quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A Banda só anestesia Rondônia

A Banda só anestesia Rondônia

 

Professor Nazareno*

           

            O Carnaval é o ópio do povo não resta mais nenhuma dúvida. E Rondônia vive dias terríveis. Quase tudo por aqui está sendo privatizado como já fizeram com a Ceron, as Centrais Elétricas de Rondônia. Privatizaram a BR-364 e já se fala abertamente em privatizar também o rio Madeira. O atual governo do Estado já admitiu publicamente o fracasso da construção do “Built to Suit”, o hospital de nome inglês que iria substituir o “açougue” João Paulo Segundo. Continuaremos sem Pronto-Socorro! Com o inverno, a capital fica alagada e submersa em lama quase todos os dias. Mas mesmo assim, haverá desfile da Banda do Vai Quem Quer pelas sujas e imundas ruas de Porto Velho neste sábado de Carnaval. Essa Banda piora, e muito, o que já é ruim. Serão toneladas e mais toneladas de lixo, de dejetos e de bebidas baratas jogadas nas ruas além do cheiro de urina.

            Bêbados, drogados e totalmente anestesiados, muitos dos foliões parecem querer disputar entre eles para ver quem mais suja a cidade que lhes acolhe. Léo Moraes, o atual prefeito, deveria mandar espalhar caçambas e lixeiras por onde a Banda vai passar. Diminuiria a seboseira e passaria outra imagem da Banda, do Carnaval e também da própria prefeitura. Campanhas de conscientização vindas do Poder Público assim como da organização da Banda deveriam ter sido veiculadas na mídia nos dias que antecederam o fatídico desfile. Com o inverno rigoroso que estamos atravessando em Porto Velho, os poucos e frágeis bueiros e algumas outras canalizações da cidade não podem receber tantas garrafas pet, tantas sacolas de plástico, preservativos usados, muito menos vidros quebrados que são descartados em qualquer lugar pelos brincantes. Falta-nos civilidade?

A cidade é de todos nós: de quem gosta e de quem não gosta de Carnaval. E geralmente quem não vai ao desfile está preocupado com a política e com outras questões sociais. Como pode um indivíduo ficar anestesiado no meio da rua e não se preocupar, por exemplo, com a privatização da principal rodovia que liga o seu Estado ao restante do país? Como não se angustiar com a cobrança imoral e absurda de vários pedágios nessa estrada antes mesmo das benfeitorias e dos investimentos? Os dirigentes da Banda do Vai Quem Quer talvez não estejam tão inquietos assim com estas questões. Já pensou juntar cem ou duzentas mil pessoas e procurar conscientizá-las minimamente de seus direitos e difundir entre todos eles o orgulho de sua terra natal? E sem sujar nada! Parece que só querem mesmo é “encher a cara” de cachaça e deixar que as coisas se arranjem sozinhas.

Lamentavelmente o governo Lula não tem feito nada por Rondônia. Ano passado os incêndios devastaram a Amazônia e o governo federal pouco ou nada fez para amenizar o problema da fumaça tóxica. Este ano parece que tudo vai se repetir novamente. Por isso, as bancadas de deputados federais e de senadores deste Estado poderiam deixar as tolas questões ideológicas de lado e se mobilizarem para impedir a doação deste Estado aos mais espertos. Como disse muito bem o jornalista Rubens Coutinho em um primoroso artigo: Porto Velho, que já está sitiada, vai se tornar uma prisão a céu aberto. Realmente: não temos porto no rio Madeira, o caos aéreo encareceu as passagens de avião e agora se pagará pedágio caríssimo se quiser sair do Estado por terra. Em vez de pular Carnaval, os rondonienses deviam fazer passeatas e sair às ruas para reclamar, pois se não houver nenhuma reação, tudo terminará mesmo é em samba. Como a Banda do Vai Quem Quer.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

As mentiras de Rondônia

As mentiras de Rondônia

 

Professor Nazareno*

 

            O próprio Estado de Rondônia foi criado sob uma mentira. A Ditadura Militar queria ter maioria no Congresso Nacional no final de década de 1970 e por isso resolveu transformar o então território de Rondônia em Estado. Não deu outra: com essa jogada, elegeu mais três senadores governistas defensores do regime de exceção e de quebra ainda ganhou praticamente mais sete deputados federais. A mentira que se dizia na época era que o povo daqui queria a autodeterminação da região. Quanta desfaçatez! Desde quando meia dúzia de beiradeiros e de capiaus iletrados, esquecidos no meio da mata, queriam gerir por conta própria um Estado inteiro? O governo militar também conseguiu desafogar os problemas sociais da região Sul, pois com a mecanização agrícola, o desemprego só aumentava por lá. “Dão-se terras de graça e se anuncia prosperidade no novo Eldorado”.

            Se uma mentira criou Rondônia, essa prática de mentir se disseminou e continuou por aqui nas gerações futuras. A calúnia do momento seria a construção de um novo hospital de pronto-socorro em Porto Velho. Era o pomposo e badalado “Built to Suit” para substituir o “açougue” João Paulo Segundo. Praticamente oito anos se passaram e tudo já terminou em “beiju de caco”: deu em nada. Porto Velho tão cedo não terá nenhum hospital com nome em inglês. Hidrelétricas, já! Era o mantra há dez ou quinze anos. As barragens até vieram, mas não trouxeram prosperidade nenhuma. Só devastação do meio ambiente e a morte do rio. Os tolos rondonienses entregaram o rio Madeira e a Ceron aos forasteiros e em troca receberam a Energisa. Até uma tal Banda Versalle, que estourou nas paradas, parece que também era outro engodo. Nunca mais ninguém ouviu falar dela.

Por aqui já se falou mentirosamente que teríamos a Estrada do Pacífico e que a iminente industrialização seria a redenção do Estado. Era, claro, tudo balela. Porto Velho não tem uma indústria sequer até hoje. Os prefeitos dessa capital geralmente se elegem mentindo para os seus eleitores. “Vamos acabar com as alagações da cidade. Vamos construir saneamento básico e proporcionar água tratada para todos”, dizem eles cinicamente em todas as eleições. Tivemos até um prefeito que durante a campanha disse que ia abraçar, beijar e acariciar a cidade. Todo mundo acreditou na lorota e o elegeu. E quando esse prefeito saiu da prefeitura depois de oito anos, afirmou que tinha mais de 90 por cento de aprovação popular, mas sequer conseguiu emplacar a sua candidata. E foi na pandemia que se “compraram” um milhão e 400 mil vacinas para Rondônia. Era mentira!

O povo de Rondônia de um modo geral até já se acostumou a viver com a mentira. O agronegócio que existe aqui, por exemplo, não é daqui. É quase que totalmente de fora. O lucro vai todo para fora do Estado, assim como quase toda a energia produzida pelas hidrelétricas que estão em nosso solo.  Daqui mesmo são só as queimadas todos os anos e os desastres ambientais. O porto rampeado no rio Madeira e a urbanização da Praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foram inverdades em que muita gente acreditou. A farsa está lá na beira do rio: ratos, lixo e urubus enfeitando a paisagem. O porto está ali enferrujando e logo vai afundar no rio. Já a EFMM foi doada a forâneos e o rondoniense tem que pagar se quiser visitá-la. O asfaltamento da BR-319 é outra farsa. Dizem de novo que será a remissão de Rondônia. Infelizmente quase tudo por aqui é baseado na fraude, na inverdade, na mentira e na enganação. E Rondônia existe mesmo ou é só outra mentira?

 


*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

No Brasil, Trump é um herói!

No Brasil, Trump é um herói!

 

Professor Nazareno*

 

Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, disse certa vez que os países não têm amigos nem inimigos. Têm interesses. Só que quase um século depois dessa icônica frase, muitos brasileiros estão desmentindo o célebre político britânico. Grande parte do Brasil e de seus cidadãos se dizem “amigos” dos Estados Unidos e também do seu sinistro e exótico presidente Donald Trump, o prepotente e arrogante “Laranjão”. Muita gente no Brasil, principalmente os que se dizem evangélicos, também dizem que são adoradores de Israel, o país judeu cujos ancestrais crucificaram e mataram Jesus Cristo, maior ídolo desses mesmos evangélicos. Toda essa incoerência pode ser ignorância e também falta de leitura de mundo dessas pessoas ou simplesmente o desejo delas de agradar, de puxar saco e lamber as botas de políticos que fazem isso abertamente.

Os familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro, o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vários outros políticos e cidadãos brasileiros assim como também o presidente da Argentina Javier Milei não só foram à posse do “Laranjão” como muitos deles ainda usam abertamente o boné vermelho com a frase “Make America Great Again” que numa tradução livre significa: “faça a América grande novamente”. Alheio a toda essa babação de ovo e adulação subserviente, Donald Trump impôs tarifas, por enquanto, de pelo menos 25% às importações de alumínio e de aço do Brasil e também da Argentina. Trump também não teve pena de punir Javier Milei, presidente argentino e seu puxa-saco oficial. Pelo menos 62 % do alumínio e 50% do aço dos “hermanos” foram taxados. A economia da Argentina com essas tarifas agora vai para o beleléu de uma vez.

No Brasil os quatro estados que serão mais atingidos pela taxação absurda dos EUA ao aço e alumínio brasileiros são Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Todos eles têm à frente governadores de direita, bolsonaristas e que também são fãs de Donald Trump. Até agora nenhum deles deu um pio sequer sobre o prejuízo para a economia de seus estados e para a população em geral. Alguns deles sequer tiraram o bonezinho vermelho em homenagem ao “Laranjão”. Trump pode até ser herói para muitos brasileiros incautos, mas o mundo inteiro está de olho nas medidas que ele anda tomando. Taxou a China, o Canadá e o México e estuda impor sanções também à União Europeia. O prepotente presidente norte-americano quer anexar o Canadá, tomar a Groenlândia e de quebra, já rebatizou o Golfo do México para Golfo da América. Insano!

Essa absurda estupidez já contaminou muita gente aqui no Brasil. Principalmente os bolsonaristas. Muitos desses “patriotários” acreditam que o “Laranjão” vai fechar o STF, vai prender Lula e seus ministros e colocar o “Inelegível” de novo no poder. Ou seja, Donald Trump vai dar no Brasil o golpe que os bolsonaristas tentaram no oito de janeiro de 2023. Aliás, a adoração que esses brasileiros têm pelo Trump é por que Elon Musk, o verdadeiro presidente daquele país, já está tramando às escondidas um golpe de Estado no Brasil. Da mesma forma que os malditos “yankees” fizeram em 1964 instalando por aqui uma ditadura militar cruel e assassina que durou mais de 20 anos. O engraçado é que esse amor de muitos brasileiros por Trump parece que não é correspondido. Se fosse, os parlamentaram que foram à posse do “Laranjão” não teriam assistido tudo pela TV do quarto do hotel. Nenhum deles foi convidado a entrar no Capitólio, lugar da posse.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Só o comunismo salva o Brasil

Só o comunismo salva o Brasil

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil é um país capitalista desde que o conhecemos. É uma nação muito rica, pois há mais de meio século está entre as dez maiores potências econômicas do mundo e hoje é um dos maiores produtores de alimentos que se conhece. Tem as maiores extensões de terras agricultáveis dentre todos os países e mais de vinte por cento de toda a água doce do planeta. Tem mais de sete mil quilômetros só de litoral. Mas apesar de ser muito rico, o Brasil tem uma população extremamente pobre. Já chegou recentemente a ter mais de 30 milhões de famintos. A fila do osso em Cuiabá/MT e as cenas de pessoas revirando caminhões de lixo em Fortaleza e em várias outras cidades, à procura de comida, já viraram realidade entre nós. O capitalismo, portanto, não resolveu os problemas do nosso país. Dessa forma, não é nenhum absurdo dizer que por aqui esse regime nunca deu certo.

            O capitalismo é um regime diabólico que cria as guerras, as crises econômicas, a má distribuição de renda, a matança de seres humanos, a violência urbana, a destruição do meio ambiente, enfim, a exploração do homem pelo homem. E provoca também a eclosão de todas as doenças mentais causadas pela injustiça social. Esse regime maldito só deu certo para menos de um por cento dos brasileiros. Já o comunismo, como foi definido por Marx, é um regime próspero e justo. O comunismo é um sistema ideológico, político, filosófico, social e econômico cujo objetivo é a criação de uma sociedade sem injustiças sociais, com igualdade, com todo mundo feliz e vivendo sob a orientação do espírito fraterno, da comunhão, da aceitação do outro. No comunismo a propriedade dos meios de produção é comum a todos. E não há o Estado, as classes sociais nem o dinheiro.

            Se o Brasil fosse um país comunista, a felicidade reinaria por aqui. Não haveria tanta fome, injustiças sociais, desigualdade de renda e nem exploração de humanos. Tudo era dividido pela população. Não haveria pobreza nem riqueza em excesso. Não existiriam bancos, empresas gigantescas, fábricas, latifúndios, conglomerados de um só dono. Tudo seria do Estado e repartido em prol do bem comum. Um paraíso! Nada de censura, de golpes de Estado, de tortura a oposicionistas. Nada de DOI-CODI nem de polícia ou Forças Armadas a serviço de governos. Tudo estatal e para o bem do povo. Por isso, nunca houve um país comunista em toda a História. Cuba, URSS, Coreia do Norte, China, Venezuela, Nicarágua, dentre tantos outros, nunca foram países comunistas. São só ditaduras cruéis de partido único com uma elite rica no poder e o povo passando fome.

            Lula diz que é da esquerda, mas não é. Se fosse, já teria implantado o comunismo no Brasil e teria estatizado tudo e distribuído em benefício de toda a população sofredora, que trabalha para produzir as riquezas existentes. Se Lula e o PT fossem realmente progressistas, o salário mínimo do Brasil não seria a miséria que é, a nossa bandeira já seria vermelha e o nosso hino nacional seria a “Internacional Socialista” e nada de “Ouviram do Ipiranga...”. Além do mais, Jesus Cristo foi um comunista. Deus também é comunista. O comunismo é a comunhão, a fraternidade, a compaixão, o amor pelo irmão. Jesus expulsou os vendilhões do templo. E hoje talvez não admitiria muitas dessas igrejas neoevangélicas que geralmente se baseiam no dinheiro, no lucro. Comunismo com religião, com trabalho, com democracia e com a participação de todos na construção do bem comum. Só o comunismo salvaria o Brasil de suas mazelas históricas. Mas quando?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

As almas sebosas da política

As almas sebosas da política

 

Professor Nazareno*

 

            Donald Trump, o “Laranjão”, Jair Bolsonaro, o inelegível, e Javier Milei, o louco. Esses três cidadãos são até agora os maiores representantes da direita e da extrema-direita no mundo. Mas ainda há muitos outros como Benjamin Netanyahu de Israel, Marine Le Pen da França, Giorgia Meloni da Itália, Viktor Orbán da Hungria, Nayib Bukele de El Salvador... Reacionários, conservadores, mau caráter, insolentes, desrespeitosos, grossos, insensíveis, antissociais e muitas vezes até truculentos, esses políticos tentam dominar o mundo ao seu modo e, dessa forma, conseguem milhões de seguidores e de adoradores em seus países. São políticos, mas se insurgem contra a política e até contra a democracia. Dizem ser o novo e prometem que vão mudar tudo. Deus, Pátria e Família é o lema preferido deles. Anticomunistas convictos, eles demonizam todas as pautas de esquerda.

Mas na própria esquerda e também na extrema-esquerda há muita gente desse naipe ou até pior. Vladimir Putin da Rússia, Nicolás Maduro da Venezuela, Daniel Ortega da Nicarágua, Xi Jinping da China, King Jong-Un da Coreia do Norte são os mais conhecidos hoje. O mundo está dividido. Mas não estranhem: Lula do Brasil não pertence a nenhuma dessas duas posições ideológicas. Não tem a menor capacidade intelectual de militar ideologicamente em nenhuma delas, pois diz ser da esquerda, mas está, e sempre esteve, aliado à elite direitista, ao Centrão e aos poderosos. Politicamente, Lula e o PT são uma aberração, são dúbios e neutros, sem ideologia alguma. Vivem da miséria alheia. Agora com a polarização absurda na política por aqui, direita e esquerda saem ganhando, já que metade da população fala mal de um e bem do outro. E a outra metade faz o inverso.

Diogo Mainardi disse uma vez que no Brasil não há direita nem esquerda. “Há na verdade um bando de salafrários que se especializaram em roubar o dinheiro do povo”. A filosofia do PT, de muitos de seus membros e também dos partidos de direita é só o dinheiro público. E nenhum deles, nem de direita muito menos de esquerda, quer de fato resolver os problemas de seus países e de sua gente. Todos os políticos são, portanto, almas sebosas. A esquerda demonstra ter um pouco mais de preocupação em resolver os infortúnios, mas torce para que essas demandas nunca se acabem, pois dessa maneira continuará se elegendo eternamente. Já a direita é mais truculenta. Também rouba na cara de pau e diz publicamente que o ladrão está do “outro lado”. Na verdade, ela é burra, grossa, negacionista, cruel, golpista e sanguinária. E se junta à esquerda quando convém.

Mas para a maioria da população brasileira, que sofre horrores por causa da classe política, o entendimento sobre direita e esquerda é quase nulo. No Brasil, geralmente se vota por conveniência e não por convicção filosófica ou política. E é de dar nojo ver as publicações de ambos os lados nas redes sociais. Enquanto isso, Lula, o “ladrão de nove dedos”, o “descondenado” é ao mesmo tempo achincalhado e endeusado. Da mesma maneira que Jair Bolsonaro, o “fascista”, o “inelegível” e negacionista. Eles nada perdem, já que pelo menos 50% dos brasileiros adultos veem algo de muito bom neles. A burrice institucionalizada dos cidadãos comuns os impede de ver a realidade: todos os políticos, com raríssimas exceções, são almas sebosas que usam a política e o próprio Estado para ficarem cada vez mais ricos e poderosos. A direita é sinônimo do atraso, já a esquerda é sinônimo de progressista. Mas pode ser o oposto também, já que ambas são da seboseira!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Donald Trump virá a Rondônia

Donald Trump virá a Rondônia

 

Professor Nazareno*

 

O prepotente e arrogante “Laranjão” disse que tinha muita vontade de visitar Rondônia. “Onde fica este país de nome tão exótico?”, perguntou o atual presidente dos Estados Unidos. “Não é um país, excelência! É apenas uma província pobre e perdida lá nos cafundós do Judas!”, responderam-lhe os assessores. O interesse de Trump em visitar este recanto inóspito, sinistro, atrasado e distante é por que vários parlamentares daqui foram, com seus próprios recursos, à sua posse em janeiro passado. Lá nos EUA, mesmo do quarto do hotel, homenagearam o “Laranjão” com discursos e muitas adulações. Em Rondônia, com certeza, Donald Trump teria muitas coisas para aprender com os políticos daqui. Aprenderia, por exemplo, como acabar com o garimpo, mas permitir que balsas e dragas continuem com todas as atividades normais sem serem incomodadas por ninguém.

Para Trump, assim como para muitos dos nossos políticos locais, esse negócio de respeitar o meio ambiente é só frescura mesmo, coisa de ONGS. Assim, ele ensinaria como incendiar a Amazônia em tempo recorde, ser multado pelo IBAMA e não pagar um só centavo ao Estado. E o fogo continuará ano após ano. Aliás, experiência do fogaréu na Califórnia, os norte-americanos já têm de sobra. Já pensou um governador ensinar ao todo poderoso presidente como ir à praia em plena crise de segurança no seu Estado e depois da coisa já totalmente resolvida voltar e mostrar ao povo toda a sua bravura e valentia? O “Laranjão” ficaria encantado com tanta desfaçatez. Ele aprenderia também como não fazer nada durante oito anos de administração e ainda sair com quase cem por cento de aprovação. E prometer construir um “Built to Suit” só para enganar os tolos dos eleitores?

Claro que Donald John Trump adoraria saber se os rondonienses não gostariam de expulsar todos os cidadãos do Estado que não nasceram aqui. “Os imigrantes são uma desgraça que nada trazem para uma nação que quer crescer. São como sacos de lixo imprestáveis e jogados no meio das ruas”, diria ele. O silêncio seria total. As autoridades rondonianas ficariam atônitas olhando uns para a cara dos outros. E já pensou se ele chegar aqui no dia em que a Banda do Vai Quem Quer estiver desfilando pelas ruas? Um deslumbre só! “Roubônia ser lugar bom. Tem e já teve até nomes de alguns americanos”, diria Trump. Ponte Rondon-Roosevelt, antiga Avenida Kennedy e sem ter uma só rua ou bairro, tem uma linha de ônibus chamada de Presidente Roosevelt. Teria político lambe-botas insinuando que Porto Velho deveria se chamar de “Trumpolândia.

Porém, o que encantaria mesmo o “Laranjão” seria o fato de que em Rondônia já teve, há algum tempo, se iniciado um processo de censura de vários livros. “Uma pena que não deu certo”, dirá ele. Já pensou se Rondônia conseguisse censurar Machado de Assis, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Mario de Andrade e até Rubem Fonseca? Donald Trump ficará entusiasmado mesmo quando souber que os clássicos da literatura universal como “O Castelo”, de Franz Kafka, e “Contos de Terror, de Mistério e de Morte”, de Edgar Allan Poe quase caíram na censura rondoniana. O “Laranjão” irá às lágrimas quando lhe disserem que em Ariquemes, numa intifada moralista, chegaram até a rasgar as páginas de alguns livros didáticos. “Quando deixar o poder, quero morar aqui em Old Port”, ele vai dizer. “A cidade pode não ter infraestrutura, mas tem cada político de fazer inveja”!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Os EUA deviam anexar o Brasil

Os EUA deviam anexar o Brasil

 

Professor Nazareno*

 

            Muitos brasileiros amam de coração a pátria do Tio Sam. Já vi um ex-presidente daqui prestar continência à bandeira americana e também “lamber botas” do ex e atual presidente de lá, o “Laranjão”. Muitos brasileiros anticomunistas adoram o capitalismo, a pena de morte, o ódio ao imigrante, as ditaduras e também o desrespeito aos direitos humanos. Entre 1964 e 1985, por exemplo, foram os Estados Unidos que praticamente mandaram no Palácio do Planalto. E mesmo sem falar uma única palavra do idioma inglês, muitos de nossos conterrâneos não veem a hora de “a grande potência falida do Norte” anexar definitivamente a nossa terrinha àquele “Majestoso Império de Araque”. E tem que ser rápido, pois até a Argentina de Javier Milei já quer construir muros em nossas fronteiras para evitar que nossos cidadãos busquem as terras portenhas para prosperarem.

            Depois do Canadá e da Groenlândia, o Brasil seria o 53º Estado daquele país. Os americanos tomariam logo conta da Amazônia, uma vez que os brasileiros não merecem ter esse tão importante bioma. O fogo do ano de 2024 em nossas matas será fichinha diante dos incêndios que estão previstos para este ano de 2025. Além do mais, são só os yankees que têm “know-how” suficiente para exterminar em definitivo os nossos índios, assim como já fizeram tão bem com os peles vermelhas deles. Essa anexação seria uma coisa muito boa, pois até as empregadas domésticas daqui iriam à Disneylândia ser ter a reprovação de nenhum ministro. Administrando o Brasil, os norte-americanos investiriam em educação de qualidade e premiariam com Óscares vários filmes nossos. Já pensou se as nossas frágeis Forças Armadas fossem anexadas ao mais poderoso exército do mundo?

            Com o Brasil sendo uma unidade dos Estados Unidos, os brasileiros “patriotas” nem precisariam mais ficar torcendo pela derrota de nossos filmes em Hollywood. Um milagre divino Donald Trump eleito presidente dos Estados Unidos e Jair Bolsonaro sendo o governador do Brasil. Os estados daqui teriam interventores nomeados por Washington. Rondônia, coitada, seria devolvida à Bolívia. O STF totalmente subordinado à Suprema Corte de lá. O salário mínimo daqui pago em dólares seria o êxtase total. Ainda assim, alguns dos deputados e senadores brasileiros, que são bons “baba-ovos” dos americanos, não poderiam entrar a hora que quisessem na parte lá de cima do novo país. Haveria regras e aqueles “americanos de última hora” que não falassem o inglês “na ponta da língua” seriam discriminados e evitados. Nossa bandeira, enfim, seria vermelha!

E nada de cantar por aqui o feio e horroroso hino que começa com “ouviram do Ipiranga as margens plácidas”. Haveria um milagre na diplomacia: Brasil e Estados Unidos seriam a mesma coisa. E nada de ninguém daqui querer visitar países comunistas como a China, Cuba ou Venezuela. E nem usar nenhuma tecnologia “Ching Ling”. A Amazônia, a Caatinga, o Pampa e o Cerrado seriam dos norte-americanos, já que o Brasil nunca soube mesmo cuidar de nenhum desses biomas. Nas Forças Armadas do novo país um ou outro soldado daqui até seria incorporado. Mas só os que fossem de direita, reacionários, puxa-sacos e tivessem uma mentalidade golpista. Lula e Alexandre de Moraes, claro, seriam presos. E teria anistia para a turma do 8 de janeiro. Só uma dúvida: as prostitutas, os viciados em droga e os ladrões que existem aos milhões lá na terra do tosco “Laranjão” poderiam entrar no Brasil sem precisar de vistos e nem de passaportes?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.