Não venham a Rondônia
Professor Nazareno*
Professor Nazareno*
Nesta época de
final de ano muitos brasileiros se preparam para fazer viagens de férias. Vários
aeroportos estão lotados. O frenesi nas rodoviárias e até em portos é uma coisa
anormal apesar da crise que nunca tem fim neste país. Cidades espalhadas por
todo o Brasil se prepararam para receber turistas. O Nordeste do país tem as
cidades mais procuradas por causa de suas belas praias, mas o sul também recebe
visitantes devido às decorações de Natal. Curitiba, a organizada, limpa e
aconchegante capital do Paraná e Gramado na Serra Gaúcha encantam a todos com
suas iluminações que mais se parecem com as cidades da Europa. Já em Porto
Velho, como sempre, nada tem de atrativo. Nenhum turista louco tiraria de seus
cuidados para visitar “a cidade mais
suja, fedorenta, desorganizada e feia do país”. Daqui as pessoas só saem para
outros lugares.
Visitar Porto Velho
para ver o que? O símbolo da cidade está para cair, já que muitos rondonienses
apodreceram sua base com tanta urina. A “Praça
da Bosta” logo mais à frente é uma sujeira só. Viajar naquele barquinho é
um tédio que não vale a pena. O barranco íngreme, molhado e cheio de lodo está
muito escorregadio e pode surpreender qualquer turista desavisado. Centro
cultural não existe na cidade, já que cultura também nunca houve. Apenas
algumas ruas esburacadas, cheias de lixo, ratos e urubus não podem mesmo servir
de atração turística para ninguém. E se o sujeito adoecer, como vai se virar?
Levá-lo para o “açougue” João Paulo
Segundo seria o fim imediato do infeliz. Se tivesse paciência poderíamos
dizer-lhe que só temos um “campo de
extermínio de pobres” porque o dinheiro foi empregado para se fazer outras
“obras”.
Já que você veio
a Rondônia é bom ficar sabendo que as nossas autoridades não gostam muito de
nossa cidade, pois nunca fizeram um hospital de pronto-socorro decente, mas
gastaram 320 milhões de reais para fazer uma ponte que não tem serventia
nenhuma. E mesmo assim a inútil coisa ainda está escura como breu. Gastaram 120
milhões de reais para fazer alguns viadutos íngremes e tão desnecessários
quanto a referida ponte. Há também uma geringonça feia e desajeitada lá no
Espaço Alternativo, onde gastaram cerca de 20 milhões de reais. Deputados
estaduais infelizmente aqui existem também. O Estado gastou 100 milhões de
reais para fazer a nova sede da Assembleia Legislativa e, claro, se esqueceu do
hospital para receber os pobres. Quase seiscentos milhões de reais gastos à toa
e nada para a saúde. Esse lugar é mesmo surreal.
Nosso visitante
fictício pode até perguntar pela violenta reação popular. “Ora, se gastaram tanto dinheiro, por que não fizeram nada para atender aqueles
mais pobres e necessitados”? A resposta é: “o rondoniense é assim mesmo, mano”. Acomodado e tranquilo. Você
sabe quantos milhões de reais vão gastar para fazer a nova sede dos fóruns
criminais da cidade? “Esse lugar não
precisa mesmo de um hospital de pronto-socorro”, vai pensar o visitante. Ou
então todos estão muito satisfeitos com o que têm. “Mano, privatizaram a Ceron e a tarifa de energia elétrica do Estado foi
majorada em mais de 25%”. E ninguém reagiu. Só algumas pessoas se
manifestaram inutilmente. A nova concessionária, a Energisa, vai encher as
burras de ganhar dinheiro dos otários dos rondonienses, que apesar de terem
três grandes hidrelétricas, pagam uma das mais caras taxas de energia. Lama,
poeira, fumaça, descaso e exploração. Vá embora, meu senhor!
*É
Professor em Porto Velho.
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