Rondônia
devia receber os sírios
Professor
Nazareno*
A atual crise
dos refugiados tem assombrado a Europa e o mundo. Centenas de milhares de
homens, mulheres e crianças fugindo desesperados de seus países cruzam o mar
Mediterrâneo e chegam ao velho continente em busca de uma vida melhor. Líbia,
Tunísia, Afeganistão, Iêmen, Iraque e principalmente a Síria são os países onde
se origina esta diáspora moderna. A Síria está mergulhada em uma sangrenta
guerra civil ainda remanescente da Primavera Árabe e que já dura quase cinco
anos. Mais de dois milhões de pessoas já fugiram do país. Estima-se que quase
200 mil já morreram. O conflito envolve várias facções. Menor do que o Estado
de Rondônia (tem 185 mil km quadrados contra 237 mil do nosso Estado) e com uma
população dez vezes maior, a Síria poderia mandar parte de seus habitantes para
se refugiar em terras karipunas.
Esses refugidos não sentiriam
nenhuma diferença ao chegarem aqui. A fumaça das criminosas e permitidas
queimadas daria inicialmente aos visitantes a impressão de que está havendo
constantes bombardeios aéreos em nosso Estado, fato com o qual eles já estão bem
acostumados. Aleppo e Damasco, principais cidades sírias, estão em destroços. Quase
nada ali funciona direito. O caos é generalizado. Falta água potável,
saneamento básico, há muitas obras inacabadas, faltam médicos e os hospitais
lotados com pacientes esparramados pelo chão lembram até o “açougue”
João Paulo Segundo. “Pronto, estamos em casa! Tudo aqui nesse tal de Porto
Velho lembra nossas cidades”, devem dizer os eufóricos e já felizes
visitantes. A capital das “sentinelas avançadas” não está em guerra, mas
a sua infraestrutura lembra a de um país arrasado por combates.
Alguém pode até reclamar dos
visitantes por causa de sua religião, o Islamismo, considerada erroneamente por
muitos como sendo uma fé muito retrógrada, alienante, radical e conservadora.
Se for por isso, em Rondônia eles estão realmente em casa. O nível de
consciência política dos nossos eleitores é de fazer inveja a qualquer ditadura
teocrática do mundo. E o que não faltam em terras rondonienses são líderes
religiosos que se metem na política, com o apoio irrestrito de suas ovelhas,
para afundar de vez o Estado. A gente até negociaria com eles: uma semana se
governa usando a Bíblia, na outra, usando o Alcorão. Cristo e Maomé se
tornariam amigos por causa de Rondônia. E como Porto Velho e as cidades sírias
são sujas e imundas, a estadia dos árabes por aqui seria fácil. A culinária,
sem problemas. Nossas gororobas são das “mil e uma noites”.
A língua, claro, não seria obstáculo. O
feio e horroroso sotaque daqui seria facilmente entendido por qualquer pessoa. Já
do ponto de vista político eles não vão estranhar muita coisa também. Na Síria,
eles têm um presidente, Bashar al-Assad, que não faz absolutamente nada.
Simplesmente não governa. E aqui alguém governa? Empatou, então. E como lá,
ninguém daqui quer sair do poder de jeito nenhum. Largar o osso, jamais.
Oposição, nunca existiu. Mas e o Estado Islâmico? Ora, nós temos um aqui que é
muito pior e mata mais gente do que o deles: é a Assembleia Legislativa do
Estado, que junto com a Câmara de Vereadores de Porto Velho, transformam a vida
dos cidadãos inocentes num inferno. Esse tal de EI é fichinha. As autoridades
daqui deviam entrar em contanto com a ACNUR para solicitar a entrada de milhões
de refugiados em nossas fronteiras. Já pensou eles dançando Boi no Flor do
Maracujá e comendo tacacá?
*É Professor em
Porto Velho.
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