Carne, povo e
governo podres
Professor
Nazareno*
A recente operação
Carne Fraca da Polícia Federal contra o setor de frigoríficos, produção e
exportação de carnes e derivados mostrou ao mundo a precariedade e a gambiarra
de parte dos empresários brasileiros. Mostrou também o pouco caso, o jeitinho,
a ganância, o improviso, o terceiro-mundismo e o amadorismo que vários
executivos locais ainda teimam em seguir. Muitos desconsideram ou não percebem
que nos países civilizados e desenvolvidos e que importam grande parte dos
nossos produtos agropecuários, essa prática está extinta há muitos anos. Óbvio
que a Polícia Federal dessa vez errou feio ao divulgar de forma pirotécnica a
operação sem prever as consequências internacionais para esse estratégico setor
da nossa economia. E também porque generalizou-se a bandalheira quando menos de 5%
pratica o que foi mostrado.
Muitos países da União Europeia,
Japão, Coreia do Sul dentre alguns outros que importam nossos produtos já suspenderam
temporariamente a compra até melhores esclarecimentos do governo brasileiro.
Guardadas as devidas proporções, essa operação desastrada “cortou as pernas do Brasil”. Foram décadas de trabalho duro para que
se conquistassem esses selecionadíssimos mercados. E tudo pode ser jogado fora
por causa da estupidez e da ambição desmedida de meia dúzia de sujeitos metidos
a empresários. O famoso jeitinho, tão comemorado por aqui, pode levar o nosso
país à bancarrota, ao fracasso, à desgraça e à pobreza. Carne podre, produtos
adulterados, carniça, corrupção, jeitinho e toda sorte de sujeiras jamais serão
aceitos em países civilizados. Pior: muitos desses maus empresários sabem
disso, pois visitam sempre todos esses países.
Levar vantagem em tudo, ter lucro
exorbitante independente de quem o paga e como paga, ascender erradamente ao
mundo dos negócios e da riqueza são práticas comuns para grande parte dos
homens de negócios brasileiros. Aqui, de um modo geral, alguns empresários do
setor de construção civil, por exemplo, constroem edifícios com material de
segunda qualidade sem levar em consideração o fato de que seres humanos,
pessoas mesmo vão morar nestes apartamentos. “O importante é o lucro”, devem pensar. Até no Carnaval a gambiarra
nos carros alegóricos é uma constante e pessoas morrem por falta de segurança.
No futebol, campeonatos Sub-20 quase sempre têm jogadores de 22 ou 23 anos
inscritos. Leve seu carro ao mecânico para trocar uma peça e não se estresse se
pagar por todo o serviço ou por uma peça nova que não foi trocada.
A maioria desse povo iletrado e
subdesenvolvido que vive do jeitinho é podre em sua essência. Sempre foi
governado por políticos igualmente podres. Deve ser por isso que muitos
acreditaram cegamente que o Primeiro Mundo consumiria produtos podres também. O
governo podre do Brasil, liderado por Michel Temer, um golpista também podre,
para “botar panos quentes” no
gravíssimo problema e provar que a nossa carne não é podre, levou embaixadores e
representantes dos países que compram nossos produtos para um churrasco numa
churrascaria de Brasília que só vende carnes importadas. É mole? Desculpa mais
podre do que esta não existe. A situação é tão podre no Brasil que essa
operação da PF está servindo para abafar outra operação igualmente podre: a
Lava Jato. Quase não se fala mais nela. Tem muita gente querendo crucificar a
Polícia Federal por causa do caos criado. Uma nação podre nunca escapará da
podridão.
*É
Professor em Porto Velho.
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