quinta-feira, 14 de maio de 2020

Um idiota a cada 30 anos


Um idiota a cada 30 anos

Professor Nazareno*

            A História do Brasil, a partir de 1930, nos mostra algo impressionante: pelo menos a cada 30 anos, aparece um sujeito “desmiolado”, “sinistro” e até meio “folclórico” metido a “salvador da pátria” e com ideias “mirabolantes” para assumir a presidência do país. Eleito democraticamente pelo voto direto, ou não, essas figuras passam a fazer parte de momentos únicos da nossa sociedade. Getúlio Vargas é o primeiro a encabeçar essa lista mais do que esquisita. Pelo menos entre 1930 e 1954, Vargas, que ainda é endeusado por muitos saudosistas, foi um ditador que tomou o poder em 1930, depois deu um golpe em si mesmo sete anos depois, era simpatizante do Nazismo, foi deposto ao fim da segunda guerra e depois volta ao poder pela via direta até cometer o suicídio. Ditador, era tido como “herói” e chamado de o “pai dos pobres”.
            Aproximadamente 30 anos depois, no início dos anos sessenta, aparece Jânio Quadros. Político de comportamento muito estranho, é eleito para presidente com um discurso ufanista que conquistou mais uma vez o imbecil eleitor. Sucedeu Juscelino Kubistchek, talvez o melhor mandatário que este país já teve. Mas sem nenhuma razão aparente, renunciou após poucos meses de mandato abrindo dessa forma o país para a aventura militar que duraria mais de vinte anos. Jânio falava de “forças estranhas” que haviam se levantado contra ele, mas nunca disse que forças eram essas. Volta a ser eleito em 1985 pela via direta para prefeito de São Paulo e às duras penas conclui seu mandato sempre criando factoides midiáticos. Em 1989 apoia Fernando Collor para presidente e para a nossa sorte, deixa a vida política para sempre até morrer em 1992.
Jânio sempre fora eleito como um incondicional combatente da corrupção só que terminou sua vida política sendo acusado exatamente de corrupção. Em 1990 o Brasil e o mundo infelizmente conhecem Fernando Collor de Melo. Outro “amalucado” que encantou as massas e se tornou presidente da República. Com um discurso agressivo, o mais jovem presidente eleito do Brasil era também conhecido como o “caçador de marajás”. Collor dizia combater os privilégios dos funcionários públicos, falou que a elite brasileira era muito atrasada e que colocaria o Brasil no rumo do Primeiro Mundo em pouco tempo. Economicamente foi um desastre completo para o país. Confiscou o dinheiro da população e para não ser cassado por corrupção, renuncia ao mandato em 1992. A elite criou os “caras-pintadas” para se livrar dele. Hoje é senador por Alagoas.
E como os ricos do Brasil nunca mudaram suas concepções políticas e o povo eleitor continuou sendo imbecil e idiota como sempre, eis que nos aparece exatos 30 anos depois de Fernando Collor mais outro “salvador da pátria” com um discurso também milagroso e mais agressivo que encanta, de novo, as massas ignaras.  Em 1930, tivemos Getúlio Vargas. Em 1960, nos aparece Jânio Quadros. Em 1990, Fernando Collor e em 2020, Jair Bolsonaro é o novo “condutor” do povo brasileiro. Eleito em 2018, Bolsonaro é a antítese do que seria um presidente. Grosso, sem nenhuma liturgia pelo cargo, sem “papas na língua”, com raros conhecimentos, acusado de racista, misógino e homofóbico, saudosista da tortura e de regimes antidemocráticos e cercado pelos seus três filhos problemáticos (e enrolados com a Justiça), o governo do “Mito” sofre o impacto de uma feroz pandemia. Pode ser cassado. E quem nos virá em 2050?



*Foi Professor em Porto Velho.

2 comentários:

Unknown disse...

Eu serei o próximo

Unknown disse...

Esqueceu de dizer que entre Collor e Bolssonaro, teve um ladrão.