Um idiota a cada
30 anos
Professor
Nazareno*
A História do Brasil, a partir de
1930, nos mostra algo impressionante: pelo menos a cada 30 anos, aparece um
sujeito “desmiolado”, “sinistro” e até meio “folclórico” metido a “salvador da pátria” e com ideias “mirabolantes” para assumir a presidência
do país. Eleito democraticamente pelo voto direto, ou não, essas figuras passam
a fazer parte de momentos únicos da nossa sociedade. Getúlio Vargas é o
primeiro a encabeçar essa lista mais do que esquisita. Pelo menos entre 1930 e
1954, Vargas, que ainda é endeusado por muitos saudosistas, foi um ditador que
tomou o poder em 1930, depois deu um golpe em si mesmo sete anos depois, era
simpatizante do Nazismo, foi deposto ao fim da segunda guerra e depois volta ao
poder pela via direta até cometer o suicídio. Ditador, era tido como “herói” e chamado de o “pai dos pobres”.
Aproximadamente 30 anos depois, no
início dos anos sessenta, aparece Jânio Quadros. Político de comportamento
muito estranho, é eleito para presidente com um discurso ufanista que
conquistou mais uma vez o imbecil eleitor. Sucedeu Juscelino Kubistchek, talvez
o melhor mandatário que este país já teve. Mas sem nenhuma razão aparente,
renunciou após poucos meses de mandato abrindo dessa forma o país para a
aventura militar que duraria mais de vinte anos. Jânio falava de “forças estranhas” que haviam se
levantado contra ele, mas nunca disse que forças eram essas. Volta a ser eleito
em 1985 pela via direta para prefeito de São Paulo e às duras penas conclui seu
mandato sempre criando factoides midiáticos. Em 1989 apoia Fernando Collor para
presidente e para a nossa sorte, deixa a vida política para sempre até morrer
em 1992.
Jânio sempre
fora eleito como um incondicional combatente da corrupção só que terminou sua vida
política sendo acusado exatamente de corrupção. Em 1990 o Brasil e o mundo
infelizmente conhecem Fernando Collor de Melo. Outro “amalucado” que encantou as massas e se tornou presidente da
República. Com um discurso agressivo, o mais jovem presidente eleito do Brasil
era também conhecido como o “caçador de
marajás”. Collor dizia combater os privilégios dos funcionários públicos,
falou que a elite brasileira era muito atrasada e que colocaria o Brasil no
rumo do Primeiro Mundo em pouco tempo. Economicamente foi um desastre completo
para o país. Confiscou o dinheiro da população e para não ser cassado por
corrupção, renuncia ao mandato em 1992. A elite criou os “caras-pintadas” para se livrar dele. Hoje é senador por Alagoas.
E como os ricos
do Brasil nunca mudaram suas concepções políticas e o povo eleitor continuou
sendo imbecil e idiota como sempre, eis que nos aparece exatos 30 anos depois
de Fernando Collor mais outro “salvador
da pátria” com um discurso também milagroso e mais agressivo que encanta,
de novo, as massas ignaras. Em 1930,
tivemos Getúlio Vargas. Em 1960, nos aparece Jânio Quadros. Em 1990, Fernando
Collor e em 2020, Jair Bolsonaro é o novo “condutor”
do povo brasileiro. Eleito em 2018, Bolsonaro é a antítese do que seria um
presidente. Grosso, sem nenhuma liturgia pelo cargo, sem “papas na língua”, com raros conhecimentos, acusado de racista,
misógino e homofóbico, saudosista da tortura e de regimes antidemocráticos e
cercado pelos seus três filhos problemáticos (e enrolados com a Justiça), o
governo do “Mito” sofre o impacto de
uma feroz pandemia. Pode ser cassado. E quem nos virá em 2050?
*Foi
Professor em Porto Velho.
2 comentários:
Eu serei o próximo
Esqueceu de dizer que entre Collor e Bolssonaro, teve um ladrão.
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