Promessa
nova: educação integral
Professor
Nazareno*
Em um recente
discurso, a candidata do PT, Partido dos Trabalhadores, à Presidência da
República, Dilma Rousseff, anunciou solenemente que “Nenhum país do mundo
virou um país rico sem escola em tempo integral. Nós temos que dar escola
em tempo integral para todas as crianças desse país”. Sábias e corajosas
palavras estas da nossa Presidente se ela e o seu respectivo partido não
estivessem no poder deste país há longos doze anos e com possibilidades de
estender até os dezesseis. Imediatamente os partidos de oposição e parte da
opinião pública questionaram o porquê de não já ter sido implantado em todo o
país este sistema de educação que não chega a ser novidade nos países mais
desenvolvidos e civilizados do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já
existe desde o século dezenove enquanto na Europa data de antes da Segunda
Guerra.
O Brasil infelizmente possui um dos
piores sistemas de educação do mundo. Aqui, a escola pública principalmente não
ensina nada a ninguém nem consegue incluir socialmente grande parte da
população carente. Essa incompetência e descaso, como pouca gente poderia
pensar, também são verificados na maioria das escolas particulares. É muito
difícil se aprender algo em escola de turno único. E parte da nossa elite pensa
que se protege do mau ensino matriculando seus filhos na rede privada.
Engana-se, infelizmente. O brasileiro de modo geral procura mascarar as coisas.
Criamos o EJA (Eu Jamais Aprenderei), e não Educação de Jovens e Adultos. O
nosso velho e surrado supletivo nunca ensinou nada a ninguém. E na contramão da
história, nem os nossos políticos e muito menos a população reivindica ou quer
melhorias na Educação.
A educação em tempo integral pode
não ser a “panaceia milagreira” que vai resolver todos os problemas do
Brasil, mas nunca é tarde tentar implantá-la por aqui. Se a partir de 2003,
quando o PT assumiu o Governo Federal tivesse sido implantada somente nas
primeiras séries do Ensino Fundamental, hoje todas as turmas e séries até o fim
do Ensino Médio já estariam sendo trabalhadas com esta modalidade de ensino.
Praticamente onde foi implantado, esse sistema de educação só trouxe bons
resultados e colheitas satisfatórias. A escola de excelente qualidade tira
jovens das ruas e das drogas, trabalha e fortalece habilidades das nossas
crianças, cria e incentiva futuros atletas e artistas. Com alimentação de boa
qualidade dentro das escolas, atendimento médico, psicológico e odontológico
diminuiria a procura pelos lotados hospitais públicos.
E isto não é sonho, pois não estou
no Sudão e nem na Etiópia. O Brasil se gaba de ser uma das maiores potências
econômicas do mundo. E como é ano de eleições (e de promessas) já prometem universidade
estadual em Rondônia, implantação no Estado do modelo da escola João Bento da
Costa de Porto Velho, educação em tempo integral no país, valorização dos
professores e tantas outras lorotas e promessas vãs que jamais serão
realizadas. O povo não cobra educação de qualidade aos seus representantes e
eles também não são “bobos de fazer o que não lhes é pedido”. Todos os
candidatos à Presidência da República sabem que resolveriam ou amenizariam os
eternos problemas do Brasil se investissem em educação de qualidade. Quem quer
ser Governador também sabe disso. Mas qual deles vai “remar contra a maré”?
Ninguém é contra a educação neste país, mas por que nenhum governante até hoje
quis fazê-la a salvadora dos povos?
*É Professor em
Porto Velho.
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