Porco Velho:
latrina do Brasil
Professor
Nazareno*
Agora é oficial.
Porto Velho, a imunda, podre e fedorenta capital de Roraima, é a pior dentre as
maiores cidades do país em saneamento básico e água tratada. Até o ano de 2017,
estávamos à frente de Ananindeua no Pará e de Macapá, capital do Amapá. Em 2018,
com apenas 36,3% das residências com água encanada e de risíveis 3,3% de
esgotos e saneamento básico, a “capital
das sentinelas avançadas” ficou em centésimo lugar, ou seja, amarga a
lanterna dentre as cem maiores cidades do Brasil. E quem diz isso é o Instituto
Trata Brasil em sua última publicação sobre o ranking do saneamento básico nas
cidades do país. Uma vergonha se levarmos em consideração o fato de que estamos
localizados ao lado do rio Madeira, um dos maiores rios do mundo, com água
barrenta, mas potável. Isso sem falar em vários outros rios menores e muitos igarapés.
Além de ser vergonhoso viver em um
lugar inóspito, que ostenta estes números ridículos quando se fala em limpeza
urbana, somos obrigados a pagar uma das mais altas taxas de IPTU dentre as
capitais. Pagamos também taxa de iluminação pública para vivermos praticamente
na escuridão. A Ponte do rio Madeira é escura e o viaduto do antigo Trevo do
Roque não tem uma só lâmpada. As ruas do centro e dos bairros mais distantes também
imitam o breu. E ainda falta muita energia. Porto Velho fede à merda por onde
se vá. A podridão e a carniça podem ser sentidas nos quatro cantos da capital.
No inverno, as alagações dão o tom da estação chuvosa. Ruas inteiras e grandes
avenidas se parecem rios imundos com bosta boiando em suas pútridas águas. Isso
quando não se veem animais mortos cobertos de tapurus “enfeitando” a triste paisagem.
Infelizmente Porto Velho sempre foi
assim. Entra ano e sai ano e nada melhora por aqui. A esculhambação não tem
fim. Parece que nunca teve prefeito que mostrasse um mínimo
de amor pela “prostituta velha e
abandonada”. Só este ano, 150 milhões de reais serão desperdiçados. Se a cidade fosse uma mulher, todos os seus administradores já
tinham sido enquadrados na Lei Maria da Penha. Pior: praticamente todos os que
a maltrataram estão este ano de 2018 nas ruas pedindo o voto dos tolos
porto-velhenses. Porto Velho não tem porto. O
barranco escorregadio já substituiu o moderno porto rampeado doado pela Santo
Antônio Energia. E ninguém toma providências. Deve ser porque é só gente pobre
que usa aquelas instalações. Rodoviária há, mas é suja também. Isso sem falar
no acanhado e feio aeroporto, que de internacional não tem absolutamente nada.
Nós somos a
latrina do Brasil. Uma cidade porca, cheia de lixo e fedorenta. Ninguém de fora
quer investir num lugar onde a sujeira é rotina. Depois de um show ou mesmo um
desfile de carnaval, toneladas de lixo invadem as ruas entupindo os poucos
bueiros que existem. Depois, as infectas águas pluviais fazem o resto do
serviço. Aqui não há praças floridas como em Curitiba, que ficou em primeiro
lugar dentre as capitais. Não há recantos de lazer. Flores, nem nos cemitérios
existem. Nem Natal iluminado tem por aqui como nas cidades de verdade do sul do
país. Mas Porto Velho tem passarela no Espaço Alternativo onde os mais
simplórios se deleitam e fazem “fotinhas”
para postar nas redes sociais. Tem também bandeiras na entrada da cidade em vez
da estátua do Jeca Tatu. Impossível não sentir vergonha quando os nossos parentes
insistem em nos visitar. Pelos recursos que existem, Porto Velho não merecia essa
situação deprimente.
*É
Professor em Porto Velho.
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