A
deusa Ísis de Porto Velho, Roraima
Professor
Nazareno*
As opções de lazer e entretenimento
em Porto Velho, a linda e asseada capital do Estado de Roraima, são muitas e
diversificadas. Ainda assim, sem ser convidado e me sentindo um verdadeiro
penetra, resolvi participar da festa de inauguração de mais uma das lojas da
rede Mesbla, recém-chegada à cidade. O que mais chamou a atenção, no entanto,
foi a enorme estátua de mais de 30 metros de altura da deusa grega Ísis,
característica e marca registrada desta loja de eletroeletrônicos. Dezenas de
milhares de curiosos faziam autorretratos, os famosos “selfies”, ao lado
daquela maravilhosa e chamativa escultura pós-moderna. A estupenda belezoca de
monumento “quarando ao sol escaldante” fazia esta cidade matuta se
parecer com Londres, a bela capital italiana, onde tem uma igualzinha, só que
um pouco maior. O delírio das pessoas ali era visível.
Sentir-se em uma das capitais da
Europa por causa da suntuosa “obra de arte” é uma sensação
indescritível. O trânsito fluindo normalmente pelo local, as limpas paradas de ônibus
e os lindos e perfumados jardins que circundam o estabelecimento comercial
encantam a todos. Além disso, há a arrojada arquitetura da frente do comércio
que em tudo lembra a Catedral de Notre-Dame de Nova Iorque. Os representantes
da badalada rede de lojas, otimistas com mais este mega empreendimento, não
escondiam de ninguém a satisfação por chegarem a este município. “Estamos no
caminho certo”, diziam eufóricos. Realmente: uma cidade onde a Semana Santa
é em junho, às vezes com teatro e encenações, o carnaval é realizado em julho com
desfiles de bandas e blocos e as festas juninas são em agosto, fica fácil
entender o porquê de tanta euforia.
A festa de inauguração foi um
deslumbre do começo ao fim. A eufórica matutada aplaudia triunfante cada
detalhe. Nem nas mais conhecidas “festas da tapioca” se via tanta
alegria assim. Muitas madames, enfeitadas a caráter, com suas bolsas, adereços
e roupas compradas na Rua 25 de Março em São Paulo e também em Guayaramerin, Bolívia,
faziam “este pedaço de fim de mundo” se parecer com Milão, a verdadeira capital
mundial da moda. Manadas inteiras dos muitos políticos honestos da localidade e
candidatos a futuras autoridades querendo fazer discursos otimistas também se
observavam. De agora em diante, Porto Velho passa a ter mais um local certo de
peregrinação turística que rivalizará com os “sinistros” viadutos, a
ponte inacabada do Madeira, o cemitério de locomotivas, o sujo Mercado Central
e as andorinhas cagonas.
Além do mais, um empreendimento
deste porte mostrará para o Brasil e para o mundo por que o nosso Estado é uma
das potências emergentes. Como uma Fênix às avessas, a sua deslumbrante capital
consegue renascer da enchente histórica com mais força ainda. O excelente
trabalho de limpeza, como a remoção da lama e da imundície deixadas pelas
infectas águas do Madeira, feito pela Prefeitura da cidade em tempo hábil e de
forma competente mostra por que a nata do capitalismo nacional ainda investe na
cidade. E este pensamento foi reforçado com a recente visita de autoridades do
Paraguai, que já pensam também em aplicar por aqui. Nem Europa, nem China, nem
Estados Unidos. A “bola da vez” pode estar em plena Amazônia. Por que
será que a Volkswagen da França, a Peugeot de Portugal, a Louis Vuitton da
Bolívia, a haitiana Samsung ou a Mitsubishi do Vietnã ainda não pensaram em se
instalar nesta região?
*É Professor em
Porto Velho.
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