quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O coronel e o “açougue”


O coronel e o “açougue


Professor Nazareno*

            
           Finalmente o coronel Marcos Rocha, futuro governador de Rondônia, divulgou os nomes de sua equipe de governo. O que se desenhou, no entanto, foi um grupo de assessores apenas baseado na amizade pessoal do futuro mandatário. E para não fugir aos costumes políticos já há muito tempo vigentes, a sua esposa, Luana Rocha, também foi contemplada com um cargo: comandará a SEAS, a poderosa Secretaria de Ação Social. Se eu tivesse sido eleito governador, por exemplo, jamais teria indicado a Francisca, minha esposa, para qualquer cargo público. Nem ela, nem qualquer outro parente meu como filhos, pais ou irmãos. “Façam concurso público se quiserem trabalhar no governo”, diria. Isso para evitar o “mimimi”. Porém, independente disto, críticas e elogios à nova equipe soam como algo perfeitamente normal nesta situação.
            Mas ainda é muito prematuro dizer que esta equipe nada vai fazer pelo Estado de Rondônia ou que foi uma escolha acertada que fará “jorrar mel e leite das ruas”. Os trabalhos precisam começar para se colher os resultados positivos ou negativos. Óbvio que muitos torcem para que tudo dê certo num Estado tão castigado por péssimas administrações como é Rondônia. Com uma minúscula população de menos de dois milhões de habitantes e uma potência na agropecuária e nos recursos naturais, este Estado tem tudo para dar certo. Só que nunca deu. Basta ver a sua suja, fedorenta, inóspita e sempre mal administrada capital. Em Rondônia, até hoje nenhum político parece ter demonstrado amor a este lugar. Quase todos eles roubaram descaradamente o erário e nada fizeram em benefício dos sofridos rondonienses que pagam tanto imposto.
            Resta saber para quem este governo vai governar. Se for para o povo sofrido e para as classes menos privilegiadas, a primeira providência será construir um novo hospital de pronto-socorro na capital. Ninguém aguenta mais o “açougue” João Paulo Segundo. O ex-governador Confúcio Moura, que era médico por formação, trouxe a TV Globo no início do seu governo para denunciar o que todo mundo já sabia. E só ficou nisso mesmo. Governou por oito anos o Estado, deixou tudo como antes estava e ainda assim foi eleito senador. Mas se o novo governo for governar para a elite, como é de costume, certamente nada vai fazer pela frágil saúde de seu povo. Consertando o velho “açougue”, ele pode inviabilizar alguns hospitais, clínicas particulares e também os planos de saúde. O povo sofrido vota, mas quem financia a votação são os poderosos.
O cel. Marcos Rocha tem que governar de fato este Estado e não fazê-lo como mais uma “fazenda da elite”. É preciso melhorar todas as escolas públicas e implantar, ainda que paulatinamente, a escola de tempo integral. Mesmo que isso aborreça os “barões do ensino” deste Estado. Com hospitais bons e escolas de excelência, não se precisará mais se humilhar aos poderosos. Mas haverá coragem suficiente para se enfrentar essa dura e cruel realidade? É preciso combater a violência que nos assola.  Funcionários públicos também precisam ser valorizados. É preciso deter a Assembleia Legislativa na sua desmedida ambição de surrupiar todo o dinheiro deste pobre lugar. Enfim, é necessário governar para os pobres e oprimidos. Sem isso, essa equipe será “tudo mais do mesmo”. Como enaltecer o governo de um Estado cuja população carente vagueia pelo chão dos hospitais públicos? Dê logo um fim ao velho “açougue”, coronel!




*É Professor em Porto Velho.

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