Rondônia volta à
realidade
Professor
Nazareno*
O longínquo Estado de Rondônia é,
claro, uma das 27 unidades da federação.
Totalmente desconhecida do restante do país, a jovem e subdesenvolvida
província luta há tempos para ter alguma visibilidade no grotesco cenário
nacional. As raras vezes que isto acontece é quando algo de maior destaque
acontece em Roraima, Estado muitas vezes confundido com as “terras de Rondon” apenas por causa da
semelhança entre os nomes. Rondônia é um fim de mundo inóspito, atrasado e
ridículo que praticamente só vergonhas dá para o resto do país. Não há por
estas bandas muita coisa que seja atração para quem tem coragem suficiente de
se arriscar a vir para cá. É a terra do improviso e das coisas mal feitas. Se
fosse uma nação, perderia feio para aquele que “nunca foi um país sério” e seria tão atrasada que estaria atrás da
Bolívia, Haiti ou do Sudão do Sul.
O Estado todos os anos só faz o seu
patético Carnaval depois de todo mundo. Meia dúzia de passistas mal afinados
desfila para meia dúzia de pessoas no meio da chuva. Parece uma festa dos
horrores. A Banda do Vai Quem Quer, que muitos se gabam de ser algo apoteótico,
só consegue produzir toneladas de lixo e imundície por onde passa. Ali não há arte, não há música de qualidade,
muito menos o verdadeiro Carnaval. Futebol nem estádios de verdade existem
dentro de toda a província. É um dos únicos Estados do país onde praticamente
não se tem o “esporte das multidões”.
Na sua capital, os únicos times conhecidos são os do Sul do país e os da Europa. Pior: nem futebol nem nenhum outro esporte se
praticam na cidade. Por isso, a recente e caríssima recuperação do ginásio
Cláudio Coutinho causou estranhezas em muitas pessoas.
A Rede Globo inutilmente até que tem
dado uma mãozinha ao Estado, apesar de o Jornal Nacional e outros noticiários
da emissora serem exibidos em Porto Velho com uma hora de atraso durante o
horário de verão. Vive-se aqui como se a televisão ainda não tivesse sido
inventada. As notícias, em pleno século XXI e com o advento da internet, ainda
chegam atrasadas. Foi num desses programas da “Vênus Platinada”, por exemplo, que o Brasil conheceu uma tal Banda
Versalle de Porto Velho. Sucesso mesmo somente na época dos holofotes globais.
Nunca mais se ouviu falar dos rapazes talentosos do Norte do país. Será que os
autores da esquecida e feia balada “vinte
graus e um cobertor” estão fazendo sucesso pelo Brasil a fora e os
rondonienses não estão sabendo? Sem talentos, só “exportamos” energia boa e barata. Rondônia é uma “mãe”.
Como não podia
deixar de ser, o Estado participou “entusiasticamente”
do dispensável e ridículo programa Big Brother Brasil da Globo, mas até no BBB
fracassamos. Com dois participantes que não encantaram muita gente, saímos
antes do tempo. Agora, Rondônia está aos poucos voltando à dura realidade que
sempre viveu: sem talentos, sem inteligência, sem destaques, sem nada que a
projetasse como um Estado sério. Mas é na política que se mostra a verdadeira
face podre desta província que nem devia existir: a Assembleia Legislativa
local volta às manchetes com sua trupe de políticos ruins e enrolados. Um golpe
parlamentar no governador blogueiro, “igual
ao que deram na Dilma Rousseff”, foi urdido entre deputados, que dentre
outras coisas imprestáveis só servem para enlamear ainda mais o nome do Estado.
Rondônia volta ao velho fogão a lenha. Trabalhemos agora o ano inteiro para
passar as férias longe daqui!
*É
Professor em Porto Velho.
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