terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Não venham a Rondônia


Não venham a Rondônia

Professor Nazareno*


Nesta época de final de ano muitos brasileiros se preparam para fazer viagens de férias. Vários aeroportos estão lotados. O frenesi nas rodoviárias e até em portos é uma coisa anormal apesar da crise que nunca tem fim neste país. Cidades espalhadas por todo o Brasil se prepararam para receber turistas. O Nordeste do país tem as cidades mais procuradas por causa de suas belas praias, mas o sul também recebe visitantes devido às decorações de Natal. Curitiba, a organizada, limpa e aconchegante capital do Paraná e Gramado na Serra Gaúcha encantam a todos com suas iluminações que mais se parecem com as cidades da Europa. Já em Porto Velho, como sempre, nada tem de atrativo. Nenhum turista louco tiraria de seus cuidados para visitar “a cidade mais suja, fedorenta, desorganizada e feia do país”. Daqui as pessoas só saem para outros lugares.
Visitar Porto Velho para ver o que? O símbolo da cidade está para cair, já que muitos rondonienses apodreceram sua base com tanta urina. A “Praça da Bosta” logo mais à frente é uma sujeira só. Viajar naquele barquinho é um tédio que não vale a pena. O barranco íngreme, molhado e cheio de lodo está muito escorregadio e pode surpreender qualquer turista desavisado. Centro cultural não existe na cidade, já que cultura também nunca houve. Apenas algumas ruas esburacadas, cheias de lixo, ratos e urubus não podem mesmo servir de atração turística para ninguém. E se o sujeito adoecer, como vai se virar? Levá-lo para o “açougue” João Paulo Segundo seria o fim imediato do infeliz. Se tivesse paciência poderíamos dizer-lhe que só temos um “campo de extermínio de pobres” porque o dinheiro foi empregado para se fazer outras “obras”.
Já que você veio a Rondônia é bom ficar sabendo que as nossas autoridades não gostam muito de nossa cidade, pois nunca fizeram um hospital de pronto-socorro decente, mas gastaram 320 milhões de reais para fazer uma ponte que não tem serventia nenhuma. E mesmo assim a inútil coisa ainda está escura como breu. Gastaram 120 milhões de reais para fazer alguns viadutos íngremes e tão desnecessários quanto a referida ponte. Há também uma geringonça feia e desajeitada lá no Espaço Alternativo, onde gastaram cerca de 20 milhões de reais. Deputados estaduais infelizmente aqui existem também. O Estado gastou 100 milhões de reais para fazer a nova sede da Assembleia Legislativa e, claro, se esqueceu do hospital para receber os pobres. Quase seiscentos milhões de reais gastos à toa e nada para a saúde. Esse lugar é mesmo surreal.
Nosso visitante fictício pode até perguntar pela violenta reação popular. “Ora, se gastaram tanto dinheiro, por que não fizeram nada para atender aqueles mais pobres e necessitados”? A resposta é: “o rondoniense é assim mesmo, mano”. Acomodado e tranquilo. Você sabe quantos milhões de reais vão gastar para fazer a nova sede dos fóruns criminais da cidade? “Esse lugar não precisa mesmo de um hospital de pronto-socorro”, vai pensar o visitante. Ou então todos estão muito satisfeitos com o que têm. “Mano, privatizaram a Ceron e a tarifa de energia elétrica do Estado foi majorada em mais de 25%”. E ninguém reagiu. Só algumas pessoas se manifestaram inutilmente. A nova concessionária, a Energisa, vai encher as burras de ganhar dinheiro dos otários dos rondonienses, que apesar de terem três grandes hidrelétricas, pagam uma das mais caras taxas de energia. Lama, poeira, fumaça, descaso e exploração. Vá embora, meu senhor!




*É Professor em Porto Velho.

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