Um banco para
Rondônia
Professor
Nazareno*
O jovem e atrasado
Estado de Rondônia não tem banco. Mas já teve: era o Beron, Banco do Estado de
Rondônia. Porém, muitos dizem que não era um banco de verdade, “assim como o fusca não era um carro”. O
referido banco teve pouco tempo de existência. Mas nesse curto período foi
dilapidado pela classe política do Estado. Muitos se beneficiaram do dinheiro
fácil daquela instituição financeira. E vivem muito bem até hoje. Na década de
90 do século passado e em plena época do Neoliberalismo do PSDB e do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ordem era liquidar de vez aquele
agente público. Por isso, tudo do Estado fora “doado” aos empresários. Foi nessa mesma época que o ex-governador
José Bianco demitiu cerca de dez mil servidores públicos causando dessa maneira
uma das maiores crises socioeconômicas por aqui.
O Beron não sobreviveu, mas o Estado
de Rondônia, a duras penas, continua sobrevivendo infelizmente até hoje. Dizem
que foi apenas um político o repensável pela liquidação do “caixa dos políticos”. Ledo engano. Foram
muitos oportunistas que arruinaram o ex-banco. E pior: até hoje a dívida com a
União continua sendo paga e por isso, depois de quase duas décadas permanece nos
dando prejuízos. Muitos dos seus ex-funcionários ainda brigam na Justiça para
receber compensações trabalhistas e indenizações. Rondônia é um Estado muito
rico, mas de uma gente pobre. E a culpa é toda dos políticos. Como pode um
Estado situado entre dois biomas reconhecidos no mundo inteiro, o Cerrado e a
Amazônia, e dono de uma das mais ricas biodiversidades do planeta ter tantos
problemas como Rondônia? E por que os políticos nada fazem?
Como pode haver
pobreza e miséria em um Estado que tem um dos maiores rebanhos bovinos do
Brasil? Fala-se em mais de 12 milhões de cabeças de gado. Aqui não há seca,
como em muitos Estados nordestinos. Não há desastres naturais como terremotos,
geadas ou nevascas. Não temos vulcões, mas temos a Assembleia Legislativa do Estado
e em Porto Velho temos a Câmara de Vereadores. Além disso, nossos políticos são
talvez os piores do Brasil. A nossa população é muito pequena e a extensão
territorial é enorme. Somos maiores do que o Reino Unido. Não fosse a maldita
classe política, talvez estivéssemos melhor. Este Estado precisa de um banco.
Que tal ROBAN, o Rondônia
Banco? Bem diferente do velho Beron, na nova instituição somente aqueles mais
pobres e necessitados teriam direito às benesses.
Rondônia não tem
banco, Porto Velho, que é uma capital, não tem porto decente, não tem
saneamento básico, água tratada nem mobilidade urbana, as estradas daqui não
são duplicadas, o curso de Medicina na única universidade pública não tem
hospital universitário, o aeroporto internacional da capital não faz um voo
sequer para fora do Brasil, a ponte que liga o “nada a coisa alguma” não tem iluminação, a rodoviária da capital se
parece um pocilga, nossa educação é sofrível em todos os aspectos, a saúde
pública padece diariamente com o seu “açougue”
problemático, somos talvez o único Estado do Brasil em que não há universidade
estadual, os nossos três senadores estão enrolados com a Justiça e a maioria
dos políticos reza para se reeleger a fim de se livrar dos seus processos.
Porém com todas essas mazelas, o povo estranhamente é feliz e todo final de
tarde vai ao Espaço Alternativo fazer “fotinhas”
para postar no Facebook.
*É
Professor em Porto Velho.
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