quarta-feira, 31 de maio de 2017

Uma escola de verdade


Uma escola de verdade

Professor Nazareno*

            A Finlândia, país escandinavo, situado no norte da Europa tem o melhor sistema de educação do mundo, ao contrário do Brasil que tem um dos piores. É praticamente impossível traçar quaisquer comparações entre os dois países no quesito educação e transmissão de conhecimento. Helsinque, a capital finlandesa é uma cidade mais ou menos do mesmo tamanho que Porto Velho, capital de Rondônia. Lá, o sistema de educação e consequentemente as escolas são exemplos não só para os europeus, mas para o mundo inteiro. Em todos os quesitos que são avaliados, os estudantes finlandeses sempre ficam em primeiro lugar há vários anos consecutivos. Grande parte da educação no país é pública e as escolas, todas limpas, pedagogicamente organizadas e com turno integral, se esmeram em transmitir conhecimentos de ponta para os seus alunos.
            A Escola “Suomen Liikemieten Kauppaopisto”, uma espécie de Escola Técnica fica na parte centro-norte da capital do país. Tem pouco mais de 600 alunos e sua estrutura jamais pode ser comparada a qualquer escola pública do Brasil. O estabelecimento de ensino tem um mini hospital, sim até por que diferente dos brasileiros, os alunos finlandeses adoecem. A escola conta ainda com vários laboratórios de Física, Química, Biologia, Matemática, Línguas e Artes Plásticas. Como essa escola funciona em turno integral, os alunos dispõem ainda de amplos dormitórios e alojamentos todos impecavelmente limpos e asseados. Há instalações para quase todas as práticas de esportes e o transporte escolar, confortável, pontual e gratuito, leva e traz diariamente os alunos. Quase 100% dos alunos têm o Inglês como segunda língua.
Comparada ao Brasil, a Finlândia é um país pobre. Tem um PIB que a coloca entre as quarenta e cinco nações mais ricas do mundo enquanto o nosso país figura entre as oito. Os professores finlandeses não ganham tão bem como se imagina. Mas todos têm compromisso com seus alunos e com a educação que é transmitida. A maioria tem mestrado, doutorado e PHD e fala fluentemente Inglês, Sueco e, claro, a língua nacional. Não fazem greve e são anualmente avaliados por um sistema comparado ao ENEM do Brasil, que não avalia, nem ensina nada a ninguém. Se a escola consegue boa classificação nacional, os professores são mais bem remunerados. Se a escola vai mal, os docentes perdem no quesito produção e têm o salário diminuído. No Brasil um bom professor ganha a mesma coisa que um mau professor. E quase nenhum nada produz.
Na Finlândia, os políticos quase não se metem na educação. Nada de premiar escolas com diplomas de honra ao mérito ou outra porcaria qualquer como é comum por aqui. Os políticos finlandeses se ocupam em administrar o país, o Estado ou a cidade. Nada de angariar votos antecipados distribuindo papéis inúteis a quem tem a obrigação de fazer a coisa de maneira correta. Nada de demagogia barata, pois os professores e diretores de escolas refutariam na hora qualquer tentativa de hipocrisia demagógica e eleitoreira. Em vez de premiar uma ou outra escola, as autoridades finlandesas procuram saber por que todas elas não funcionam como deveriam. As escolas também não recebem influência da religião. Dos quase seis milhões de habitantes do país, cerca de 60% são ateus. Lá, professor de História, por exemplo, não tem religião nem se associa a nenhuma ordem ou sociedade. Por que nossas escolas são diferentes das finlandesas?




*É Professor em Porto Velho.

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