“Que morram, então!”
Professor
Nazareno*
A ameaça de um
vírus desconhecido pode levar populações inteiras ou parte delas ao
desaparecimento quase total. Não há remédios, não há vacinas, não há outras
formas conhecidas para deter a ação mortal do agente infeccioso. E sempre foi
assim. Na Peste Negra, que dizimou metade da população da Terra, e também na
Gripe Espanhola, que ceifou a vida de milhões de pessoas, o único remédio era
tomar distância do problema. Mesmo em outras crises sanitárias causadas por
seres microscópicos como a cólera, o HIV, a hepatite e a meningite, a única
maneira mais eficaz era evitar o contato. E não é diferente com o Coronavírus
em pleno século vinte e um. Com grande capacidade de transmissão para infectar
organismos humanos e causar a Covid-19, não há outra saída, por enquanto, que
não seja a quarentena e o isolamento.
Mas confinar populações inteiras
dentro de casa não tem sido nada fácil hoje em dia, principalmente em países
como o Brasil, onde além de as autoridades não gozarem de prestígio popular, a
maioria de seus cidadãos depende do trabalho diário para prover suas
necessidades básicas. “Se ficar em casa
pode até escapar do vírus, mas morre de fome”, é o pensamento lógico a que
a maioria, com alguma razão, se apega. Por isso, as pessoas, principalmente as
mais frágeis economicamente, não pensam duas vezes para se arriscar. Em países
ricos e civilizados, o confinamento ainda que tardio em alguns casos, já evitou
milhares de mortos. Reino Unido, Itália, Estados Unidos, Espanha, Japão,
Alemanha, dentre muitos outros países, foram obrigados a decretar a quarentena
de seus cidadãos. Na Nova Zelândia, o povo, em respeito à primeira-ministra,
obedeceu.
Com muita disciplina, obediência,
amor à nação e firmeza “santa”
Jacinda Ardern praticamente venceu o vírus em seu país. E por causa do
confinamento, muitos países já ensaiam a flexibilização de seus comércios e de
suas atividades econômicas. Mas no Brasil de analfabetos funcionais, de gente
indisciplinada, de pessoas ambiciosas e de ignorantes em relação à atual pandemia,
o caos se anuncia. Hoje já são quase 12 mil mortos pela Covid-19 e o número de
infectados ultrapassa os 150 mil. E ainda não
atingimos o “topo da curva”. E
para piorar a situação, o presidente do país ignora qualquer recomendação séria
sobre o vírus e incentiva todos a saírem às ruas. Num cenário assim, não há muito
que fazer. É deixar o povo morrer à míngua. Não há outro jeito. É triste, mas
se eu fosse uma autoridade, já tinha lavado as mãos e saído de cena.
Em Rondônia, por exemplo, as “Coronafest’s” e as “Coronabikes” continuam acontecendo na “cara” das autoridades e da Justiça sem nenhuma punição. Pessoas
caminham diariamente no “Skate Park”
e no Espaço Alternativo da cidade como se nada estivesse acontecendo. Jogos de
futebol, aniversários, passeios, churrascos, festas, feiras livres e ruas
lotadas ainda é rotina em Porto Velho. O Estado devia orientar todos os
hospitais e UPA’s a não mais atender ninguém suspeito de Covid-19. Só atenderia
pessoas com doenças “normais”. Outras
cidades do país também têm dificuldades para implantar o “Lockdown”. Não querem seguir a ciência nem obedecer às autoridades?
Que morram, então! Deve ser muito prazeroso morrer seguindo as ideias de
Bolsonaro e suas sandices hilárias. Claro que haverá muitas falências, mas com vida
todas podem ser recuperadas. O Coronavírus mostra ao mundo o nível de povo que
temos. Infelizmente!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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