Eu te amo,
censura!
Professor
Nazareno*
Muita gente nem percebeu
ainda, mas o Brasil está vivendo tempos bicudos e muito preocupantes em relação
à liberdade de expressão, embora se diga abertamente que estamos em uma
democracia. Com o golpe dado na presidente Dilma Rousseff pelo atual presidente
Michel Temer e sua turma, os covardes ataques à criatividade artística,
científica e intelectual aumentaram perigosamente no país e os arautos da
ignorância e das trevas não perdem a chance de mostrar suas garras. Porém o
artigo quinto da nossa Constituição afirma que é livre a expressão da atividade
intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença. E continua: “são,
portanto, invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação”.
A nossa lei maior, portanto, proíbe
qualquer tipo de censura política, ideológica ou artística. Mas não é isso que estamos
presenciando. O museu do Santander Cultural em Porto Alegre foi fechado e a exposição
Queermuseu foi cancelada após ataques registrados nas redes sociais e no interior
do próprio museu. Em comunicado, a instituição afirmou que "o objetivo do Santander é incentivar as
artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e
não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia". A exposição
entrou em cartaz e logo após foi vetada. Depois
de Porto Alegre, outra obra de arte também foi censurada: a artista Alessandra
Cunha teve uma de suas telas expostas em Campo Grande/MS confiscada pela
Delegacia Especializada de Proteção à Criança sob a acusação de incentivo à
pedofilia. Ora, ninguém é obrigado a visitar uma exposição.
Em Rondônia, por exemplo, caminha a
passos largos a militarização de várias escolas estaduais sob o ridículo pretexto
de melhorar a disciplina nas mesmas. Esse fato, no entanto, esconde o desejo
latente e a mentalidade golpista e ditatorial de implantar nestas mesmas escolas
regras equivalentes às da feroz ditadura que vivemos entre 1964 e 1985. Tivemos
também o recente caso de Ariquemes, quando o Prefeito Thiago Flores proibiu a
distribuição de livros didáticos nas escolas do município. Crime desses livros:
falavam sobre a existência da diversidade de gênero, dos novos tipos de família
e da existência de homossexuais. A censura e o obscurantismo são geralmente
defendidos por religiosos inescrupulosos e por pessoas tapadas, sem leitura de
mundo que se acham os donos da verdade. Triste: a Idade Média quer vigorar de
novo. Estamos regredindo.
Muitos facínoras adoram a proibição.
Lula, que se diz de esquerda, não perde a chance de atacar a mídia para tentar
encobrir suas falcatruas e ladroagens. Em Rondônia muitos internautas gostariam
que eu não produzisse mais meus textos. Sem nenhuma importância literária, o
que escrevo apenas procura mostrar a sofrida realidade a que os políticos nos
submetem há tanto tempo. A blogueira e jornalista Luciana Oliveira de Porto
Velho sofre o “pão que o diabo amassou”
por causa de suas publicações. Nada pode ser censurado em uma sociedade
moderna. Se alguém denegrir a imagem do outro, que pague pelo dano cometido.
Por que me aborrecer se dois homens vivem juntos? Por que me incomodar se o
outro não segue a minha religião? As pessoas não são iguais e a riqueza está na
diferença. Arte é arte. E livros não podem ser queimados, como fizeram os
Nazistas. Mais uma vez o ovo da serpente está chocando entre nós. Estou com
medo.
*É Professor em Porto Velho.
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