problema
Professor
Nazareno*
Há quase meio século que o Brasil figura entre as dez maiores potências econômicas do mundo. Chegou a ser a sexta no início deste século desbancando países como a França, a Itália e o Canadá. Tem as maiores extensões de terras agricultáveis do planeta e é o segundo maior produtor de alimentos do mundo. Seus rebanhos figuram entre os maiores, tem mais de 20 por cento de toda a água doce da terra e o seu vasto território não é sacudido por terremotos, vulcões, nevascas ou outras intempéries da natureza. Mas tem um problema que a maioria dos outros países do mundo não tem: a desigualdade social. Uma das maiores que se produziu. Nossa sociedade é conhecida no mundo inteiro como a “Casa Grande e Senzala” tão bem descrita no livro do sociólogo Gilberto Freyre. Aqui, há muitos habitantes que nada têm e pouquíssimos muito ricos.
Desde o longínquo ano de 1.500
quando Cabral aportou nestas longes terras, que a desgraça da desigualdade nos
acompanha. O Brasil colônia iniciou o tormento que continuou no Império e
permanece até hoje com a República. Em plena era da globalização, entra governo
e sai governo e a miséria continua a atormentar uma das nações mais ricas da
atualidade. Tudo neste país é feito e concebido para que se continue com esta
estrutura social draconiana. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, por exemplo,
são Estados ricos enquanto Rondônia, Acre, Piauí e Alagoas são Estados muito
pobres. Em todas as cidades do país percebe-se esta lastimável divisão dos que
têm e dos que nada têm. No Brasil, há bairros de pobres e de ricos, escolas
para pobres e para ricos, transportes, residências, centros de compra,
hospitais, prisões e Justiça, idem.
Mesmo tendo roubado e saqueado o
Estado como ninguém, o PT até que criou alguns programas para enfrentar este
caos. Porém todos os seus líderes se envolveram em roubalheiras, corrupções,
maracutaias e saques. Governaram apenas 13 anos e fizeram o que antes outros
partidos também já haviam feito: roubaram tudo, não resolveram o problema
crônico da desigualdade social e de quebra empobreceram ainda mais o Estado em
detrimento dos mais ricos e endinheirados. Bolsonaro, o “Mito” se elegeu muito mais porque se disse fiscal de “cu alheio” e não por que iria acabar com
a desigualdade que assola o país. E todos os que foram eleitos nessa onda
conservadora da extrema-direita não mostraram na prática como enfrentar este gravíssimo
problema. Fala-se até que a nossa desigualdade social aumentará ainda mais com
essa nova gente.
No Brasil não há
direita nem esquerda. Não há nenhuma ideologia para governar os miseráveis.
Nunca houve. Os políticos se unem e dividem toda a riqueza do país entre eles mesmos
e a elite que eles representam. São raros os que dão “uma penada” em benefício dos mais necessitados. E quando isso
acontece, o sujeito é simplesmente eliminado. Dentro de um mesmo país sempre
houve dois países bem distintos. Eis a nossa cruel realidade. Para diminuir
esta penúria, no entanto, seria preciso investir em serviços públicos de
qualidade como saúde, segurança, mobilidade, infraestrutura e principalmente
educação. E Jair Bolsonaro sabe disto. E o coronel Marcos Rocha também. Todos
os seus auxiliares certamente têm a exata compreensão de toda esta problemática.
E todos sabem como agir. Mas vão resolver o problema ou vão apenas
administrá-lo para que continue tudo do mesmo jeito? Assim, jamais sairemos do
caos.
*É
Professor em Porto Velho.
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