A
Copa e as bizarrices do Brasil
Professor
Nazareno*
Com a proximidade
da Copa do Mundo, nosso país espera que as vitrines do planeta se abram em
definitivo para que possamos mostrar as nossas belezas, nossos costumes, nossa
culinária e a nossa cultura, se é que temos cultura. Embora não sejamos o único
campeão mundial de bizarrices, já que isto faz parte da tosca natureza humana, as
coisas que acontecem somente no Brasil certamente vão encantar (e espantar)
muita gente desacostumada com estas esquisitices. Qualquer torcedor que se
aventurar e sair de uma cidade-sede certamente vai “dar de cara” com aberrações
sinistras que jamais viu em toda a sua vida. A começar pela infinidade de
gororoba e comidas exóticas que gentilmente lhe servirão achando que estão
alimentando o pobre infeliz. Por isso, vamos pagar o maior mico do mundo
durante a realização deste “grandioso” evento esportivo.
Esta será certamente a Copa do Mundo
com o maior índice de torcedores intoxicados, para não dizer envenenados, de
que se tem notícia. Na Amazônia, cidade de Manaus, o “cardápio da estupidez”
será muito variado. A começar pelo clima equatorial úmido e impróprio para a
prática do futebol. Ficaremos com dó ao ver os finos e civilizados europeus
ardendo sob o sufocante calor e a infernal umidade da região. E para evitar
indigestão, tomara que não lhe ofereçam tacacá, farinha puba, tucumã, mandi
frito e outras “iguarias” só consumidas nesta parte do mundo. Vinho, nem
pensar. Talvez só cachaça e da pior espécie mesmo. Isso sem falar nos
carapanãs, escorpiões, cobras, marimbondos, tarântulas e infinitas outras
espécies de animais venenosos que podem “recepcionar” os pobres coitados
dos civilizados turistas.
Sujeitos a contrair doenças
completamente desconhecidas para eles como malária, dengue, leptospirose,
leishmaniose, verminoses, dentre muitas outras, os nossos visitantes podem
também se aventurar por outras partes do Brasil e conhecer de perto a
infinidade de coisas estranhas e atípicas que podemos lhes oferecer. Temos o
festival da “Garota Leitoa” no interior do Piauí, as vaquejadas do
Nordeste, os bois-bumbás da Amazônia, as danças caipiras no centro sul do país
e muitas outras bobagens e tolices que costumamos chamar de cultura e de que
nos utilizamos para divertir simplórios e otários. Além da “Festa da Jaca”
no interior do Rio de Janeiro ou a “Festa da Tapioca” em São Paulo,
temos também a “Festa da Melancia” em Rondônia. Um suplício para
turistas incautos que jurarão, em frente às TVs, estarem gostando de tudo
aquilo.
E como nenhum visitante anunciou que
viria se hospedar em Rondônia, coisa que pouquíssimos malucos teriam coragem de
fazer, fomos poupados do homérico vexame de lhes mostrar uma tal “Corrida de
Jericos” ou mesmo a famosa “Flor do Maracujá”, uma festa bizarra,
sem sentido e também sem data ou local de realização, mas que muitos juram
fazer parte da cultura e da tradição local. Já a Banda do Vai Quem Quer, uma
espécie de carnaval realizado em julho, deleitaria os turistas que certamente
ficariam encantados com mais esta esquisitice. Por tudo isso, dizer que não
existe cultura superior ou inferior talvez seja um dos maiores erros da
ciência. No Brasil, se ela existe, é inferior, com certeza. Claude
Lévi-Strauss, famoso antropólogo e filósofo franco-belga, teria dito que para
se destruir um povo, basta que se destrua a sua cultura. Aqui, essa destruição melhoraria
tudo e por isso, os torcedores que virão à Copa do Mundo testemunharão “in
loco” que estamos muito longe de levar fim. Bem longe.
*É Professor em Porto
Velho.
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