terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Donald Trump virá a Rondônia

Donald Trump virá a Rondônia

 

Professor Nazareno*

 

O prepotente e arrogante “Laranjão” disse que tinha muita vontade de visitar Rondônia. “Onde fica este país de nome tão exótico?”, perguntou o atual presidente dos Estados Unidos. “Não é um país, excelência! É apenas uma província pobre e perdida lá nos cafundós do Judas!”, responderam-lhe os assessores. O interesse de Trump em visitar este recanto inóspito, sinistro, atrasado e distante é por que vários parlamentares daqui foram, com seus próprios recursos, à sua posse em janeiro passado. Lá nos EUA, mesmo do quarto do hotel, homenagearam o “Laranjão” com discursos e muitas adulações. Em Rondônia, com certeza, Donald Trump teria muitas coisas para aprender com os políticos daqui. Aprenderia, por exemplo, como acabar com o garimpo, mas permitir que balsas e dragas continuem com todas as atividades normais sem serem incomodadas por ninguém.

Para Trump, assim como para muitos dos nossos políticos locais, esse negócio de respeitar o meio ambiente é só frescura mesmo, coisa de ONGS. Assim, ele ensinaria como incendiar a Amazônia em tempo recorde, ser multado pelo IBAMA e não pagar um só centavo ao Estado. E o fogo continuará ano após ano. Aliás, experiência do fogaréu na Califórnia, os norte-americanos já têm de sobra. Já pensou um governador ensinar ao todo poderoso presidente como ir à praia em plena crise de segurança no seu Estado e depois da coisa já totalmente resolvida voltar e mostrar ao povo toda a sua bravura e valentia? O “Laranjão” ficaria encantado com tanta desfaçatez. Ele aprenderia também como não fazer nada durante oito anos de administração e ainda sair com quase cem por cento de aprovação. E prometer construir um “Built to Suit” só para enganar os tolos dos eleitores?

Claro que Donald John Trump adoraria saber se os rondonienses não gostariam de expulsar todos os cidadãos do Estado que não nasceram aqui. “Os imigrantes são uma desgraça que nada trazem para uma nação que quer crescer. São como sacos de lixo imprestáveis e jogados no meio das ruas”, diria ele. O silêncio seria total. As autoridades rondonianas ficariam atônitas olhando uns para a cara dos outros. E já pensou se ele chegar aqui no dia em que a Banda do Vai Quem Quer estiver desfilando pelas ruas? Um deslumbre só! “Roubônia ser lugar bom. Tem e já teve até nomes de alguns americanos”, diria Trump. Ponte Rondon-Roosevelt, antiga Avenida Kennedy e sem ter uma só rua ou bairro, tem uma linha de ônibus chamada de Presidente Roosevelt. Teria político lambe-botas insinuando que Porto Velho deveria se chamar de “Trumpolândia.

Porém, o que encantaria mesmo o “Laranjão” seria o fato de que em Rondônia já teve, há algum tempo, se iniciado um processo de censura de vários livros. “Uma pena que não deu certo”, dirá ele. Já pensou se Rondônia conseguisse censurar Machado de Assis, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Mario de Andrade e até Rubem Fonseca? Donald Trump ficará entusiasmado mesmo quando souber que os clássicos da literatura universal como “O Castelo”, de Franz Kafka, e “Contos de Terror, de Mistério e de Morte”, de Edgar Allan Poe quase caíram na censura rondoniana. O “Laranjão” irá às lágrimas quando lhe disserem que em Ariquemes, numa intifada moralista, chegaram até a rasgar as páginas de alguns livros didáticos. “Quando deixar o poder, quero morar aqui em Old Port”, vai dizer ele. “A cidade pode não ter infraestrutura, mas tem cada político de fazer inveja”!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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