Os EUA deviam anexar o Brasil
Professor
Nazareno*
Muitos
brasileiros amam de coração a pátria do Tio Sam. Já vi um ex-presidente daqui
prestar continência à bandeira americana e também “lamber botas” do ex e
atual presidente de lá, o “Laranjão”. Muitos brasileiros
anticomunistas adoram o capitalismo, a pena de morte, o ódio ao imigrante, as
ditaduras e também o desrespeito aos direitos humanos. Entre 1964 e 1985, por
exemplo, foram os Estados Unidos que praticamente mandaram no Palácio do
Planalto. E mesmo sem falar uma única palavra do idioma inglês, muitos de
nossos conterrâneos não veem a hora de “a grande potência falida do Norte”
anexar definitivamente a nossa terrinha àquele “Majestoso Império de
Araque”. E tem que ser rápido, pois até a Argentina de Javier Milei já
quer construir muros em nossas fronteiras para evitar que nossos cidadãos
busquem as terras portenhas para prosperarem.
Depois
do Canadá e da Groenlândia, o Brasil seria o 53º Estado daquele país. Os
americanos tomariam logo conta da Amazônia, uma vez que os brasileiros não
merecem ter esse tão importante bioma. O fogo do ano de 2024 em nossas matas
será fichinha diante dos incêndios que estão previstos para este ano de 2025. Além
do mais, são só os yankees que têm “know-how” suficiente para
exterminar em definitivo os nossos índios, assim como já fizeram tão bem com os
peles vermelhas deles. Essa anexação seria uma coisa muito boa, pois até as
empregadas domésticas daqui iriam à Disneylândia ser ter a reprovação de nenhum
ministro. Administrando o Brasil, os norte-americanos investiriam em educação
de qualidade e premiariam com Óscares vários filmes nossos. Já pensou se as nossas
frágeis Forças Armadas fossem anexadas ao mais poderoso exército do mundo?
Com
o Brasil sendo uma unidade dos Estados Unidos, os brasileiros “patriotas”
nem precisariam mais ficar torcendo pela derrota de nossos filmes em Hollywood.
Um milagre divino Donald Trump eleito presidente dos Estados Unidos e Jair Bolsonaro
sendo o governador do Brasil. Os estados daqui teriam interventores nomeados
por Washington. Rondônia, coitada, seria devolvida à Bolívia. O STF totalmente
subordinado à Suprema Corte de lá. O salário mínimo daqui pago em dólares seria
o êxtase total. Ainda assim, alguns dos deputados e senadores brasileiros, que
são bons “baba-ovos” dos americanos, não poderiam entrar a
hora que quisessem na parte lá de cima do novo país. Haveria regras e aqueles “americanos
de última hora” que não falassem o inglês “na ponta da língua”
seriam discriminados e evitados. Nossa bandeira, enfim, seria vermelha!
E nada de cantar
por aqui o feio e horroroso hino que começa com “ouviram do Ipiranga as
margens plácidas”. Haveria um milagre na diplomacia: Brasil e
Estados Unidos seriam a mesma coisa. E nada de ninguém daqui querer visitar
países comunistas como a China, Cuba ou Venezuela. E nem usar nenhuma
tecnologia “Ching Ling”. A Amazônia, a Caatinga, o Pampa e o Cerrado
seriam dos norte-americanos, já que o Brasil nunca soube mesmo cuidar de nenhum
desses biomas. Nas Forças Armadas do novo país um ou outro soldado daqui até seria
incorporado. Mas só os que fossem de direita, reacionários, puxa-sacos e
tivessem uma mentalidade golpista. Lula e Alexandre de Moraes, claro, seriam
presos. E teria anistia para a turma do 8 de janeiro. Só uma dúvida: as
prostitutas, os viciados em droga e os ladrões que existem aos milhões lá na
terra do tosco “Laranjão” poderiam entrar no Brasil sem
precisar de vistos e nem de passaportes?
*Foi Professor em Porto Velho.