Intervenção em
Porto Velho, já!
Professor
Nazareno*
O Rio de Janeiro é um lugar de muita
sorte. Está sob intervenção das tropas federais a partir de agora. Pelo menos a
área da segurança pública estadual está sob as ordens militares. Por causa
disso, o governo golpista de Michel Temer não poderá, por enquanto, dar
andamento às reformas ultrajantes que planejou para liquidar com os direitos
dos trabalhadores brasileiros. A violência, segundo diz a mídia golpista, está
fora de controle naquele Estado e por isso a necessidade dessa medida extrema.
Se fosse por isso, todas as unidades da federação deveriam também ficar sob o
controle do governo central. Porém, quem deveria estar mesmo sob intervenção
seria a cidade de Porto Velho. Aqui o caos existe desde muito tempo. E não é só
na área da segurança pública. Em todos os setores existem desgraças visíveis e total
falta de governabilidade.
O cidadão porto-velhense há mais de três
décadas se quiser ver o fundo do poço tem que olhar para cima. E não pensem que
os meus textos são repetitivos como erroneamente já falaram as trombetas das
boas novas. Repetitiva é a caótica situação em que sempre se encontrou esta
cidade. Como escrever algo novo diante de tanta desgraça que se observa no dia
a dia? A violência por aqui sempre foi rotina. Não há final de semana em que
não se registre bestialidade de todo tipo. A cidade é um verdadeiro Big
Brother: quase toda semana cidadãos são eliminados. A zona leste, por exemplo,
não se parece com as favelas da “Cidade
Maravilhosa”? Na verdade Porto Velho é uma grande favela com quase 500 mil
habitantes que desafia as mais elementares regras de civilidade. Devia ter
sofrido intervenção desde o garimpo e as chacinas no Urso Branco.
Além do mais, para a alegria de
muita gente, o atual prefeito deveria ter sido defenestrado por Brasília desde
que trabalhou apenas seis meses em 2017 e se mandou para o Primeiro Mundo.
Coisa absurda que nem o Marcelo Crivella, prefeito do Rio, fez em tempo tão
recorde. Hildon Chaves merecia também perder o cargo quando contratou sem
concurso público um batalhão de funcionários comissionados de fazer inveja a
qualquer mandatário. Porto Velho apresenta tantos problemas para uma cidade de
porte médio que deveria viver sob intervenção e ser administrada de fora o
tempo todo. Nos dias que chove, a cidade vira uma alagação só. A água podre
invade residências e desaloja os pagadores de IPTU. E as autoridades inertes
ainda vão às redes sociais dizer o óbvio: que sempre existiu aguaceiro por aqui
e que a culpa é do prefeito anterior.
Não só Porto Velho, mas o Estado de
Rondônia como um todo deveria sofrer intervenção federal. A simples existência
do “açougue” João Paulo Segundo já
seria uma boa desculpa para o Planlato mandar alguém administrar a saúde
pública deste Estado. Aquele “campo de
extermínio de pobres” é uma violação constante aos direitos humanos e
ninguém faz nada. O caos sempre esteve presente em quase todas as áreas na
administração de Rondônia e de sua desorganizada e inabitável capital, mas por
que só o Rio de Janeiro teve este privilégio de ser administrado por outras
forças? A recente construção dos novos “terminais”
de ônibus urbanos pela prefeitura de Porto Velho, por exemplo, já justificaria
qualquer tipo de intercessão política. Isso sem falar nas toneladas de lixo que
uma famosa banda de carnaval produziu e que muita gente aplaudiu como sendo
normal. Se tivéssemos os tiroteios do Rio, Brasília nos olharia?
*É
Professor em Porto Velho.
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