Donald
Trump virá a Rondônia
Professor
Nazareno*
O prepotente e
arrogante “Laranjão” disse que tinha muita vontade de
visitar Rondônia. “Onde fica este país de nome tão exótico?”, perguntou
o atual presidente dos Estados Unidos. “Não é um país, excelência! É apenas
uma província pobre e perdida lá nos cafundós do Judas!”, responderam-lhe os
assessores. O interesse de Trump em visitar este recanto inóspito, sinistro, atrasado
e distante é por que vários parlamentares daqui foram, com seus próprios
recursos, à sua posse em janeiro passado. Lá nos EUA, mesmo do quarto do hotel,
homenagearam o “Laranjão” com discursos e muitas adulações.
Em Rondônia, com certeza, Donald Trump teria muitas coisas para aprender com os
políticos daqui. Aprenderia, por exemplo, como acabar com o garimpo, mas permitir
que balsas e dragas continuem com todas as atividades normais sem serem
incomodadas por ninguém.
Para Trump, assim
como para muitos dos nossos políticos locais, esse negócio de respeitar o meio
ambiente é só frescura mesmo, coisa de ONGS. Assim, ele ensinaria como
incendiar a Amazônia em tempo recorde, ser multado pelo IBAMA e não pagar um só
centavo ao Estado. E o fogo continuará ano após ano. Aliás, experiência do
fogaréu na Califórnia, os norte-americanos já têm de sobra. Já pensou um
governador ensinar ao todo poderoso presidente como ir à praia em plena crise de
segurança no seu Estado e depois da coisa já totalmente resolvida voltar e
mostrar ao povo toda a sua bravura e valentia? O “Laranjão”
ficaria encantado com tanta desfaçatez. Ele aprenderia também como não fazer
nada durante oito anos de administração e ainda sair com quase cem por cento de
aprovação. E prometer construir um “Built to Suit” só para
enganar os tolos dos eleitores?
Claro que Donald
John Trump adoraria saber se os rondonienses não gostariam de expulsar todos os
cidadãos do Estado que não nasceram aqui. “Os imigrantes são uma desgraça
que nada trazem para uma nação que quer crescer. São como sacos de lixo
imprestáveis e jogados no meio das ruas”, diria ele. O silêncio seria
total. As autoridades rondonianas ficariam atônitas olhando uns para a cara dos
outros. E já pensou se ele chegar aqui no dia em que a Banda do Vai Quem
Quer estiver desfilando pelas ruas? Um deslumbre só! “Roubônia ser
lugar bom. Tem e já teve até nomes de alguns americanos”, diria Trump.
Ponte Rondon-Roosevelt, antiga Avenida Kennedy e sem ter uma só rua ou bairro,
tem uma linha de ônibus chamada de Presidente Roosevelt. Teria político lambe-botas
insinuando que Porto Velho deveria se chamar de “Trumpolândia”.
Porém, o que
encantaria mesmo o “Laranjão” seria o fato de que em
Rondônia já teve, há algum tempo, se iniciado um processo de censura de vários
livros. “Uma pena que não deu certo”, dirá ele. Já pensou se Rondônia
conseguisse censurar Machado de Assis, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony,
Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Mario de Andrade e até Rubem
Fonseca? Donald Trump ficará entusiasmado mesmo quando souber que os clássicos
da literatura universal como “O Castelo”, de Franz Kafka, e “Contos
de Terror, de Mistério e de Morte”, de Edgar Allan Poe quase caíram na
censura rondoniana. O “Laranjão” irá às lágrimas quando
lhe disserem que em Ariquemes, numa intifada moralista, chegaram até a rasgar
as páginas de alguns livros didáticos. “Quando deixar o poder, quero morar
aqui em Old Port”, vai dizer ele. “A cidade pode não
ter infraestrutura, mas tem cada político de fazer inveja”!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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