Rondônia é o
Sudão do Sul
Professor
Nazareno*
O Sudão do Sul é
mais um dos países miseráveis do continente africano. Novo e desmembrado do
Sudão, o país enfrenta muitas dificuldades. Com uma área territorial três vezes
maior do que o Estado de Rondônia no norte do Brasil, o país africano tem uma
população de quase 12 milhões de pessoas. Porém, as duas unidades territoriais
guardam muitas semelhanças em vários aspectos. No Sudão do Sul é tudo muito
atrasado, brega e bagunçado. Assim como no estado do Brasil. Estamos no século
vinte e um nos dois lugares, mas parece que vivemos ainda na Idade Média. A
violência no novo país da África é uma constante por causa das rivalidades
tribais. Já em Rondônia a violência é por causa das drogas e da enorme concentração
de renda. Nenhum turista do mundo teria coragem para visitar o país africano
assim como o estado rondoniense.
Juba é a capital do Sudão do Sul.
Com uns quinhentos mil habitantes a cidade é uma porcaria e apresenta problemas
em todos os setores. Sem redes de esgotos, sem água tratada, sem transportes
coletivos adequados, sem nenhum planejamento urbano, violenta e sem a menor
possiblidade de um ser humano civilizado sobreviver por pouco tempo, a cidade
se parece com Porto Velho, a capital dos rondonienses. Todos os políticos de
Juba são ladrões, canalhas, interesseiros e mal feitores. Mas quase todos são
adorados pela população e pelos estúpidos eleitores. O prefeito de Juba, um
rico empresário que já abriu mão de seu salário semanal, costuma mandar para a
Câmara de Vereadores da cidade projetos de leis na calada da noite para serem
aprovados sem leitura e discussões pelos escroques, canalhas e ambiciosos
vereadores analfabetos.
Recentemente na
cidade de Ariquemes, interior de Rondônia, houve algo que fez tremer de inveja
os líderes mais radicais daquele inóspito país africano. O prefeito da cidade e
mais sete vereadores simplesmente censuraram livros didáticos que seriam
distribuídos para as crianças da cidade. Os livros diziam apenas que existiam
famílias diferentes da tradicional e traziam também outras informações sobre
ideologia de gênero. As autoridades locais não gostaram do conteúdo e ameaçaram
passar a tesoura nas páginas “amaldiçoadas
e imorais”. Desrespeitando a Constituição, o MPF, o Ministério Público do
Estado e os princípios mais elementares da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, a cidade rondoniense dá um péssimo exemplo para a jovem democracia
brasileira ao estimular abertamente a homofobia e o ódio contra minorias.
Porém as coincidências
de Rondônia com o Sudão do Sul não param por aí. Nada funciona no nosso Estado.
Até uma famosa banda de carnaval da capital é uma excrescência. Atrasada e
produtora de toneladas de lixo urbano por onde passa, a agremiação carnavalesca
foi barrada pela polícia no último desfile. A desorganização é geral. A apresentação
dos blocos carnavalescos, por exemplo, ficou para abril num total desrespeito
ao que dizem ser a cultura local. Juba está destroçada pela guerra civil que
assola aquele país. Porto Velho também está destroçada, só que pela
incompetência de suas autoridades. Obras inacabadas e eleitoreiras são cenas
comuns nos dois lugares. Na capital do Sudão do Sul quase não há políticos. Em
Porto Velho há, mas não servem para nada. Podridão e lixo são comuns aqui e lá.
A mídia é quase toda comprada e a TV local só recentemente passou a exibir ao
vivo seus programas. Rondônia, capital Juba.
*É
Professor em Porto Velho.
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